Um jovem de 18 anos, baleado por policiais militares (PMs) após fugir de uma abordagem em Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), teve a prisão convertida em preventiva durante uma audiência de custódia realizada enquanto ele estava em coma.
O caso aconteceu entre os dias 14 e 17 de outubro, mas ganhou repercussão na última quinta-feira (23). Segundo o g1, Mateus Silva de Araújo, de 21 anos, foi atingido por tiros na perna e na barriga e está internado no Hospital Geral do Estado (HGE). Em decorrência dos ferimentos, ele teve uma das pernas amputada.
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Em entrevista à TV Bahia, a família do jovem contestou a versão apresentada pela polícia, que afirma que ele trocou tiros com os agentes, e reforçou que Mateus é inocente.
Entenda o caso
A Polícia Civil (PC) informou ao g1 que Mateus foi autuado em flagrante na 25ª Delegacia Territorial (DT/Dias D'Ávila) pelos crimes de resistência, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma em lugar habitado, no dia 14 de outubro.
Conforme o boletim de ocorrência (B.O), policiais militares faziam rondas no bairro Genaro, quando teriam avistado um suspeito em uma motocicleta efetuando disparos para o alto. Ao perceber a presença da viatura, o suspeito teria tentado fugir em alta velocidade, disparando contra os agentes. Os PMs reagiram, e, durante o revide, Mateus caiu da moto.
Após a ocorrência, ele foi socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Dias D'Ávila. Segundo os policiais, foram apreendidos uma pistola calibre .40, a motocicleta usada, um celular e munições.
A família do jovem, no entanto, nega a versão policial. Segundo os parentes, Mateus trabalhava como entregador em uma distribuidora e usava uma moto emprestada da empresa. Embora não possuísse Carteira Nacional de Habilitação (CNH), ele estaria trabalhando na noite de 14 de outubro, quando parou em um bar da cidade.
Segundo os familiares, após sair do local, ele foi perseguido por policiais, que atiraram contra ele. O rapaz foi atingido na barriga e na perna, precisou passar por cirurgia e acabou tendo uma das pernas amputada.
“Eu disse: ‘você estava com o quê, meu filho?’. E ele disse: ‘mãe, eu só estava com meu celular e o dinheiro, a senhora sabe que eu não ando com arma’”, contou a mãe, Valdilene Matos, em entrevista ao Bahia Meio Dia.
Mesmo com a gravidade do quadro clínico, a família afirmou que não tem permissão para acompanhá-lo no hospital, já que ele está sob custódia da Justiça.
Família descobriu que prisão do jovem havia sido decretada ao buscar delegacia
Ainda segundo o relato da família, nenhum defensor público ou advogado foi acionado no início do tratamento de Mateus. Após esse período, os familiares procuraram uma delegacia e foram surpreendidos ao descobrir que a audiência de custódia do jovem já havia sido realizada, mesmo com ele intubado no hospital.
"Não tínhamos conhecimento, porque eu vim para o hospital com ele, aí quando eu cheguei aqui mandaram que eu procurasse um advogado. Fomos na delegacia na sexta-feira [17], quando descobrimos que já havia batido a audiência de custódia do meu filho sem ele ser ouvido. Ele não teve oportunidade de se defender", desabafou Valdilene, mãe de Mateus.
Com a determinação da prisão preventiva, assim que se recuperar dos ferimentos, Mateus deverá ser encaminhado para a prisão. No momento, o jovem permanece algemado à maca do hospital.
Para tentar evitar o encarceramento, a advogada da família ingressou com um pedido de habeas corpus, solicitando que o rapaz responda ao processo em liberdade. No entanto, a Justiça negou a liminar apresentada pela defesa.
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