Há quatro anos, a professora aposentada Mila Araújo, 77, descobriu que tinha um nódulo no seio esquerdo. O diagnóstico confirmou a presença de um câncer e ela fez a cirurgia para retirada de uma parte da mama e o esvaziamento das axilas. A presença de um dreno para a quimioterapia e a retirada do tumor terminaram impactando nos movimentos e na circulação dos braços e ela desenvolveu um linfoedema na região, exigindo que iniciasse sessões de reabilitação.
“Eu tinha muito medo da quimioterapia, pois ouvia relatos terríveis, ainda durante o tratamento, fui orientada a buscar uma atividade física como uma forma de minimizar os efeitos colaterais do tratamento e fui percebendo que esses exercícios, junto com o apoio da família, dos amigos me ajudaram a vencer o medo do tratamento, a passar pela perda do cabelo, dos pelos do corpo sem tanta dor”, conta. Hoje, Mila, que sempre gostou de se exercitar, não dispensa a prática do Pilates, a natação e as caminhadas. “Estou aposentada, mas não abandonei os projetos atuais e os do futuro. Descobri que o movimento é a própria vida”, completa.
Fisioterapeuta Helena Mathias lembra que |
Movimento que cura Para a fisioterapeuta Helena Mathias, do Núcleo do Movimento Pilates & Reabilitação, existe um medo, um tabu em que o paciente oncológico seja submetido à atividade ou à manipulação, esquecendo que as atividades, desde que bem orientadas e feitas com base no tratamento, auxiliam o paciente a superar efeitos do tratamento, tais como a fadiga, a fraqueza muscular, os formigamentos, a má postura adquirida no pós-cirúrgico, especialmente depois da retirada da mama. “Para a prevenção, o ideal seria a prática de uma atividade de 150 minutos semanais, preferencialmente que unisse as partes aeróbica e a resistência”, esclarece a fisioterapeuta, ressaltando a importância que essa atividade física traga prazer para quem a pratica.
Com uma postura parecida, o educador físico e mestre em Fisiologia do exercício voltado para a clínica Marcos Motta reforça a postura de Helena Mathias e lembra que o único remédio para a fadiga, especialmente aquela provocada pela quimioterapia, é o exercício físico. “Aliado a tudo isso, o exercício físico melhora as perspectivas de vida e confere mais autonomia e independência para o paciente em tratamento”, esclarece o educador físico.
Marcos Motta pontua ainda que a atividade física estabelece melhoras gerais no organismo, fato que se mostra extremamente positivo para o sistema imunológico. “A atividade física combate a obesidade que nada mais é que um quadro inflamatório, capaz de repercutir no câncer, ajuda a superar a constirpação e promove uma melhora no aparelho digestivo do paciente”, descreve. Segundo o profissional, ainda não é comum a presença de educadores físicos em clínicas e hospitais, mas aos poucos, essa cultura vem mudando com ganhos significativos para os pacientes.
AdequaçãoA oncologista Renata Cangussu, especialista em tumores femininos, lembra que a atividade física aliada a uma boa alimentação é capaz de prevenir um terço dos casos de câncer. “Naquelas pessoas com diagnóstico, o fato de se manter ativa reduz os efeitos danosos do processo terapêutico”, ratifica, destacando que a prática auxilia a evitar o retorno da doença. “Ao contrário do que se imagina, a paciente em tratamento pode ganhar muito peso em função das alterações hormonais e o exercício impede que isso se torne um agravante para a condição clínica”, diz a médica.
Ela destaca que as contraindicações são poucas e que levam em consideração o quadro clínico geral do paciente que, mesmo não podendo fazer atividades de alto impacto ou pegar peso, por exemplo, pode encontrar alternativas adequadas para o seu caso. Completando a recomendação, o educador Marcos Motta lembra que as atividades precisarão sempre ser orientadas por profissionais capacitados, que entendendam a doença e saibam adequar a fisiologia do movimento à necessidade daquela pessoa.
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Redação iBahia
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