A publicitária Thaiz Albuquerque, de 30 anos, anda às voltas com os cuidados do filho Vicente, de 2 meses, uma mudança de cidade e um enorme desejo de retomar uma atividade corriqueira na rotina de quando estava grávida: os exercícios físicos.
— Quando você está praticando atividades, um círculo vicioso do bem acontece, você começa a se alimentar melhor, a pensar mais na saúde. Falo isso todo dia: “tenho que voltar” — diz ela, que, antes de engravidar, era adepta do crossfit , mas o trocou por musculação e treinos aeróbicos leves nos nove meses.
Thaiz faz parte de um grupo de mulheres que entendeu que malhar na gravidez é uma boa forma de cuidar da saúde dela e do bebê e, de quebra, da autoestima. Com moderação e acompanhamento de profissionais, os benefícios são maiores que os malefícios.
— Exercícios são incentivados, ou uma atividade própria adaptada para esse período, como hidroginástica, pilates e natação para gestantes — aconselha a ginecologista e obstetra Viviane Monteiro. — Quando a mulher já tem o hábito de se movimentar, ela pode continuar mesmo no primeiro trimestre, caso não haja alguma intercorrência que a proíba disso. Se ela não está acostumada, deve esperar o quarto mês, porque existem modificações na pressão e na frequência cardíaca.
Foi exatamente o que aconteceu com Thaiz: por causa de um deslocamento do saco gestacional, ela foi obrigada a deixar a roupa de academia no fundo do armário por três meses. Nos dois seguintes, deixou-se levar pela preguiça. Só no quinto voltou à rotina, dessa vez acompanhada por um personal trainer.
—Fez diferença em todos os sentidos: me sentia mais revigorada e mais bonita, sempre que terminava de malhar — diz Thaiz.
Segundo o professor de Educação Física Philippe Happ, da BHapp Fit, exercícios de baixa a média intensidade (de três a quatro vezes na semana, com 30 a 60 minutos de duração) são os ideais para mulheres que estão acostumadas com treinos; as sedentárias devem se ater a dois ou três vezes na semana, por, no máximo, 30 minutos.
— Estudos mostram que treinos aeróbicos e de força servem para diminuir o aumento excessivo do peso e da pressão arterial — diz Philippe. — O importante, nessa fase, é fortalecer os músculos estabilizadores e o trabalho de respiração.
As atividades na água, como a hidroginástica, são mais do que bem-vindas também.
— Por causa do empuxo, nos sentimos mais leves na piscina. Essa “leveza” pode ajudar, inclusive, a liberar a tensão nas costas que muitas gestantes sentem — indica Philippe.
Não é só o que pode e não pode no quesito exercício físico que deixa as mulheres confusas na gravidez. Cosméticos e tratamentos de beleza também exigem atenção e podem sofrer uma série de restrições para quem está à espera de um bebê. É preciso ficar de olho nos rótulos dos produtos, para evitar que a pele absorva o que não é recomendado. É o caso de determinados ácidos, que devem passar longe das futuras mães.
— O ácido retinoico tópico, usado para tratar manchas, rugas e acne, é contraindicado, assim como a hidroquinona, de efeito clareador — explica a dermatologista Christiane Gonzaga. — Para as mulheres que têm espinhas e <QL>e melasma, podemos prescrever uma substância mais <QL>fraca, que é o ácido azelaico. Peróxido de benzoíla também é liberado para quadros acneicos, muito comuns durante os nove meses.
O aparecimento das estrias nos seios e na barriga, causadas pelo estiramento da pele, sempre é assunto nos consultórios. Hidratar-se desde o início é a palavra-chave, mas a ureia, um potente aliado, deve sumir da rotina por um tempo. O ideal é procurar por outros componentes umectantes, como a manteiga de karité.
— Sozinhos, os óleos funcionam pouco, porque só formam uma película que não deixa a água evaporar. O que vai funcionar mesmo é um bom hidratante, que pode ser aplicado juntamente com o óleo — diz Christiane.
No caso dos cabelos, a polêmica reina: pode ou não pode pintar os fios? A resposta é “muita calma nessa hora”. O grande problema é a presença do chumbo em algumas tinturas de baixa qualidade. Ele é absorvido pelo couro cabeludo e pode causar má formação do feto. A boa notícia é que marcas confiáveis têm abolido esse elemento químico das formulações, o que faz delas mais seguras se aplicadas a partir do quarto mês.
— Procure produtos de boa procedência, com menos substâncias químicas possíveis. Se conseguir cosméticos mais próximos do natural, melhor, mas é importante que eles venham de fabricantes conhecidos no mercado — explica Viviane, que condena, nessa fase, os manipulados — A chance de você não saber exatamente o que há na formulação é grande.
Num momento tão importante da vida, não dá para sair por aí fazendo ou usando o que bem der na telha.
RISCO X BENEFÍCIOS
Avaliação criteriosa
A presença de um bebê no ventre é uma mudança e tanto na vida de qualquer mulher, portanto não adianta pensar que, durante a gravidez, toda e qualquer rotina de atividade física deva ser mantida. Converse com um obstetra para saber as condições da gestação e peça ajuda a um professor de educação física para acompanhá-la nos treinos. “O objetivo do treinamento nesse momento é de manter a saúde. A estética vem em segundo plano”, diz o professor de educação física Philippe Happ.
Cuidado com acidentes
Evite correr ou pedalar na rua. Bicicletas ergométricas são mais apropriadas, e corridas, mesmo nas esteiras, devem ser trocadas por caminhadas rápidas. “Muitas vezes, por causa do volume abdominal, a grávida não consegue olhar a passada e isso pode levá-la a cair”, diz a ginecologista e obstetra Viviane Monteiro, que aconselha também a ficar de olho nos tênis. “Procure um calçado adequado, porque o eixo de gravidade muda quando a barriga aumenta, e aí há mais riscos de queda”.
De olho na frequência cardíaca
Vale investir em aparelhos que meçam o número de batimentos enquanto o corpo estiver em movimento. Se não houver essa possibilidade, fique de olho na respiração durante o treino e esteja sempre ao lado de um professor capacitado. Não esqueça da hidratação. “Tomar água é indispensável e se alimentar antes da atividade também. Malhar em jejum sob hipótese alguma”, alerta Viviane.
Rosto bem cuidado
Dê uma olhada em todos os cosméticos faciais que existem na prateleira. Há algum com ácido retinoico ou hidroquinona? Aposente-os imediatamente e converse com um dermatologista sobre clareadores e produtos antiacne que possam ser usados com segurança. Evite também fórmulas manipuladas, já que o controle de qualidade não é tão rigoroso quanto o de uma grande indústria.
Hidratação em dia
A ureia é um hidratante bom e barato, que existe na fórmula de vários cremes. Fique de olho nela, porque não é totalmente segura para gestantes. Invista em substâncias como a manteiga de karité, com um alto poder umectante e que pode ser usada junto com o óleo de amêndoas. Ambos vão trabalhar em sinergia para afastar o ressecamento e o consequente aparecimento de estrias.
Paciência com a cor
Antigamente, a maioria das tintas de cabelo tinha chumbo na composição, um elemento que é absorvido pelo couro cabeludo, entra na corrente sanguínea da mãe e pode alterar a formação do corpo do feto. Hoje, os grandes nomes da indústria já aboliram a substância, mas ainda vale esperar chegar aos quatro meses de gravidez para se aventurar na cadeira do cabeleireiro, que precisa oferecer opções de produtos de fabricantes conhecidos e renomados, cuja produção é confiável.
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Redação iBahia
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