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‘Nosso cérebro não acompanha o desenvolvimento da tecnologia’

Para Camila Ghattas, até 2029 haverá um computador com o mesmo nível cognitivo de um ser humano; e em 2045, uma máquina apenas terá mais capacidade do que todas pessoas reunidas

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Redação iBahia

19/05/2018 às 21:30 • Atualizada em 31/08/2022 às 18:46 - há XX semanas
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Um futuro melhor é o desejo da maioria das pessoas, mas poucos são aqueles que tomam uma ação concreta para conseguir o objetivo. É exatamente sobre a necessidade de adotar práticas relevantes no presente que a futuróloga e cofundadora da agência de consultoria Diip, Camila Ghattas, falará na conferência “.Futuro | Rio”, que acontece nestas quinta e sexta-feira (17 e 18) no Hotel Prodigy Santos Dumont, próximo ao aeroporto, no Rio. O evento reúne especialistas de diversas áreas para falar sobre a influência da tecnologia na sociedade.

(Foto: Divulgação)

O que é a futurologia?

Quando pensamos em futurologia, é importante considerar a capacidade que temos de construir futuros melhores. Para que isso seja possível, temos que começar a fazer algo já. As pessoas associam o futuro a previsão. Muitos me perguntam: o que você prevê? Na verdade, isso depende da nossa habilidade de construir o agora. A futurologia é uma ciência que tem a habilidade de ensinar as pessoas como devem agir agora para criar o futuro que querem.

Subutilizamos a tecnologia disponível?

A tecnologia se desenvolve em escala muito maior do que o nosso cérebro consegue acompanhar. Quando falamos em “nanobots” (nanorrobôs), a primeira afirmação é que isso nunca vai ser possível. Mas as pessoas pensavam o mesmo sobre o celular. Não é só quem tem dinheiro que tem acesso à tecnologia. Temos que entender a tecnologia de forma mais ampla, como um processo de evolução.

Como as tecnologias podem ajudar, por exemplo, a solucionar a crise do Rio?

É uma questão política, social, econômica. A tecnologia em si não tem a capacidade de salvar ninguém, é o rumo que se dá a ela que pode fazer isso. Há várias empresas que conseguem prever uma situação por meio de algoritmos, como um ataque ou um roubo, e evitá-la. Flexibilidade e adaptação são características que o digital trouxe que se incorporaram ao nosso DNA e à nossa forma de pensar.

Quais os riscos que a tecnologia pode trazer?

Sou positiva. Assim como as pessoas perguntam “e se Hitler tivesse domínio sobre a inteligência artificial”, eu pergunto de volta: e se Gandhi tivesse? Acho que a gente tem que ter cuidado com algumas coisas. A questão da privacidade é muito discutida. Cabe às empresas serem responsáveis pelas informações que coletam, porque são dados muito sensíveis e que não devem ser usados para fins individuais.

Quais os limites éticos do uso dessas tecnologias?

Até 2029 teremos um computador com mesmo nível cognitivo que um cérebro humano. Em 2045, será o momento em que apenas um computador terá mais capacidade que todos os cérebros juntos na Terra. A tecnologia não está contra a gente. Existem muitos limites éticos, e por isso a transparência tem sido cada vez mais um assunto em pauta. É preciso ficar claro o que eu estou dando de informação e o que estou ganhando em troca.

A corrida tecnológica pode acentuar desigualdades?

A disparidade tem diminuído por conta da tecnologia. Hoje, mesmo aquelas pessoas que não sabem ler e escrever estão no WhatsApp, porque lá podem mandar áudio, foto, vídeo. Caminhamos muito mais para um mundo de abundância que de escassez.

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