A mulher de 23 anos presa em flagrante, na sexta-feira (23), por manter a ex-namorada de 18 em cárcere privado em Feira de Santana, a cerca de 100km de Salvador, teve a liberdade provisória concedida pela Justiça. A medida foi tomada no sábado (24), após a acusada passar por audiência de custódia.
Após ser resgatada, a vítima contou à Polícia Civil que era ameaçada de morte, obrigada a manter relações sexuais com a suspeita e chegou a ser ferida com uma faca. As duas teriam vivido um relacionamento de 1 ano.
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De acordo com a decisão da Justiça, apesar da liberação, será preciso cumprir as seguintes medidas:
- proibição de frequentar alguns lugares como bares, hotéis, bordeis, festas após às 20h;
- manter distanciamento da vítima e da família da vítima;
- não sair de Feira de Santana sem autorização judicial.
De acordo com a decisão, o descumprimento das medidas resultará na prisão preventiva da suspeita. Elas precisam ser acatadas até uma nova audiência que não tem prazo definido.
A defesa da suspeito negou que ela tenha cometido cárcere privado contra a ex, sob a justificativa de que o caso não poderia ser considerado crime, já que a jovem tinha aceso ao celular dela. Os argumentos para o pedido de liberdade provisória foram:
- réu primária;
- residência própria;
- emprego formal.
Investigações
O delegado João Uzzum, que acompanhou o resgate, contou que as investigações do caso começaram quando a mãe da vítima procurou a delegacia para informar que a jovem estava desaparecida. Ela disse ainda que suspeitava de um possível cárcere privado.
A partir disso, policiais realizaram diligências em endereços que tinham vínculo com a suspeita. A vítima foi encontrada em uma casa no Bairro Fraternidade.
No imóvel, os policiais acionaram a sirene e foram surpreendidos pelos pedidos de socorro. Foi necessário arrombar duas portas do cativeiro para liberar a vítima. A jovem estava abalada psicologicamente e com arranhões na perna.
Já a suspeita foi presa na empresa em que trabalha, próximo da casa onde mora e mantinha a ex-namorada em cárcere.
Linha do tempo do cárcere privado
O delegado que investiga o caso informou que a vítima trabalhava em uma escola de idiomas, que fica na cidade de Santa Bárbara, a cerca de 37km de Feira de Santana.
A jovem teria avisado à mãe que passaria alguns dias em Feira. No entanto, em uma videochamada, a mãe percebeu que a filha estava tensa, e depois disso, não conseguiu mais contato. Ela procurou a delegacia após ficar sem informações da jovem.
Depois de alguns dias sem contato, a jovem mantida em cárcere ligou para a mãe, na quinta-feira (22). Na conversa, ela contou que estava sendo mantida em cativeiro, mas que não sabia o local exato. Ela descreveu a casa como um imóvel "de andar e com portão grande de metal".
A vítima também contou que conseguiu fazer a ligação após ser obrigada a ter relações sexuais com a suspeita. O sexo foi a condição para ela poder usar o celular, mas sob ameaças e avisos de que as ações no aparelho estavam sendo monitoradas.
Identificação da suspeita
A polícia identificou a suspeita com a ajuda da mãe da vítima. A mulher contou aos policiais que a filha conhecia uma pessoa em Feira de Santana. No entanto, ela não sabia do relacionamento.
De acordo com a polícia, o namoro teria terminado em novembro, mas as duas mantinham encontros. Os agentes dizem ainda que essas informações foram fundamentais para identificar os endereços da autora do crime.
As investigações indicaram que a jovem foi para a casa da mulher em um sábado, no dia 17 de fevereiro, e, no domingo, a suspeita viu no celular dela troca de mensagens com outra pessoa. Isso a levou a manter a vítima em cárcere privado e praticar as violências.
No dia do resgate, a polícia realizou buscas em diversos pontos da cidade, incluindo locais nos quais a autora morou. Com base nas investigações, a polícia localizou o local exato do cárcere.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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