Os formandos de Administração da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), em Salvador, que foram vítimas de um golpe no dia da formatura, no mês passado, conseguiram realizar a cerimônia nesta quinta-feira (5). A colação de grau aconteceu graças à generosidade de uma empresa de eventos, que realizou a festa sem cobrar pelo serviço.
A formatura estava prevista para acontecer no dia 16 de setembro, mas foi adiada depois que a empresa responsável pela festa não cumpriu com o contrato. O caso foi parar na polícia.Foram 24 dias de atraso, mas essa lembrança não estragou a noite dos novos administradores. Quem chegava no campus Paralela percebia que a noite era especial. Mulheres desfilavam em saltos finos e lindos vestidos, enquanto os rapazes passeavam de terno. Dentro do auditório, a movimentação era intensa.
A agora administradora Juliana Tolentino, 38 anos, contou que a turma realizou um sonho. "Estamos muito felizes. Não tem palavra que descreva o nosso sentimento agora, porque diante de toda a tormenta que a gente passou, de todo o problema e toda a tristeza que a gente viveu, chegar até aqui é um sonho se concretizando", afirmou ela. "Esperamos por esse momento durante os quatro anos da vida acadêmica, então, presenciar isso tudo me deixa sem palavras. É uma sensação indescritível", completou.
Santa ajuda
A história do golpe aplicado nos 16 estudantes, às vésperas da formatura, comoveu a dona da empresa de eventos Majestik, Luciana Bahia, que resolveu ajudar os formandos. Ela contou que tem um amigo em comum com uma das alunas e, através desse conhecido, procurou as vítimas e organizou a festa. Foram cerca de 10 dias de preparativos.
"Conversei com uma das estudantes, mas percebi que eles não tinham recursos para fazer a formatura. Teria que ser um evento gratuito, ou não aconteceria. Falei com minha equipe, com os fornecedores, e todos toparam participar. Marcamos uma reunião com os estudantes, na empresa, e fizemos os preparativos", comentou ela, que acrescentou que quando viu o que aconteceu, se colocou no lugar dos formandos. "Fiquei muito tocada com a história e decidi ajudar", complementou.
O golpeOs estudantes contaram que, em dezembro de 2016, fecharam contrato com a empresa Realeza Produções e Eventos, para organizar a festa. A cerimônia seria para 16 formandos e 600 convidados, além dos professores. No dia 16 de setembro, uma sexta-feira, estava programado para ocorrer o ensaio da cerimônia de formatura em um hotel, em Patamares. Foi nesse dia que começaram os problemas.
Os formandos contaram que a empresa não pagou os R$ 6,5 mil acordados do aluguel do espaço, e que foram informados disso apenas quando chegaram no hotel. "Ficamos ligando e ela (dona da empresa) só dizia: 'estou indo, estou indo', e nunca chegava", contou a formanda Najane Barreto, 56, na época.
A dona da empresa teria ainda sugerido que o evento fosse realizado na parte de cima de uma churrascaria na Boca do Rio, mas também não deu certo. Os estudantes estimam que tiveram um prejuízo de R$ 40 mil. Para o coordenador do curso de Administração da FTC, e professor da turma, Luciano Castro, a formatura desta quinta foi a realização de um sonho para todos.
"Falei para eles no dia em que a situação aconteceu que ninguém iria destroçar o sonho deles. Tenho uma relação muito próxima com essa turma. Eles foram meus alunos, e criamos um laço de amizade. Hoje estou realizando um sonho também, vendo eles se formarem, porque sei a decepção que eles sofreram e estou acompanhando a alegria deles por esse momento", comentou.
Dos 16 estudantes vítimas do golpe, apenas 13 optaram por participar da coleção de grau desta quinta. A cerimônia começou com a exibição de um vídeo com momentos dos formandos durante os quatro anos da graduação. A música Tempos Modernos, famosa na voz de Lulu Santos, foi escolhida como tema da colação de grau. A canção foi acompanhada pelo coro dos convidados, que aplaudiram de pé os alunos.
O diretor da FTC, Edilson Barbuda, acredita que os estudantes podem tirar uma lição dessa experiência. "Eles tiveram a primeira lição de aprendizagem de vida, mas, na realidade, isso será uma constante na profissão deles. O administrador nasce com a certeza de que a cada dia terá que enfrentar um novo desafio de forma hábil, com humildade e sabendo formar equipes", declarou.
Após o golpe, a turma registrou um boletim de ocorrênciana 16ª Delegacia (Pituba). Na época, a proprietária da empresa, Joseany Batista Santos, foi conduzida até a unidade, ouvida e liberada. A delegada Maria Selma Lima, responsável pelo caso, informou que o inquérito foi finalizado essa semana e encaminhado para a Justiça. A polícia solicitou a prisão preventiva de Joseany.
— Jornal Correio (@correio24horas) 6 de outubro de 2017
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Redação iBahia
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