Cada vez mais brasileiros tomam consciência da importância de investir para ter reservas a longo prazo, garantindo a aposentadoria. Fazer um planejamento financeiro que tem como base a Previdência pública agora parece incerto diante da iminente reforma, que vai mudar as regras de concessão dos benefícios. Outras futuras alterações não estão descartadas. Neste sentido, o Tesouro Direto — plataforma de negociação de títulos públicos do governo federal — tem se mostrado a ferramenta mais acessível de investimento para um futuro tranquilo, com baixo aporte e boa rentabilidade. Em abril, a plataforma atingiu um milhão de investidores ativos — crescimento de 61% nos últimos 12 meses. É considerada boa opção para planejar a renda no futuro. Para isto, o mais indicado é título Tesouro IPCA+.
— É uma ótima opção para vários tipos de pessoas. Tem vencimentos longos, são garantidos pelo Tesouro Nacional, liquidez diária (possibilidade de saque a qualquer tempo) e proteção contra a inflação, que é uma grande incerteza do investidor no longo prazo. Hoje, remunera a juros reais de cerca de 4% ao ano, taxa bem interessante, que possibilita bom acúmulo de capital — afirma Nelson de Sousa, professor de Economia & Finanças do Ibmec/RJ.
O segredo para conseguir poupar uma boa quantia é ter disciplina de investimento. A pedido do EXTRA, a corretora Easynvest fez uma simulação de quanto é possível acumular com aportes mensais no Tesouro IPCA+
— A frequência de aplicação e o tempo fazem a diferença. É preciso ter o hábito de investir e, quanto antes começar, melhor. Mais tempo terá para ter a vantagem dos juros compostos — diz Fabio Macedo, diretor comercial da corretora Easynvest.
É claro que quanto mais se aplicar melhor, mas a recomendação dos assessores financeiros é que se reserve, pelo menos, 10% do salário líquido.
— Nunca diga que vai começar a investir quando ganhar mais. O importante é investir. Hoje, pode ser pouco, mas há a vantagem do tempo. No futuro, quando ganhar mais, o investidor já terá o hábito de poupança — diz Alexandre Prado, sócio fundador da RJ Investimentos.
Fábio Macedo, Diretor comercial da corretora Easynvest, lembra que é sempre importante pensar em diversificação ao investir:
— O Tesouro IPCA+ é ideal para a aposentadoria por ter vencimentos longos, mas é importante ter outras aplicações para o curto e o médio prazos. Assim, diante de imprevistos, não será preciso resgatar os recursos destinados à aposentadoria e correr riscos. Além disso, é interessante comprar diferentes vencimentos do Tesouro IPCA+, e quando os títulos vencerem, reaplicá-los. Assim, a pessoa não fica exposta a um risco de mercado específico. Quem conseguir juntar uma boa quantia no Tesouro poderá, depois, pensar em outras aplicações com maiores retornos, e também mais riscos.
Riscos em caso de resgate antecipado
Os títulos públicos Tesouro IPCA + não possuem risco de crédito por serem garantidos pelo próprio Tesouro nacional, mas possuem riscos de mercado se forem resgatados antes do vencimento. Ao comprar um título deste, contrata-se a correção da inflação no período, mais uma taxa de juros pré-fixada. Caso os juros de mercado subam mais que o do título comprado, o valor do título cai. E se for resgatado nesse momento, pode resultar em rendimentos baixos ou mesmo perda de valor. Por outro lado, se os juros caírem, o valor do título no mercado aumenta. E se for resgatado trará rendimentos maiores que o contratado com o título.
Para quem não deseja especular nem com a alta nem com a queda, é preciso esperar o vencimento do título. E assim, independente do que acontecer no mercado pelos próximos 15, 25, 30 anos, está garantida a rentabilidade contratada. No caso do Tesouro IPCA+, trata-se da inflação acumulada no período mais os juros pré-fixados.
— O Tesouro IPCA+ pode ser resgatado a qualquer momento, mas o valor a ser recebido é incerto. Por isso, é importante primeiro o investidor juntar uma reserva de emergência em títulos sem esse risco, que seriam o Tesouro Selic — diz Nelson de Sousa, professor de Economia & Finanças do Ibmec/RJ.
Para o médico Saulo Duque, de 32 anos, os investimentos no Tesouro IPCA+ são mesmo para o longo prazo. Ele tem outras aplicações para necessidades imediatas:
— Eu até acompanho os investimentos, mas tenho em mente que é para o longo prazo. Não quero correr riscos e sei que posso perder se resgatar antes do vencimento.
Mas se for preciso resgatar, é melhor escolher os títulos aplicados há mais tempo. Isto porque, quanto mais recente, maiores são os impostos pagos no resgate.
Há a possibilidade de ter rendimentos durante a aplicação com os títulos que pagam juros semestrais. Neste caso, em todo semestre é paga a incidência de juros no período, e no vencimento só se recebe o valor investido. Isto pode diminuir o risco de se precisar de dinheiro e não ter durante o investimento, mas não acumula para o longo prazo, sendo necessário reinvestir esses juros recebidos todo semestre. Por outro lado, são uma boa opção para quem já acumulou recursos e agora deseja ter renda.
Veja como investir no tesouro direto
O que é preciso?
É necessário ter conta-corrente em banco e conta em uma corretora de valores mobiliários. Procure as que não cobram taxas para investir no Tesouro Direto. Caso contrário, o rendimento será menor.
No site, há uma lista de corretoras e suas taxas. Depois, cadastre-se no Tesouro Direto pela instituição financeira.
Como investir?
É possível investir acessando diretamente o site, entrando como investidor cadastrado. Nesse portal, você informa sua senha, acessa a área restrita e realiza a compra, a venda, a programação de investimentos e a consulta de extrato, dentre outras transações. Mas algumas corretoras têm em seus sites um canal direto de contato e podem negociar os títulos em seu nome.
E depois de comprar?
A compra dos títulos somente será realizada se existir o valor comprado na conta da corretora. Por isso, é preciso transferir os recursos para a sua conta na instituição.
Qual o investimento mínimo?
O valor mínimo a ser aplicado em cada título varia todos os dias, conforme a mudança de seus valores e de suas taxas. É possível acompanhá-los pelo site. Hoje, os valores mínimos variam entre R$ 33 e R$ 52.
Quais são os custos?
Além das taxas de corretagem, é cobrada uma taxa de custódia de 0,25% ao ano pela B3. Ao resgatar os títulos, há também tributação. Paga-se o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), caso o resgate seja feito em menos de 30 dias, variando de 96% a 3% sobre o rendimento, além do Imposto de Renda, em que é aplicado a tabela regressiva: para até 180 dias com o dinheiro investido, a alíquota é de 22,5%; até 360 dias, de 20%; até 720 dias, de 17,5%; e acima de 720 dias, de 15%.
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Redação iBahia
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