|
---|
Quando começar a falar sobre educação financeira com as crianças? E qual a importância disso? Esse assunto deve ser trabalhado em dois ambientes: em casa e nas escolas. O capitalismo e a febre do consumo levam as crianças a desejarem produtos, incansavelmente. A forte publicidade, sempre criativa e atraente, mexe com o universo dos pequenos, que ainda não possuem maturidade para entender o equilíbrio sobre o que tem, o que quer e o que se pode ter. Nesse contexto, a educação financeira auxilia as crianças a compreenderem que nem tudo que é mostrado, pode ser adquirido. Os pais se sacrificam para satisfazer os caprichos materiais dos filhos, e muitas vezes esquecem de mostrá-los que nenhum bem é conquistado sem esforço. É importante que os pequenos aprendam a esperar pela realização de um desejo de compra, mesmo que seja algo barato. Ao aprenderem, enquanto crianças, a poupar o dinheiro e usá-lo de forma racional, elas não serão educadas apenas no presente. Esse ensino irá semear adultos responsáveis quanto aos seus ganhos.
Dica - O administrador Lucas Leal, que trabalha na área voltada para investimentos, acredita que a compreensão das crianças quanto ao mundo financeiro é muito importante. “Quanto antes os conceitos de educação financeira forem transmitidos para os filhos, melhor será o relacionamento dos mesmos com o dinheiro”, afirma Lucas. Ele também ressalta que o hábito de poupar deve começar cedo e pode ser iniciado com brincadeiras. “É saudável que as crianças mantenham sempre um porquinho e façam um planejamento de como será utilizado aquele recurso”. A mãe Kadyma Huguenin conta que sua filha Pietra, 9 anos, teve o primeiro contato com o mundo financeiro na escola. Tudo começou com atividades nas aulas de matemática, com moedinhas e notinhas de valores baixos, onde as crianças começaram a aprender sobre a questão da compra e venda. “Depois das aulas na escola, o maior contato da minha filha com finanças começou quando ela passou a levar o dinheiro para a merenda, ao invés do lanche pronto de casa. Aos poucos, ela foi aprendendo a similar à relação entre o valor que ela tinha em mãos e o valor do lanche que iria comprar”, conta Kadyma. A mãe conta que o fato da filha pedir muito as coisas, fez com que ela começasse a explicar sobre a diferença do que ela tem e o que ela pode comprar. “Iniciei esse tipo de conversa, a partir do momento que vi a necessidade disso. As crianças não têm limites nos shoppings, pedem tudo. As vezes, dou R$ 20 a ela, e proponho que pesquise preços do que deseja, e assim comece a aprender a administrar o dinheiro que tem”.
Contextos - O psicólogo Fabrício de Souza ressalta que, para ele, os pais devem iniciar a conversa sobre finanças com os filhos quando o interesse partir da própria criança. “Como os pequenos acabam sendo espontâneos, tirá-los do contexto que estão fica artificial. Se eles pedem alguma coisa, os pais podem começar a explicar. Assim começam a permear o universo da criança sobre dinheiro a partir do próprio interesse”, afirma o psicólogo. Ele também lembra que cada um vive em um universo. Por conta disso, não há tempo certo para os pais conversarem sobre o assunto, pois tudo depende de muitos fatores. “Uma criança que pede dinheiro no sinal e uma que vive em uma família de classe média, mesmo com a mesma idade, permeiam universos diferentes. Provavelmente, aquela que pede no sinal tem muito mais compreensão sobre dinheiro do que a outra, pois sua realidade traz isso. Então, devemos partir sempre da realidade de percepção da criança”, diz Fabrício. A responsabilidade dos pais é estimular que as novas gerações tenham uma relação com dinheiro mais saudável do que a anterior. No mundo contemporâneo e capitalista, é preciso transmitir para as crianças o lado positivo e negativo do dinheiro e a melhor forma de se relacionar com ele no cotidiano.