Um tenente-coronel da Polícia Militar (PM-BA) foi preso nesta segunda-feira (9), em Santa Maria da Vitória, no oeste da Bahia, suspeito de acobertar atividades de uma milícia. As investigações apontaram que, entre 2021 e 2024, ele teria recebido pagamentos mensais de R$ 15 mil do líder do grupo, um sargento da reserva remunerada da PM.

Segundo informações do g1 Bahia, a prisão foi realizada durante a segunda fase da "Operação Terra Justa", conduzida pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e pelo Ministério Público do Estado (MP-BA). Além da prisão, foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência do oficial.
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Ao todo, a operação resultou no cumprimento de seis mandados de busca e dois de prisão preventiva nos municípios de Correntina, Santa Maria da Vitória e Salvador. Entre os materiais apreendidos estão documentos, eletrônicos, armas, munições e outros itens que passarão por perícia.
As investigações, conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), em parceria com a Polícia Civil (PC), apontam que o oficial recebia vantagens indevidas para encobrir crimes praticados pela milícia. O grupo teria, por mais de uma década, invadido violentamente terras pertencentes a comunidades tradicionais da região de Correntina, em benefício de fazendeiros locais.
O tenente-coronel é investigado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A SSP-BA e o MP-BA informaram que as apurações continuam, visando identificar outros possíveis envolvidos.

Denúncia e bloqueio de bens
Na primeira fase da "Operação Terra Justa", o sargento da reserva da Polícia Militar — apontado como chefe da milícia — e um comparsa já haviam sido presos. Nesta segunda-feira, ambos foram novamente alvos de mandados de prisão preventiva, após novas denúncias apresentadas pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). Além deles, outras três pessoas também foram denunciadas por envolvimento em uma organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro oriundo de atividades milicianas.
A denúncia foi aceita pela Vara Criminal de Correntina em 5 de agosto, com a Justiça determinando o bloqueio de bens dos acusados, que pode ultrapassar R$ 8,4 milhões. Conforme apontam as investigações, o grupo usava contas de terceiros para ocultar e dissimular a origem ilícita dos valores movimentados.
Entre 2014 e 2024, somente na conta bancária do sargento da reserva foram identificadas movimentações que somam cerca de R$ 30 milhões em créditos e débitos — a maior parte proveniente de empresas do setor agropecuário, o que reforça a suspeita de ligação entre o grupo miliciano e interesses rurais na região.
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