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SAÚDE

Médicos destacam cuidado que idosos devem ter antes de se vacinar

Protocolo de imunização contra a febre amarela mudou: agora a dose é única

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Redação iBahia

06/04/2017 às 22:31 • Atualizada em 31/08/2022 às 22:45 - há XX semanas
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Numa tentativa de imunizar um número maior de pessoas, o Ministério da Saúde anunciou, na última quarta-feira, que a vacina contra a febre amarela passará a ser dada em dose única. Antes, a imunização era feita em duas aplicações, com intervalo de dez anos, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) defende desde 2013 que apenas uma dose já é suficiente para garantir imunidade por toda a vida. Até agora, o Brasil era o único país no mundo a exigir duas aplicações. O país tem 586 casos confirmados de febre amarela em humanos, entre janeiro e abril deste ano. Em 2016, foram apenas 40, o que representa um crescimento de 1.465%. Até agora, 190 pessoas morreram devido à doença.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, considerou a mudança “oportuna e inteligente”. E garante que os estudos científicos que existem hoje sobre a vacina mostram boa resposta do organismo a longo prazo.

"Não faz sentido dar duas doses para uma pessoa e deixar outra sem nenhuma", destaca ele. "Agora, com a vacinação sendo feita em cidades com grandes populações, como Rio e Campinas, a demanda é muito maior."

UMA COMPLICAÇÃO A CADA 300 MIL

Com isso, cresce também a preocupação em relação aos idosos, que só podem tomar a vacina com atestado médico, sob risco de desenvolverem complicações. Os efeitos adversos são raros — um caso a cada aproximadamente 300 mil doses —, mas podem ocorrer se a pessoa que recebe a vacina está com a imunidade enfraquecida. Por isso, é importante consultar um médico antes de ir ao posto. A possível contraindicação não se deve especificamente à idade avançada, mas ao estado de saúde que comumente se associa a ela. Isso porque é na velhice que ocorre grande parte dos problemas que abalam a resposta imunológica do organismo — diabetes, doenças cardiovasculares e sedentarismo, por exemplo.

"Uma pessoa de 80 anos saudável e ativa provavelmente não terá problemas ao tomar a vacina da febre amarela. Outra que seja até mais nova, com 65 anos, mas com doença coronariana, diabetes e várias complicações, terá mais risco. E nesse caso seria menos aconselhável tomar", exemplifica ele.

Esta semana, um aposentado de 69 anos morreu em Silva Jardim, 11 dias após receber a dose da vacina. Ainda não foi confirmado se ele morreu por causa da aplicação, mas a reação febril intensa que o idoso teve, segundo relataram seus parentes, corresponde aos efeitos adversos graves que a imunização pode causar em casos raros. E o período de adoecimento também: quando acontecem, as reações chegam de cinco a dez dias depois da vacina. A família do aposentado afirmou que não foi pedido atestado médico no posto de saúde onde ele recebeu a dose — o Ministério da Saúde ressalta que, somente após “avaliação cuidadosa de risco e benefício”, o imunizante deve ser aplicado em pessoas com mais de 60 anos.

Segundo Jacy Andrade, do Comitê de Imunizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o estado de saúde do idoso pode ser avaliado a partir de um exame clínico cuidadoso. Se o médico suspeitar de algum problema maior, pode pedir um exame de sangue.

"É comum que idosos apresentem condições que caracterizem imunossupressão ou debilitação, e às vezes nem sabem quem têm problema. Por isso é fundamental que elas passem por uma uma consulta médica", diz ela. "Às vezes, a gente passa a ideia errada de que existe uma contraindicação para idosos tomarem a vacina da febre amarela. Isso não existe, mas, sim, é necessário ter cautela."

VACINA DA GRIPE: VÍRUS INATIVO

Não é de hoje que uma vacina suscita receio nos idosos. A imunização contra a gripe, por exemplo, é até hoje negligenciada por muitos, que temem desenvolver complicações a partir dela. Esse medo não se justifica: a vacina é feita com o vírus inativo, e não vivo atenuado, como é a da febre amarela. Por isso, não existe risco de provocar doenças.

A tijucana Maria Edvirgns de Souza, de 69 anos, sabe bem disso, porque toma essa vacina todos os anos. Em 2016 ela não foi ao posto receber a dose. E sentiu logo o resultado.

"Fiquei muito mais gripada do que nos outros anos, então este ano eu vou tomar, já decidi", conta ela, que está imunizada contra a febre amarela desde 2009 e recebeu ontem as vacinas contra a hepatite B e antitetânica, as duas que faltavam para ela colocar a caderneta de vacinação em dia.

Entre as vacinas disponíveis para idosos na rede pública, apenas a da febre amarela é produzida com o vírus vivo. As da gripe, a dupla bacteriana — que protege contra tétano e difteria — e a pneumocócica — contra doenças como pneumonia, meningite e otite — têm seus componentes inativados.

Contra a febre amarela, o Ministério da Saúde anunciou também que estuda um fracionamento da dose. A vacina padrão tem 0,5 ml; e a fracionada, 0,1 ml, protegendo por cerca de um ano. A possibilidade é cogitada para conter o surto de forma mais imediata.

Na quarta-feira, a OMS incluiu 88 municípios brasileiros na zona com recomendação de vacina para viajantes internacionais que se deslocam para esses lugares, abarcando as cidades do Rio e de Niterói.

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