Menu Lateral Buscar no iBahia Menu Lateral
iBahia > preta bahia
Whatsapp Whatsapp
PRETA BAHIA

Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'

Em entrevista para a editoria, a cantora criticou supervalorização de artistas brancos como referência no setor

Alan Oliveira • 04/03/2023 às 8:00 • Atualizada em 04/03/2023 às 16:48 - há XX semanas

Google News siga o iBahia no Google News!

				
					Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'

A supervalorização de artistas brancos e o consequente apagamento de colegas negros é um problema que incomoda Rachel Reis na cena artística baiana. Em entrevista ao Preta Bahia desta semana, a cantora, que tem ganhado local de destaque e é considerada umas das principais referências do novo cenário musical no estado, falou sobre a situação.

"É um processo muito longo até chegar aqui. Eu tenho visto abertura maior de outros artistas da minha geração. É uma abertura que não é só aqui. É para fora também. A gente tem conseguido fazer com que outras pessoas notem a gente".

Leia mais:

Para exemplificar, Rachel citou o passado não tão distante da música na Bahia, quando artistas negros não tinham espaço nacional, principalmente quando o assunto eram os títulos de rei e rainha de algum seguimento. Como contrapartida, a cantora exaltou essa crescente representatividade como mecanismo de combate ao obstáculo.


				
					Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'
Foto: Nino Franco

"Eu acho muito bonito de ser uma referência preta na música baiana. Eu venho de uma mãe que era cantora de seresta nos anos 80 para 90, preta, e a gente sabe que até pouco tempo atrás as pessoas que saíam como referência na música baiana, e chegavam a ter espaço em Salvador e até fora, eram pessoas brancas. Pessoas que se tornavam reis ou rainhas de algo. Então, ver que o cenário tem se aberto mais para outras pessoas, para pessoas pretas principalmente... isso é muito interessante de ver e principalmente estar fazendo parte disso", comemorou.

Por coincidência, na mesma semana em que a artista falou com a editoria, viralizou uma polêmica sobre uma acusação de plágio envolvendo ela e a banda Jammil E Uma Noites, que é comandada por Rafael Barreto, um cantor branco. Nas redes sociais, fãs associaram a música "Coladinho", lançada no final da primeira quinzena de fevereiro pelo grupo, com "Maresia", sucesso de 2022 de Rachel.

No entanto, após a repercussão, tanto o compositor da canção nova, Manno Góes, como também a equipe da artista se posicionaram negando que ela tenha sido plagiada. Ambos citam que o que houve foi a inspiração da música na cantora. Inclusive, na nota divulgada, Rachel agradeceu por ter sido lembrada.


				
					Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'
Foto: Júlia Pavin

A artista iniciou a carreira em 2019, depois que um amigo de trabalho com quem dividia os planos e sonhos acabou morrendo tragicamente. Naquele momento, Rachel refletiu e chegou à conclusão de que precisava investir na carreira, que, até então, se resumia em apresentações em bares da cidade de Feira de Santana, onde nasceu e foi criada.

Decidida a gravar, a baiana deixou o trabalho que tinha na época como recepcionista em um posto de saúde do município, a cerca de 100 km de Salvador, para viajar para Pernambuco, onde teve o apoio do cantor Barro, e deu o pontapé para o sucesso atual.


				
					Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'
Foto: Júlia Pavin

"Acho que esse foi um insight muito forte, a morte dele. O fato da gente conversar muito sobre nossos sonhos, sobre o que a gente queria fazer no futuro. Isso mexeu muito comigo, até que eu tomei a decisão cinco dias depois sair sem dar tchau a ninguém, e que eu iria para Pernambuco trabalhar nas minhas músicas".

Desde então, a carreira de Rachel segue em ascensão, e nem a pandemia de Covid-19, que causou prejuízos ao setor do entretenimento, impediu o progresso. Nas redes e plataformas, a artista já tinha público fiel e isso só aumentou. Ela conta que tinha uma base de números observados pelo meio virtual, mas depois acabou tendo contato com os fãs pessoalmente, e ainda não se acostumou com isso.


				
					Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'
Foto: Reprodução/Instagram

"Eu acho estranho quando eu lembro de pouco tempo atrás, de como eram as coisas e de como as coisas foram caminhando até o que está virando agora. Óbvio que a gente quer que isso chegue em mais pessoas, mas, ao mesmo tempo, acho que a gente não está preparado para quando as coisas começam a fluir", disse.

Para além do carinho do público, as constantes indicações a prêmios, como na categoria de artista revelação da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), que foi faturado por ela em fevereiro deste ano, também colocaram a cantora próxima de outros famosos.

Recentemente, por exemplo, Rachel chegou a participar do Prêmio Multishow, que é sempre repleto de nomes nacionais importantes, e também cantou ao lado de Léo Santana na casa de Regina Casé, na capital baiana.

"Eu não estou acostumada com isso. Eu olho de fora e parece que não é comigo. Aí eu vejo alguma foto minha no meio de gente conhecida e sempre tenho a sensação de que eu não pertenço, de que eu estou ali tietando".

Referências


				
					Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'
Foto: Reprodução/Instagram

Além de nomes como Milton Nascimento, Jorge Ben Jor, Gal Costa, Céu e BaianaSystem, a artista tem como referência a mãe, Maura Reys, que também é cantora e inspirou ainda a irmã mais velha de Rachel a seguir na profissão.

"Ela é minha rainha, de onde minha voz veio. Ela fica muito feliz com isso, depois de tudo o que ela passou sendo uma mulher preta no mercado. Ela passou poucas e boas, até ela ter saído do universo da música 'do mundo', como eles dizem, e hoje ela ser uma cantora evangélica. Mas ela passou por muita coisa, então eu sinto que eu sou motivo de orgulho para ela".

Não é à toa, que a mãe coruja está sempre exaltando a filha, como revelou Rachel. E, entre uma tietagem e outra, ainda sobra tempo para ancestralidade, com conselhos e dicas. Tudo fruto de alguém que já vive há bastante tempo no caminho que a cantora tem seguido.

"Acho que ela já me passou muito conhecimento de como enxergar tudo isso. São conselhos importantes. Ela passou por muita coisa", revelou.

Planos para 2023

Em 2023, a cantora pretende seguir divulgando o álbum "Meu Esquema", lançado no final do ano passado. Mas sem deixar de trazer novidades. Entre elas, as gravações do próximo trabalho da carreira. Para a editoria, Rachel revelou que o objetivo é lançar um álbum novo a cada um ano e meio.

"Ele está me rendendo umas listas. Eu estou gostando do movimento que ele está dando. Minha ideia é rodar muito com ele ainda. E nesse período eu quero já começar as produções de novos lançamentos de um próximo álbum".


				
					Rachel Reis exalta representatividade no combate ao apagamento da música negra baiana: 'A gente tem conseguido que notem'
Foto: Reprodução/Instagram

Leia mais sobre Música no iBahia.com e siga o portal no Google Notícias.

Venha para a comunidade IBahia
Venha para a comunidade IBahia

TAGS:

RELACIONADAS:

MAIS EM PRETA BAHIA :

Ver mais em Preta Bahia