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O 5G causa câncer? Saiba o que dizem os especialistas

Petição pede suspensão da instalação de equipamentos para a próxima geração da telefonia móvel

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Redação iBahia

05/02/2019 às 22:32 • Atualizada em 28/08/2022 às 3:16 - há XX semanas
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Parem a instalação de novas antenas, o 5G causa câncer! Este é o alerta de um abaixo-assinado promovido pelo grupo Cellular Phone Task Force, fundado em 1996 pelo americano Arthur Firstenberg. Até o fim do mês passado, a petição já havia alcançado mais de 40 mil assinaturas de ao menos 110 países, incluindo associações médicas e ambientais. Firstenberg argumenta que a próxima geração da telefonia móvel irá potencializar a exposição de humanos e do meio ambiente à radiação por radiofrequência, e, de fato, existem estudos científicos que correlacionam a radiofrequência com surgimento de tumores, mas há razão para pânico?
A questão é controversa. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ligada à Organização Mundial da Saúde, classifica desde 2011 os campos eletromagnéticos da radiofrequência como “possivelmente carcinogênicos para humanos”, com base na correlação do uso de telefones celulares com o aumento do risco para o glioma, um tumor agressivo que atinge o cérebro. Tal classificação pode parecer assustadora, mas é a mesma do café, da planta Aloe vera , da gasolina e do talco.
De acordo com a agência americana responsável pela regulação de alimentos e medicamentos (FDA, na sigla em inglês), “os resultados da maioria dos estudos conduzidos até agora indicam que não existe” conexão entre “certos problemas de saúde e a exposição a campos de radiofrequência via uso de telefones celulares”. Contudo, uma pesquisa recente conduzida pelo Programa Nacional de Toxicologia dos EUA, órgão dos Institutos Nacionais da Saúde, concluiu que a exposição a altos níveis de radiação por radiofrequência resultou no desenvolvimento de tumores em ratos.
No experimento, com ratos e camundongos, os níveis de exposição foram de 1,5 a 6 watts por quilograma em camundongos e de 2,5 a 10 watts por quilograma em ratos, ao longo de nove horas diárias. Foram testadas frequências e modulações de redes 2G, 3G, 4G, 4G-LTE e 5G. As conclusões apontaram “clara evidência de tumores no coração em ratos machos; e algumas evidências de tumores no cérebro e na glândula adrenal de ratos machos”. Camundongos e ratos fêmeas não foram afetados, e os cientistas envolvidos destacam que os resultados não podem ser extrapolados para humanos.
— Os níveis e a duração da exposição foram muito maiores do que as pessoas experimentam mesmo com os mais altos padrões de uso do telefone celular, e os roedores foram expostos em todo o corpo. Então, esses achados não podem ser extrapolados diretamente para humanos — afirmou John Bucher, cientistas sênior do Programa Nacional de Toxicologia. — Notamos, entretanto, que os tumores que vimos nesses estudos são similares a tumores reportados anteriormente em alguns estudos com usuários frequentes de celulares.
Outro estudo publicado recentemente, conduzido pelo grupo espanhol ISGlobal, concluiu que não há associações claras entre a exposição laboral a campos de alta frequência de campos eletromagnéticos e o risco de glioma ou meningioma, num experimento que envolveu quase dez mil participantes. Os cientistas buscaram correlações de profissionais que trabalham em locais de alta exposição, como radares, antenas de telecomunicações e até mesmo fornos de micro-ondas, com o surgimento de tumores. Cada participante foi ranqueado, por estimativa de exposição à radiação no trabalho.
— Apesar de nós não termos encontrado uma associação positiva, o fato de termos observado indicação de um aumento do risco no grupo com exposição à radiofrequência mais recente merece mais investigações — afirmou Javier Vila, autor principal do estudo.
Prevenir com bom uso dos celulares
Especialista em telecomunicações e nos efeitos biológicos de radiação não ionizante, o professor Alvaro Augusto Salles, do departamento de Engenharia Elétrica da UFRGS, é taxativo: as evidências indicam efeitos nocivos da radiação por radiofrequência para a saúde humana. Ele explica que as normas que regulam o setor, em relação aos limites de exposição à radiação, foram elaboradas há mais de duas décadas, mas nesse tempo o padrão de uso dos telefones celulares mudou completamente. Segundo estimativas, existem no mundo mais de 7 bilhões de telefones celulares em operação, praticamente um para cada habitante do planeta. Pelo sim ou pelo não, o melhor é prevenir.
— Eu não digo para as pessoas não usarem o celular, mas para usarem bem — afirmou Salles. — A pior situação é quando encostamos o aparelho no nosso corpo, por isso é recomendável que as pessoas façam mais uso dos aplicativos de mensagem, do viva voz e do fone de ouvido, evitando ao máximo colocar o telefone no ouvido.
Até então, a OMS afirma que o uso de celulares não é mais perigoso que tomar café, mas existem indícios de que altos níveis de exposição possam provocar danos à saúde. E esse é o temor em relação ao 5G. Para atender o requisito de baixa latência — o tempo de resposta da rede —, a próxima geração da telefonia móvel irá operar em altas frequências, que possuem menor alcance. Por isso, serão necessárias mais antenas.
“Se os planos da indústria de telecomunicações se concretizarem, nenhuma pessoa, animal, pássaro, inseto ou planta na Terra será capaz de evitar a exposição, 24 horas por dia, 365 dias por ano, a níveis de radiação por radiofrequência que são de dez a milhares de vezes maiores do que existem hoje, sem qualquer possibilidade de escapar”, diz a petição da Cellular Phone Task Force. “Os planos do 5G ameaçam provocar efeitos sérios e irreversíveis nos humanos e danos permanentes a todos os ecossistemas da Terra”.

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