Parar o tempo é impossível, mas envelhecer nem sempre significa sofrer as consequências comuns da idade avançada. A medicina divide o desgaste natural do corpo em senilidade, em que não há prevenção às doenças comuns, e senescência, que é o envelhecimento saudável. São os hábitos de uma vida inteira que direcionam cada um de nós a um ou outro.
— Saúde não é ausência de doença. Doenças crônicas são esperadas na terceira idade, porém é a forma como se lida com elas que define se o idoso vive uma senescência ou senilidade. A preferência, certamente, é que ele viva uma senescência, em que se convive com essas complicações de modo saudável — explica o geriatra Carlos Uehara, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Para envelhecer na senescência, Uehara recomenda que o acompanhamento médico com maior frequência comece a partir dos 40 anos — desde que não se tenham riscos relacionados ao tabagismo, obesidade e sedentarismo. De acordo com o especialista, é nessa idade que as capacidades funcionais dos órgãos internos diminuem.
Segundo o Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros, sete em cada dez idosos sofrem de ao menos uma doença crônica. A mais comum é a hipertensão, seguida por dores na coluna, artrite, depressão e diabetes. É visando a qualidade de vida que o médico reitera a importância do controle:
— Se antes a maior parte das doenças que acometiam a população brasileira eram as agudas e infecciosas, como pneumonia e catapora, hoje prevalecem mais as crônicas não transmissíveis. Como elas não são curáveis, nosso enfoque é no controle que dê ao paciente a possibilidade de ter uma vida normal.
Os meios para evitar esses problemas crônicos acabam sendo os mesmos: ter uma dieta balanceada e praticar exercícios. Estes, inclusive, podem ser mais simples do que se imagina segundo Uehara:
— Exercício físico não é necessariamente ir para a academia e fazer musculação. Quando falamos de atividades físicas, nos referimos a movimentar o corpo. Ou seja, preferir escadas ao invés de elevador ou escadas rolantes, soltar um ponto antes no ônibus para estender a caminhada, por exemplo.
Existem, no entanto, pequenas diferenças na prevenção de uma e outra doença que farão toda diferença a longo prazo. No caso da hipertensão, é importante tomar cuidado com o excesso de consumo de sódio e, principalmente, o sedentarismo. O mesmo vale para a diabetes, embora neste caso a atenção com a comida se volte para a ingestão excessiva de carboidratos.
Deve-se evitar ainda comidas industrializadas, preferindo alimentos frescos. Substituir carne vermelha, com alta concentração de gordura, por peixe, frango ou porco diminui, também, o risco de infarto, a principal causa de mortalidade e incapacidade na velhice junto com o derrame.
Em se tratando de depressão, a abordagem para a prevenção está mais relacionada com a interação social do idoso que, por conta das dores características do envelhecimento, tende a se isolar no meio em que vive.
— As doenças comuns entre os idosos muitas vezes os obrigam a reduzir a atividade social. Isso, no entanto, deve ser combatido. Manter-se em movimento tanto fisicamente quanto socialmente é importante. Isso pode ser feito por meio de programas de lazer que podem ser, inclusive, relacionados aos exercícios — aconselha o médico.
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Redação iBahia
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