Levantamento do site de busca online Google, divulgado no início do ano, revela que o Brasil é o país onde houve maior crescimento de pesquisa sobre saúde no buscador em todo o mundo.
E o índice de brasileiros que recorrem primeiro ao “Dr. Google” quando se deparam com algum problema de saúde chegou a 26%, e já se aproxima do percentual (35%) de pessoas que primeiro procuram um médico.
E aumenta também, de forma significativa, o volume de informações, que diariamente, circulam pelas redes sociais. Mas junto com o conteúdo sério e verdadeiro, circulam as falsas mensagens, as famosas fake News, que dificultam ao usuário identificar o que é falso e verdadeiro.
A situação chegou a tal ponto que, de acordo com o Ministério de Saúde, em 2018, doenças como febre amarela, gripe e sarampo tiveram suas campanhas de vacinação afetadas pelas falsas notícias.
De acordo com Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) o usuário precisa ter cautela e observar alguns cuidados na análise das informações:
• Buscar sites confiáveis e oficiais, com base de fontes em evidências científicas;
• Não acreditar em sites ou postagens que prometam curas e dietas milagrosas;
• O médico deve estar identificado com o nome, a inscrição no CRM e o número do Registro de Qualificação de Especialista (RQE)
Conteúdo e exposição nas redes sociais
As pessoas atribuem muita importância ao que é transmitido pelos médicos, por isso a preocupação é crescente quanto aos conteúdos divulgados, para que não gerem mal-entendidos e comprometa a imagem profissional.
O diretor de Defesa Profissional da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Cesar Amorim, afirma que o marketing digital não pode ser ignorado na área médica, já que é uma realidade cada vez mais crescente, mas o cuidado tem que ser na forma como é feito.
“O médico tem que ter a consciência que ele é um formador de opinião e, portanto, tem que estar atento e identificar os limites da sua exposição e do seu marketing. E com relação às redes sociais, é conveniente que ele separe seu perfil profissional do pessoal, e sempre dentro dos princípios éticos da profissão”, orienta Dr. Cesar Amorim.
Ronald Fidelis, cirurgião vascular e endovascular, segue bem essa orientação. Assim como muitas pessoas, ele também gosta de utilizar as redes sociais e atualmente administra três perfis diferentes no Instagram, cada um com um objetivo. “As mídias sociais são instrumentos que, além de extremamente úteis para o profissional liberal, também podem prestar um grande serviço. Mas é preciso ter cuidados básicos”.
Ele indica as orientações básicas e éticas que ele administra nos seus perfis, e que devem ser seguidas por todos os médicos e profissionais de saúde:
• Não expor fotos inadequadas (principalmente de crianças e idosos);
• Não compartilhar endereços específicos (como os residenciais);
• Não permitir identificação de terceiros (em especial de pacientes);
• Não compartilhar notícias falsas ou de fonte duvidosa;
• Na medida do possível, evitar assuntos delicados e que gerem opiniões polarizadas.
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Mostrar o “antes” e o “depois” é fora de questão
O presidente da ABM, Robson Freitas de Moura, reitera que os limites da exposição e do conteúdo divulgado são uma constante preocupação, que deve ser seriamente respeitada pelos médicos. “Tem que se ter muito cuidado com informação, propaganda e qualquer divulgação que não respeita o código de ética, como por exemplo, o ‘antes’ e o ‘depois’ que geralmente circula na internet e nas redes sociais, divulgados para mostrar procedimentos estéticos. Isso é terminantemente proibido, assim como usar fotografia de pacientes e divulgar informações que só devem ser autorizadas por ele”.
Atenção ao Código de Ética
O corregedor do Cremeb, conselheiro José Abelardo Garcia de Meneses, aconselha que o mais sensato para os médicos, antes de divulgar qualquer comunicação pública sobre saúde, é consultar a Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame), que tem como função analisar as questões pertinentes à exposição medica, inclusive nas mídias.
“Ocorre que, no mundo virtual, a velocidade de comunicação nem sempre permite esta abordagem, mas é necessário que o médico fique atento ante a possibilidade de cometer algum deslize ético passível de representação perante o Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição. Assim, a leitura do Código de Ética Médica e consulta ao portal do Cremeb, e do Conselho Federal de Medicina (CFM) são ferramentas indispensáveis nestes momentos”.
As normas éticas para os médicos estão previstas na Resolução no 1.974/11 do CFM, mas, devido às crescentes formas de comunicação de massa, surgiu uma nova Resolução (no 2.126/2015) para complementar os limites disciplinares.
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Redação iBahia
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