Com a chegada do inverno, chegam também algumas doenças típicas dessa temporada marcada por temperaturas mais frias, clima seco e baixa umidade. É a época em que tiramos do armário aquelas roupas da estação, guardadas há meses, e ficamos em ambientes mais fechados e com ventilação reduzida.
Tudo isso facilita a transmissão de vírus, bacilos e fungos, causadores de doenças respiratórias, inflamatórias e alérgicas que se agravam nessa época do ano, diminuindo a imunidade do organismo e aumentando o risco para doenças mais graves.
A gripe, por exemplo, sem o devido cuidado e tratamento adequado, pode desencadear problemas no coração (pericardite e miocardite), no sistema nervoso (convulsões e meningites) e descompensar doenças crônicas como asma, doenças cardiovasculares, diabetes e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a quarta maior causa de morte no mundo.
“Algumas pessoas têm histórico, tanto de doenças alérgicas como de infecciosas, e isso requer muito cuidado, uma vez que a alergia favorece a infecção e vice-versa, criando um ciclo que aumenta o risco de complicações”, explica o pneumologista e professor acadêmico Guilhardo Fontes Ribeiro, coordenador do ambulatório de DPOC do Hospital Santa Izabel, e diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM).
Alergias respiratórias, como a rinite e a asma, também costumam se agravar nessa época, assim como as dermatites, cujos sintomas podem surgir logo após os três meses de vida e perdurar por anos. “É essencial o acompanhamento dermatológico no aparecimento de dermatites para que sejam recomendados os produtos e tratamentos adequados”, alerta a dermatologista Tais Valverde, presidente regional da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD/BA).
As doenças alérgicas e infecciosas que mais se agravam nesse período:
Dermatite atópica - Também conhecida como eczema atópico, doença inflamatória crônica, muito comum em crianças, e que pode ser acompanhada de rinite alérgica e asma. É caracterizada pelo aparecimento de lesões avermelhadas e descamativas em áreas de dobras, e coçam bastante.
Dermatite seborreica - Doença inflamatória, caracterizada por lesões avermelhadas e descamativas, geralmente assintomáticas, localizadas em áreas seborreicas da face e couro cabeludo, e por isso muito confundida com caspa.
Rinite alérgica - Atinge aproximadamente 30% da população e os sintomas são coriza, espirro e obstrução nasal. Mudanças bruscas de temperatura, umidade e mofo são fatores que desencadeiam e agravam a doença.
Asma - Aproximadamente 20 milhões de brasileiros tem a doença, e quase 90% dos asmáticos tem rinite alérgica associada. Os sintomas são dificuldade para respirar, aperto no peito, acompanhada de chiado, e tosse. Os fatores desencadeantes e agravantes são similares aos da rinite.
Bronquite aguda - Inflamação dos brônquios causados por vírus ou bactérias que causam tosse com eliminação de catarro branco, verde ou amarelado, além de desconforto torácico ao tossir, e febre na maioria dos casos.
Resfriados - Sem grandes repercussões clínicas, os sintomas são coriza e desconforto na garganta, causados habitualmente pelo rhynovirus.
Infuenza (gripe) - Pode ser causa de descompensação de doenças crônicas, especialmente nos idosos. Nas crianças, pode vir acompanhada de sinusite, otite média, bronquite e convulsões. Habitualmente associada à pneumonia, essa gripe tem grande impacto econômico e social.
Pneumonia - Infecção aguda do pulmão causada por vírus, bactérias ou fungos, geralmente depois de uma gripe ou bronquite. Dentre os sintomas estão febre, calafrios, dor torácica, que pode piorar com a respiração e falta de ar. Nos idosos e crianças, a apresentação clínica pode ser atípica, sem febre, com desorientação mental, quedas, dor abdominal, dentre outras ocorrências.
Amigdalites - Inflamação das amígdalas (órgão de defesa) cujos sintomas são dor na garganta ao engolir, febre, mau hálito e aumento dos gânglios no pescoço, que podem ser causados por vírus ou bactérias.
Otite - Dor de ouvido, habitualmente ocasionado por vírus e bactérias, que inflamam a garganta ou seios paranasais, e que podem se expandir para o ouvido.
Como se prevenir
A vacinação é fundamental na prevenção das formas graves de gripe e pneumonia, especialmente nas populações consideradas de risco, como crianças, idosos, gestantes, profissionais da área de saúde, cuidadores e portadores de doenças crônicas. “Toda a população deveria ser vacinada para evitar a disseminação da doença”, alerta o pneumologista.
Ao surgir os sintomas é importante procurar um posto de saúde e evitar a automedicação. Em casos de virose, a maioria pode ser evitada com vacinação oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Além da vacinação, os especialistas destacam outras medidas e cuidados essenciais de prevenção:
• Quem já tem a patologia, como os asmáticos, precisam usar a medicação adequada, de forma correta e sem interrupção;
• Crianças gripadas não devem ter contato com idosos enquanto estiverem doentes. As crianças são os maiores disseminadores do vírus da gripe;
• Hidratar bem o organismo - mesmo com temperaturas mais amenas o consumo de água é essencial;
• Hidratar também a pele e evitar banho muito quente, que favorece o ressecamento da pele, que já fica naturalmente mais seca nessa época, favorecendo o risco de alergias;
• Manter uma alimentação balanceada, principalmente com as crianças e os idosos, que têm o sistema imunológico mais frágil;
• Não deixar de lavar as mãos constantemente e evitar compartilhar objetos de uso pessoal;
• Cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir;
• Evitar o tabagismo;
• Usar o umidificador de ar quanto o tempo estiver muito seco;
• Higienizar os brinquedos das crianças frequentemente;
• Roupas e cobertores guardados por muito tempo devem ser imediatamente lavados ou colocados ao sol por algumas horas antes de serem usados;
• Sempre que possível manter a casa arejada e ventilada, e cuidar para evitar infiltrações e mofo, principalmente nos quartos;
• Usar capa antiácaro no colchão e travesseiros, e trocar lençóis, cobertores e fronhas semanalmente.
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Redação iBahia
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