A esposa do baiano Perseu Ribeiro Almeida, médico ortopedista morto após ataque no Rio de Janeiro, comentou em entrevista ao jornal O Globo que pediu para que marido fosse cuidadoso durante sua estadia no estado sudestino. Perseu foi morto pois pode ter sido confundido com um miliciano, que era alvo dos criminosos.
Na entrevista, Verônica Gomes Almeida conta que conversou com Perseu sobre a viagem ao Rio e que fez um acordo com ele de evitar se deslocar pela cidade, que ele não conhecia. Verônica afirma que foi "quase um pressentimento".
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"Estou arrasada, devastada e tentando me reconstruir. Quando Perseu falou que iria para o congresso no Rio de Janeiro, por ter medo, pedi para que ele evitasse pegar carros de aplicativo e evitasse sair. A gente fechou um acordo para que ele ficasse no hotel e não se deslocasse pela cidade. Tinha medo pelo que via no noticiário. Pedi que tomasse cuidado no Rio", afirmou ela, ao O Globo.
A representante farmacêutica vivia um relacionamento com Perseu havia cinco anos. O casal tinha dois filhos: uma menina, que atualmente possui três anos, e um menino, de onze anos. Ela conta que lidar com a perda tem sido ainda mais difícil porque ainda não sabe como explicar a situação para a filha, que pergunta pelo pai.
"Terei que me ressignificar porque tenho uma filha 3 anos que fica perguntando pelo papai dela. Ela não sabe que o pai está morto, e eu não sei como contarei isso para ela. O mais velho, meu enteado, de 11 anos, sabe. Ele estava no enterro conosco. Estou tentando contar para ela (minha filha) de uma maneira que entenda. Ela olha a foto do pai e pede para vê-lo de verdade. Ou seja, ela queria estar com ele do lado, não vendo por foto", relata Verônica.
Verônica lamentou toda a situação, principalmente pensando nos filhos que não poderão crescer na presença do pai. Ela afirmou ainda que não deseja mal a nínguem, que se compadece com as famílias dos amigos de Perseu que também morreram e que lamenta pelas mães dos suspeitos de cometerem o crime.
"As mães daqueles criminosos que morreram vão sair chorando assim como eu. Elas não têm culpa do caminho escolhidos pelos filhos. Nada disso vai trazê-los de volta. Meu marido estava feliz porque estava com os amigos participando de um congresso que ele queria muito. Eu me solidarizo com a família dos amigos deles porque eles estão sentindo a mesma dor que está me devastando. Fui dormi naquele dia e, cinco horas depois, quando acordei, minha vida mudaria completamente. Não sou só eu que perco algo. A família, amigos e pacientes também vão perder. Só posso desejar para quem tirou a vida do meu marido um caminho de luz. Minha filha crescerá, e o pai não estará do lado. Mas não desejo o mal deles."
O caso
Perseu e outros dois médicos foram mortos enquanto bebiam em um quiosque, na madrugada de quinta-feira (5), na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Grupo de ortopedistas estava na cidade para um congresso internacional de ortopedia e estavam hospedados no prédio onde ocorria o evento. Bar onde os quatro ortopedistas bebiam ficava em frente ao prédio.
Após ataque, apenas o médico Daniel Sonnewend Proença sobreviveu. Para além de Perseu, os ortopedistas Marcos de Andrade Corsato e Diego Ralf Bonfim também morreram. Segundo investigações realizdas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, Perseu teria sido confundido com o filho do miliciano Dalmir Pereira Barbosa, Taillon de Alcântara Pereira Barbosa.
Taillon, que também é miliciano, havia sido colocado em prisão domiciliar em maio de 2023 e o endereço dele também é Avenida Lúcia Costa, na praia da Barra da Tijuca, onde fica o quiosque em que Perseu e os amigos estavam.
O corpo de Perseu foi enterrado no sábado (7), na cidade de Ipiaú, onde ele trabalhava. Com uma grande comoção, cerimônia foi acompanhada por amigos e familiares da vítima.
Redação iBahia
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