Um baiano da cidade de Feira de Santana, interior do estado, ajudou a interromper um ataque, que deixou adulto e crianças feridas, na cidade de Dublin, na Irlanda. Eder Santos contou que tudo começou quando percebeu um movimento diferente na calçada de uma escola.
![Baiano ajuda carioca a interromper ataque na Irlanda; entenda história](https://cdn.ibahia.com/img/inline/300000/500x400/Baiano-ajuda-carioca-a-interromper-ataque-na-Irlan0030992800202311292147-7.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.ibahia.com%2Fimg%2Finline%2F300000%2FBaiano-ajuda-carioca-a-interromper-ataque-na-Irlan0030992800202311292147.jpg%3Fxid%3D1448596&xid=1448596)
"Peguei a faca e joguei o mais longe que pude", disse ele em entrevista ao Bahia Meio Dia, telejornal da TV Subaé, afiliada da TV Bahia, nesta quarta-feira (29). Na prática, Eder auxiliou o carioca Caio Benício a parar o ataque registrado na última quinta-feira (23).
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Ele estava a caminho de casa, de bicicleta, quando viu a situação depois de escutar uma mulher gritar do outro lado da rua. "Eu olhei e vi o homem golpeando o peito da cirança. Ele colocou a criança contra a grade e deu de três a quatro golpes de faca no peito da criança".
No momento, o carioca Caio Benício estava no período do almoço e percebeu o crime. Ele derrubou o agressor usando capacete de moto. 'Meu herói não usa capa, usa capacete', diz filho de brasileiro que parou ataque contra crianças.
Ao relembrar como estava uma das vítimas, o Eder não conteve as lágrimas. "A criança estava com a mão sangrando, o rosto sujo de sangue e com o olhinho entreaberto", detalhou emocionado. Sobre os instantes de desespero, o baiano disse que lembra como pegou a faca.
"Eu desci da minha bicicleta, tinha outro rapaz que estava pedalando na minha frente, que era irlandês. Ele saiu correndo e eu [também] saí correndo para cima, para tentar parar o agressor", detalhou.
"Eu peguei a faca e saí correndo. Atravessei a rua, aonde estava minha bicicleta, e joguei a faca no mato, o mais longe que eu pude"
Ao voltar para o local do ataque, Eder percebeu que "a situção estava controlada": o agressor tinha sido contido e estava sendo "protegido" por duas mulheres, para que não fosse linchado por populares. Além disso, o socorro e a polícia já tinham sido acionados.
Ainda em entrevista à TV Bahia, Eder disse que a criança recebeu massagem cardíaca e, em questão de minutos, chegou uma ambulância. O agressor foi preso e o governo irlandês ainda não identificou as motivações para o ataque. Mas, salientou que não se trata de um caso terrorista.
O suspeito esfaqueou outras duas crianças e um homem dentro da escola, antes de chegar no local onde o baiano estava. Não há detalhes sobre o estado de saúde dos feridos.
Digitais do baiano na faca
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Na hora do ocorrido, Eder não havia se atentado que suas digitais ficaram registradas na faca do agressor. Quando se deu conta, ele entrou em choque e ficou sem saber o que fazer.
"Liguei para o colega que mora comigo, ele é irlandês, e falei: 'aconteceu uma tragédia, vi um maluco atacando uma criança. Eu peguei na faca, eu me compliquei, e agora, o que faço? Vou para casa ou tenho que falar com a polícia?'", questionou.
O colega de Eder orientou que ele procurasse a polícia e relatasse o ocorrido. "Voltei para onde estava a faca, mas já tinha um policial protegendo a faca e, do lado dele, tinha um francês de 17 anos, o Alan, ele entrou em luta corporal com o agressor. Ele se machucou, estava com um corte no rosto e a mão também estava machucada", comentou.
"Eu falei para o policial que eu tinha pego a faca, eles [policiais] me levaram rapidamente para a delegacia e me trataram muito bem. Pediriam para que eu ficasse tranquilo. Prestei meu depoimento e, depois, eles me trouxeram para casa. Além disso, estão me dando todo o suporte psicológico, mas está sendo muito difícil para mim".
O ataque contra a escola gerou uma série de protestos em Dublin. Eder Santos e Caio Benício foram recebidos pelo primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar. Segundo o carioca, Varadkar o agradeceu pessoalmente e fez questão de pedir desculpas por manifestações xenofóbicas no país.
Ao todo, segundo as autoridades locais, 34 pessoas foram presas durante uma série de manifestações anti-imigração. O homem que atacou a escola e foi derrubado por Caio seria estrangeiro.