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SAÚDE

Teste do coraçãozinho: Exame deve ser incorporado aos preventivos

Teste pode se tornar obrigatório nas unidades de saúde públicas baianas assim que o Projeto de Lei nº 19.926/2012 for aprovado e sancionado

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05/05/2013 às 16:20 • Atualizada em 28/08/2022 às 8:07 - há XX semanas
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Um exame simples, que não precisa furar a criança, realizado com um aparelho chamado oxímetro, que mede a oxigenação do sangue, na mão direita e em um dos pés do recém-nascido pode ser a diferença entre a vida e a morte de bebês recém-nascidos.
O chamado teste do coraçãozinho pode se tornar obrigatório nas unidades de saúde públicas baianas assim que o Projeto de Lei nº 19.926/2012, de autoria do deputado Targino Machado (PSC), que tramita na Assembleia Legislativa, for aprovado e sancionado.
Segundo o pediatra e cardiolgista Jorge Afiune, que esteve em Salvador participando do VII Congresso Baiano de Pediatria e do III Congresso Baiano de Pediatria de Consultório, a cada mil bebês, três apresentam graves problemas no coração, e 30% deles recebem alta dos berçários sem fazer o diagnóstico. “A ausência desse exame faz com que esses bebês tenham um risco maior de complicações e até mesmo de morte, pois estas doenças são gravíssimas e, por vezes, passam despercebidas durante a gestação e nos primeiros dias de vida”, explica.
Sem dor
Para Afiune, o teste deve ser realizado nos primeiros dias de vida do recém-nascido, de preferência na mesma ocasião dos demais testes de triagem neonatal, como os testes do pezinho, olhinho e orelhinha.
Com uma opinião parecida, a coordenadora do Setor Cardiologia Pediátrica do Hospital de Referência Ana Nery, Patrícia Guedes, diz que a adoção dessa prática é perfeitamente possível e necessária. “O exame é rápido, simples e barato e permite triar casos que mereçam cuidados especiais e rápidos, dentro de uma população considerada normal”, pontua.
Para fazer o teste do coraçãozinho, encosta-se o sensor de um aparelho chamado oxímetro, que mede a oxigenação do sangue, na mão direita e em um dos pés do recém-nascido. Se o aparelho registrar nível de oxigenação maior ou igual a 95% nas duas extremidades e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e do membro inferior, o resultado é considerado normal.
Se a aferição registrar uma oxigenação menor que 95% ou houver diferença maior ou igual a 3% entre as extremidades, o teste é repetido após uma hora. Caso os índices se mantenham, a criança deverá ser submetida a uma ecocardiografia dentro de 24 horas e passará a receber acompanhamento cardiológico.
O teste do coraçãozinho é obrigatório em alguns estados brasileiros, como o Paraná. O Mato Grosso do Sul foi o pioneiro, mas há projetos também no Rio Grande do Sul e Pará, onde o exame ainda não é realizado regularmente.
Doenças de adultos
Mas nem só as doenças congênitas preocupam os pediatras e cardiologistas. Nos últimos anos, a prevalência de doenças consideradas problemas de adultos em faixas etárias cada vez mais jovens também vem alertando os médicos para a necessidade de medidas preventivas mais contundentes junto aos pais.
Para Jorge Afiune, o aparecimento de problemas como a Síndrome Metabólica, hipertensão, obesidade, diabetes do tipo 2 em crianças e adolescentes tem um peso absurdo porque impacta diretamente na qualidade de vida dessa criança e do futuro adulto.
“A maioria dessas doenças em crianças e adolescentes está intimamente ligada ao estilo de vida daquela família, por isso mesmo, o cuidado não deve estar voltado apenas para os menores, mas para toda sociedade”, completa.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que mais de 42 milhões de crianças com menos de 5 anos estejam acima do peso ou sofram de obesidade no mundo.
No Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia (Cedeba), cerca de mil pacientes em tratamento têm idade inferior aos 18 anos.
Amamentação
Jorge Afiune destaca que quando o assunto é prevenção das doenças do coração em crianças, a amamentação assume um papel fundamental.
“Estudos diversos comprovam que a criança que é amamentada, pelo menos até os seis meses, tem um risco menor de obesidade”, esclarece o médico, ressaltando a importância de política pública mais eficiente de sensibilização das mães e dos ambientes de trabalho.
“Muitas mães param de amamentar porque precisam retornar ao trabalho, mas a manutenção desse processo é uma questão de saúde pública”, pontua. A endocrinologista Cristianne Ferrari ratifica a postura de que o exemplo deve começar com os próprios pais. Ela diz que filhos cujos pais são obesos têm 80% de chance de também se tornarem obesos.
“Quando o assunto é criar bons hábitos, não adianta dizer a criança que faça e não dar o exemplo”, diz, lembrando que quanto mais tempo uma criança permanece obesa maiores serão as dificuldades de encontrar o peso ideal. Matéria original: Correio 24h Teste do coraçãozinho: Exame deve ser incorporado aos preventivos neonatais

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