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PRETA BAHIA

Baiana lança obra de contos natalinos com personagens pretos: 'Eu não leio histórias com protagonistas como eu, então vou escrever'

Moradora do Nordeste de Amaralina, Roberta Gurriti, começou sua caminhada no ramo da escrita aos 12 e sonha grande; conheça história

Lucas Sales • 24/12/2022 às 8:57 • Atualizada em 24/12/2022 às 13:24 - há XX semanas

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					Baiana lança obra de contos natalinos com personagens pretos: 'Eu não leio histórias com protagonistas como eu, então vou escrever'
Foto: Arquivo pessoal

"Eu não leio histórias com meninas protagonistas como eu, então vou escrever". Foi assim que a escritora baiana Roberta Gurriti, autora da obra '6 Desejos de Natal' e também de outros três livros, respondeu sobre a importância de ter o protagonismo negro na literatura brasileira.

Moradora do Nordeste de Amaralina, complexo periférico de Salvador, Roberta Gurriti sonha grande. A baiana, de 20 anos, começou sua caminhada no ramo da escrita aos 12, em um site online.

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"Lá [no site] eu queria ler história com protagonistas como eu, sabe? Eu sempre gostei de escrever, já na 3ª série teve um projeto no colégio de publicação de livro e já ali eu comecei, toda pequena, com meu livro na mão. Sempre tive essa coisa criativa, de contar histórias. Só em 2016 eu publiquei uns três livros nesse site e um deles deve virar um livro físico. Vamos torcer para que seja".

No entanto, foi também em 2016 que Roberta resolveu dar uma pausa na carreira. Desânimo e falta de confiança foram fatores cruciais para a autora decidir parar de fazer uma das coisas que mais ama na vida. Mas a literatura salvou a jovem e neste ano ela decidiu retomar seus projetos. Junto com outros seis escritores a graduanda em jornalismo lançou o livro "6 Desejos de Natal", obra com protagonistas e elenco majoritariamente preto.

"Eu nunca li uma história de Natal protagonizado por pessoas pretas. Existe? Existe, mas eu nunca vi. E quando tem não é tão em alta, sabe? Quando você não vê, abra o espaço e faça acontecer. No início seria apenas eu, mas convidei outros cinco autores pretos, corri e enviei mensagens para eles, apresentei o projeto. E eles toparam, todos são maravilhosos. Fique muito feliz".

De um jeito bem baiano, a jovem apresentou a ideia para uma editora que prontamente atendeu o pedido. "Eu mesma entrei em contato com a editora e apresentei o projeto a eles. A editora já é reconhecida por trazer representatividade tanto preta quando LGBTQIAPN+, falei com Tati Machado e de primeira ela já aceitou. E aí temos hoje esse projeto maravilhoso. Eu sou muito cara de pau pra tudo e vários dos meus projetos aconteceram por isso e eu sou muito de inovar também".

"Esse conto deixou a mim mesma surpresa. Eu escrevi ele em menos de 48 horas. Eu acabei lendo uma frase de um livro e a partir daí eu criei o meu. Fiquei de 5 às 7 da manhã organizando. No outro fiz as devidas correções e mandei para os meus amigos e em seguida para a editora".


				
					Baiana lança obra de contos natalinos com personagens pretos: 'Eu não leio histórias com protagonistas como eu, então vou escrever'
Protagonistas da obra de Roberta Gurriti/ capa oficial dos contos. Foto: Divulgação

Nessas seis histórias, escritas e protagonizadas por pessoas pretas, o leitor tem a oportunidade de conhecer diferentes personagens envolvidos com enredos natalinos inesquecíveis. A coletânea foi idealizada e organizada por Roberta Gurriti. Com contos de: Maria Ferreira, Matt Lima, Dayane Borges, Karine Ribeiro e Karoline Dias. Veja a sinopse da obra abaixo:

"Acompanhe César na sua incansável tentativa de construir uma máquina do tempo. Veja Marina realizar um grande desejo com a ajuda do seu personagem literário favorito - em carne e osso. Viva o fim do mundo ao lado de Leandro e Felipe.

Acompanhe Ísis e um recado misterioso que promete ressignificar o Natal na vida da jovem bibliotecária. Observe o reencontro de Alexandra e Alice, duas artistas de sucesso que tiveram seus caminhos cruzados ainda na escola. Dê a volta por cima com Hariadne... Quer dizer, Natalina!"

Inspirações para outras Robertas

Um dos maiores anseios da jovem autora é ser inspiração para jovens meninas como ela. Cheia de vida, Roberta planeja jamais parar de escrever e quer, inclusive, lançar dois ou três contos por ano a partir de 2023. A jovem também pontuou que cada vez mais baianos e baianas tem ganhado espaço na literatura e acredita que os colegas de profissão estão no caminho certo

"Eu espero um dia ser inspiração. A Roberta de 10 anos estaria orgulhosa de quem eu me tornei hoje. Eu senti falta na infância de ver pessoas como eu, negra, não só na escrita, mas na TV também. Eu percebo que a literatura nacional tá crescendo cada vez mais. Amigas minhas publicaram na Bienal [do Livro] e foi sucesso de vendas tanto quanto autores gringos. E as editoras estão vendo isso. As coisas estão crescendo. Eu sinto que está saindo um pouco do eixo Rio de Janeiro/ São Paulo. O Nordeste tá chegando e tomando o espaço que merece".


				
					Baiana lança obra de contos natalinos com personagens pretos: 'Eu não leio histórias com protagonistas como eu, então vou escrever'
Foto: Arquivo pessoal

"Tudo o que eu faço é pra tentar inspirar. Principalmente outras meninas pretas, sabe? Tenho uma coluna em um site sobre afrofuturismo e literatura preta. Sempre nos meus textos eu tento trazer isso. Eu quero que elas me olhem e vejam que tenho vários projetos abraçados por marcas grandes, que é possível. Eu duvidei que isso fosse acontecer comigo, mas agora eu vejo que dá".

Sobre seu futuro no âmbito pessoal ela destacou: "Tem muita coisa que eu planejo. Quero muito trabalhar com o jornalismo de entretenimento O Literalle [programa apresentado por Roberta] reúne duas das paixões: livros e também entrevistas. Agora eu ganhei confiança para continuar e espero que tenha duas ou três histórias minhas durante o ano. Eu quero muito conquistar meu espaço próprio. Quero montar um escritório, ter um espaço só meu". Veja o vídeo abaixo:

Representatividade importa

Para o doutorando em psicologia Madson Marixiano-Barreto essa representatividade e todo o protagonismo é fundamental para a formação de meninos e meninas.

"O Papai Noel é um símbolo de Natal. A criança se ver representada por um Papai Noel preto, por exemplo, lhe dá a possibilidade de pensar que aquele espaço também pertence a ele. A criança vive em um mundo bastante imaginário e a personalidade delas são construídas a partir desse imaginário. Então, quando a criança se vê ali representada, isso dá possibilidade para ela de se enxergar em qualquer espaço", completou ele.

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