Os avós paternos da filha de Sara Mariano não levaram a menina para a delegacia onde ela seria ouvida nesta sexta-feira (17), em Salvador. Com isso, o depoimento deve ser remarcado.
De acordo com a defesa da família da cantora gospel, há a possibilidade da Justiça determinar uma condução coercitiva, caso os pais de Ederlan Mariano não compareçam à polícia com a garota, que tem 11 anos.
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"Na verdade, a nossa maior preocupação hoje, além da questão das leis, seria o bem-estar da menor. Para a gente é muito preocupante que a criança tenha que chegar aqui para dar informações na delegacia através de uma condução coercitiva. Essa criança já está traumatizada, já é vítima de um crime", disse a advogada Sarah Barros.
Também é esperado que a menina faça contato com a família da mãe, que ganhou o direito na Justiça. A mãe de Sara, Dolores Freitas, marcou presença na unidade policial nesta sexta para reencontrar a neta, mas não conseguiu.
A família da cantora gospel não fala com a garota desde que Sara desapareceu, no mês passado. Nesse meio tempo, a menina teria mandado uma carta, onde alegava que queria ficar com a família do pai.
Nesta sexta-feira, saiu o laudo de uma perícia particular alegando que o documento teria sofrido intervenções de outras duas pessoas, além da filha de Sara Mariano.
"Na perícia traz de forma clara que a carta foi parcialmente escrita pela menor, mas outras duas pessoas participaram do complemento da carta", contou o advogado Marcus Rodrigues, que também defende a família de Sara.
Envolvidos e depoimentos
O homem apontado como uma das pessoas que recebeu dinheiro pela morte da cantora procurou a polícia nesta sexta-feira, um dia após aparecer no relato dos envolvidos no crime.
Segundo a acareação feita com os homens, Davi Oliveira sabia do plano contra a vítima e teria ganhado R$ 200 de "cortesia". No entanto, ele nega relação com o crime.
O homem foi ouvido como testemunha na Delegacia de Dias d'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), onde o caso é investigado, e foi liberado em seguida.
Também nesta sexta, o bispo e o motorista envolvidos na morte da cantora Sara Mariano foram transferidos para o Centro de Observação Penal (COP), no Complexo Penitenciário da Mata Escura, na capital baiana.
O local é o mesmo para onde o marido da vítima, Ederlan Mariano, foi levado no dia 1º de novembro, depois de também ser preso. Ele é apontado como mandante do crime e teria pago R$ 2 mil aos envolvidos.
Além de Weslen Pablo Correia de Jesus, que é conhecido como Bispo Zadoque, e o motorista Gideão Duarte, Victor Gabriel de Oliveira também teria participado da ação, mas foi liberado após confessar em depoimento, porque não havia mandado de prisão contra ele.
O grupo alegou que Davi sabia do plano de matar Sara Mariano, mas não participou de nenhuma fase do crime. O homem recebeu os R$ 200 de Zadoque, que foi responsável pela divisão do dinheiro. De acordo com os suspeitos, os outros R$ 1.800 foram divididos entre eles da seguinte forma:
- R$ 900: valor recebido por Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como Bispo Zadoque, executor da vítima e responsável pela ocultação do cadáver.
- R$ 500: valor recebido por Victor Gabriel de Oliveira, que segurou Sara para que Weslen Pablo, o Bispo Zadoque, a matasse. Também participou da ocultação do cadáver.
- R$ 400: valor recebido por Gideão Duarte pelo transporte de Sara para encontro dos executores, e dos mesmos para a casa de Ederlan após o crime. Ele ainda retornaria ao local com os executores para a queima do corpo de Sara.
Relato do crime
Os envolvidos no assassinato detalharam também as ações de cada um durante o crime. Os relatos condizem com o que já tinha sido afirmado por Victor em depoimento dado à polícia antes da acareação. Ele foi liberado após ser ouvido. Os outros dois suspeitos e o marido de Sara seguem presos.
Weslen Pablo Correia de Jesus, o Bispo Zadoque - executor do crime
- Ao lado de Victor Gabriel de Oliveira e Gideão Duarte, participou do planejamento, da execução e da ocultação do cadáver de Sara Mariano.
- Disse ter usado gasolina para incendiar o corpo da cantora.
- Detalhou a divisão do dinheiro entregue por Ederlan para o crime.
- Disse que Ederlan prometeu novos pagamentos quando o dinheiro que Sara teria guardado em casa fosse localizado. Os valores estariam entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.
Victor Gabriel de Oliveira - ajudou na execução
- Pediu desculpas por ter mentido no primeiro depoimento e admitiu participação no crime.
- Disse que o crime foi planejado em setembro, um mês antes da execução.
- Afirmou que Gideão simulou uma pane no veículo para entregar Sara aos executores.
- Segurou Sara para que Weslen (Bispo Zadoque) a esfaqueasse.
- Afirmou que após o crime seguiu com os demais suspeitos para a casa de Ederlan, onde entregaram o celular de Sara para o mandante.
- Disse que acompanhou Weslen, e levados por Gideão, retornaram ao local do crime no dia seguinte para ocultar o cadáver, após Ederlan mostrar preocupação com a repercussão do desaparecimento da cantora gospel.
Gideão Duarte - motorista que conduziu Sara e os executores para o crime
- Disse ter tomado conhecimento do plano apenas no dia do crime.
- Foi chamado por Weslen, o Bispo Zadoque, e recebeu R$ 400.
- Deixou Victor e Weslen no local combinado e em seguida fez o mesmo com Sara.
- Para parar no local com a cantora gospel, simulou que o carro passava por um pane.
- Disse ter ficado no carro enquanto Weslen e Victor mataram Sara.
- Levou os executores de volta para a cada de Ederlan, onde eles entregaram o celular da vítima.
- Em seguida, levou os dois para Rodoviária e pegaram o cantor Davi Oliveira.
- O destino do grupo era Camaçari, mas no trajeto, Weslen pediu para voltar ao local do crime.
- Após o desvio, o trio foi deixado no condomínio Algarobas, em Camaçari, e seguiu para casa, onde foi devolver o carro que dirigia, e que era emprestado.
- Afirmou ainda que no dia seguinte ao crime, pela noite, retornou com Weslen e Victor ao local para retirar o corpo, ou caso não fosse possível, atear fogo, o que foi feito.
Relembre o caso
A cantora gospel Sara Mariano desapareceu no dia 24 de outubro. Na época, Ederlan Mariano, esposo da vítima, registrou um boletim de ocorrência, afirmando para a polícia que ela havia deixado a casa da família para participar de eventos religiosos.
Ederlan chegou a pedir, nas redes sociais, ajuda para reencontrar a esposa. Também publicou uma foto ao lado da filha do casal, uma adolescente de 13 anos.
Três dias após o desaparecimento, o corpo de Sara Mariano foi encontrado parcialmente queimado em uma área de mata nas imediações da BA-093, próximo à cidade de Dias D’Ávila (RMS). Ederlan foi o responsável pelo reconhecimento do corpo.
A polícia confrontou a versão de eventos religiosos dada pelo marido com a de um líder religioso ligado a Sara. Com o decorrer das investigações, informações deram conta da fragilidade no casamento. Em um áudio, a cantora chegou a declarar que pensava em se separar do marido por conta de seus comportamentos.
De acordo com a Polícia Civil, Ederlan confessou o crime. O advogado do suspeito nega.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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