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Caetano Veloso pede orações ao Papa em meio à onda de violência na BA

Cantor afirmou estar assustado com a situação no estado em carta escrita para o pontífice

Redação iBahia • 28/09/2023 às 12:44 - há XX semanas

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O cantor Caetano Veloso pediu ao Papa por orações pelo Brasil diante da "situação de agravamento da violência". O encontro aconteceu na manhã desta quinta-feira (28), no Vaticano, onde o baiano recebeu a benção do pontífice e entregou o documento.


				
					Caetano Veloso pede orações ao Papa em meio à onda de violência na BA
Foto: Instagram

O pedido acontece em meio à onda de violência na Bahia, que somente em setembro, já registrou 291 crimes violentos em todo o estado. Em Salvador são 59 mortos durante confrontos com a polícia.

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Na carta escrita por Caetano, o cantor diz que a "chamada 'guerra às drogas'" até hoje não reduziu o comércio ou uso delas. E destacou que "o número de jovens, em sua maioria negros, mortos a bala não para de crescer".

O cantora destacou também o número de homicídios de crianças por arma de fogo no Rio de Janeiro e a violência na Bahia, afirmando que está assustado com a situação no estado em que nasceu.

"A violência também tomou conta da Bahia, estado em que nasci há 81 anos. Estou assustado ao constatar que - apenas nestes primeiros 24 dias de setembro - já foram registradas pelo menos 46 mortes em confrontos policiais em todo o estado. A proporção é de quase duas mortes por dia neste mês", diz trecho da carta.

Caetano Veloso está em turnê pela Europa com o show "Meu Coco", e participou da audiência na seda da Igreja Católica, ao lado da esposa, a empresária Paula Lavigne.

No entanto, a passagem de Caetano pelo Vaticano foge da agenda de shows do artista, que tinha apenas uma apresentação prevista para acontecer na Itália, realizada na última quarta (27), no Parco della Musica, em Roma.

Veja a íntegra da carta de Caetano ao Papa

Vossa Santidade, Papa Francisco,

É com alegria especial que chego aqui, na Santa Sé, para este encontro. Sou da cidade de Santo Amaro da Purificação. E desde menino acompanhava encantado a minha mãe, Dona Canô, com seus gestos de simplicidade, afeto e sabedoria.

Ela lutava em defesa da despoluição do Rio Subaé e fazia campanhas pela restauração da igreja de Nossa Senhora da Purificação, da qual sempre foi ardorosa devota.

Em 2007, na festa do centenário dela, a família, amigos e a cidade de Santo Amaro promoveram durante o ano uma série de homenagens à dona Canô. E o que nela provocou maior emoção foi a Igreja da Purificação receber a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida.

É com esses ensinamentos de paz que chego aqui, diante de Vossa Santidade.

Nesses 10 anos de pontificado do primeiro Papa da América Latina, jesuíta e de nome Francisco, tenho acompanhado suas posições denunciando injustiças, alertando para a situação dos migrantes e sendo o autor da primeira encíclica ambiental: Laudato si – Sobre o cuidado da casa comum. O texto é uma advertência necessária sobre as responsabilidades humanas nas alterações climáticas.

Santo Padre, onde moro, na cidade do Rio de Janeiro, a violência atingiu índices iguais aos das grandes guerras pelo mundo. E o pior: vitimando cada vez mais crianças. A lista de meninos e meninas mortos por armas de fogo na Região Metropolitana do Rio assombra. Só este ano, 10 crianças morreram dessa forma.

Recentemente, entrou nesta estatística a menina Eloah da Silva dos Santos, de 5 anos, atingida por um tiro quando estava em casa, no Morro do Dendê, comunidade da Ilha do Governador, Zona Norte do Rio.

As vítimas têm em comum o fato de terem tido uma morte repentina enquanto viviam seus cotidianos. Com idades entre 9 e 13 anos. A chamada "guerra às drogas" até hoje não reduziu o comércio ou o uso delas. Mas o número de jovens, em sua maioria negros, mortos a bala não para de crescer.

Esse destino trágico também vitimou: Juan Davi de Souza Faria, 11 anos; Rafaelly da Rocha Vieira, 10 anos; Maria Eduarda Carvalho Martins, 9 anos; Ester de Assis Oliveira, 9 anos; Jhenyfer Luz Silva de Souza, 12 anos; Lohan Samuel Nunes Dutra, 11 anos; Yan Gabriel Marques, 12 anos; Dijalma de Azevedo, 11 anos; Thiago Menezes Flausino, 13 anos.

A violência também tomou conta da Bahia, estado em que nasci há 81 anos. Estou assustado ao constatar que - apenas nestes primeiros 24 dias de setembro - já foram registradas pelo menos 46 mortes em confrontos policiais em todo o estado. A proporção é de quase duas mortes por dia neste mês. Essas mortes aconteceram principalmente em bairros periféricos de Salvador, como Alto das Pombas, Calabar, Valéria e Águas Claras.

Diante dessa situação de agravamento da violência no Brasil peço que Vossa Santidade volte o seu olhar e suas orações para o nosso país. Tenho certeza de que sua mensagem de paz será ouvida no país que tem como padroeira Nossa Senhora Aparecida.

Com profunda admiração, meu abraço fraterno e meu pedido de socorro.

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