A cidade de Ilhéus, no sul da Bahia, está em situação de emergência devido a áreas afetadas pelo avanço da mar na região costeira da Zona Norte do município. Professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) afirmaram, em conversa com o g1, que a estrutura do Porto do Malhado é um dos responsáveis pelo avanço do mar, que há anos destrói vias públicas e imóveis.
A Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), responsável pela administração do porto, não comentou o assunto. Já a Defensoria Pública da União (DPU) informou, em nota, que acompanha os "impactos do avanço da maré provocados pela construção do porto" desde 2020.
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Entretanto, há registros de destruições causadas pela erosão desde 2015. Em 2023, os danos foram registrados em São Domingos, São Miguel, Ponta da Tulha, Mamoã, Joia do Atlântico e Ponta do Ramo.
Para além o porto, que impede a passagem de sedimentos do lado sul para o norte do município, outros aspectos contribuem para a erosão da costa de Ilhéus. Entre eles estão: a subida do nível do mar e mudança climática e as construções na área da orla.
Porto de Malhado
Segundo o professor o José Maria Landim Dominguez, do Instituto de Geociências da UFBA e responsável pelo mapeamento da Bahia no estudo "Panorama da Erosão Costeira no Brasil", promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, a estrutura do Porto impede a passagem da areia do lado sul para o norte de Ilhéus.
Devido a isso, há o alargamento de cerca de 300metros na faixa de areia no sul da cidade e a consequente erosão no norte de Ilhéus. A situação fica clara através da pbservação de imagens do local entre 1960 e 2012, onde é possível perceber a redução da faixa de areia.
"Quando o porto foi construído, a erosão já estava prevista. Mas naquela época a região era uma fazenda de cocos e quando a cidade foi se expandindo, a situação foi esquecida", contou José Maria.
De acordo com o g1, a prefeitura de Ilhéus informou em nota que alternativas para lidar com a situação, de forma definitiva, são discutidas com o Governo Federal. A prefeitura detalhou ainda que existe um projeto para evitar novas erosões, mas não deixou claro qual e como este projeto está sendo conduzido.
Mudanças climáticas e aumento do nível do mar
A erosão costeira também é impactada pelo aumento do nível do mar, segundo o professor de acordo com o professor de oceanografia da UFBA, Guilherme Camargo Lessa. Essa mudança é um fenômeno acumulativo, que acontece há décadas.
"Isso faz com que as ondas consigam levar o sedimento para posições mais altas na praia. Dessa forma, a vegetação que antes ficava na areia é erodida", explicou ele.
As mudanças climáticas, que vem afetando diferentes regiões do mundo, também pode ser apontada como um dos fatores causadores da erosão. A alteração da temperatura provocou um aumento da energia das ondas nas últimas décadas, de acordo com o professor.
"Se as ondas estão com uma maior energia, elas têm mais força para levar os sedimentos", disse.
Construções na orla
Os especialistas apontam a que a construção de casas e estabelecimentos comerciais na área da orla também são fatores que contribuem para a erosão costeira.
Ainda conforme do professore Guilherme Camargo Lessa, apesar de existirem legislações que proíbem construções em determinadas distâncias do mar, muitas vezes elas não são respeitadas.
Diante disso, quando as marés mais altas do ano acontecem, como no meses de março, setembro e outubro, esses locais são afetados.
*Sob supervisão do repórter Lucas Sales
Iamany Santos
Iamany Santos
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