Quem foi mesmo que disse que baiano é devagar? As estatísticas da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) apontam justamente o contrário. Das 444.905 infrações cometidas no trânsito de Salvador no primeiro semestre deste ano, 240.317 foram cometidas por apressadinhos, que ultrapassaram a velocidade máxima permitida nas vias. Ou seja, 54%. E o que chama a atenção é que 45% dessas multas por excesso de velocidade - 107.051 - estão concentradas em dez pontos da cidade.
No topo do ranking aparece nada menos que a Avenida Paralela – na região após a saída da 3ª Avenida do Centro Administrativo da Bahia (CAB), no sentido Rodoviária – com 24.149 infrações. No ano passado, neste mesmo local foram registradas 18.367. Em seguida, com 12.325 multas, aparece a Rua da Paciência, nas imediações da Travessa Lydio de Mesquita, no Rio Vermelho, sentido Amaralina. Em terceiro lugar ficou outra marginal da Paralela, logo após a saída da Rua Silveira Martins, também no sentido Rodoviária, com 11.351 infrações.
Mais duas marginais da Paralela aparecem no ranking. Na oitava posição, ficou a marginal após a saída do Condomínio Alphaville, no sentido Aeroporto, com 7.400 registros. Em 10º, aparece a marginal após o viaduto da Avenida Luís Eduardo Magalhães, no sentido Imbuí, com 6.992. Foi exatamente neste último local que a pedagoga Maria Nilza Ribeiro, 61 anos, foi multada três vezes. “Acho que a velocidade era 80 km/h e mudaram. Sinceramente, eu não vi. Só me dei conta quando recebi o presente”, brinca. A confusão foi causada porque na Paralela o limite é de 80 km/h, mas nas marginais é de 60 km/h, que é a velocidade determinada para estas vias, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Multas
“Sou extremamente prudente no trânsito. O povo diz que eu sou barbeira pelo meu excesso de prudência, porque respeito todas as leis. Eu priorizo a minha vida, a dos outros e, claro, o meu bolso”, conta a pedagoga. Os valores das multas por excesso de velocidade variam de R$ 130,16 a
R$ 880,41, a depender de quanto a pessoa excedeu.
Se o condutor exceder em 20% a máxima permitida, pagará R$ 130,16 e perderá quatro pontos na carteira. Esta é a graduação mais cometida pelos soteropolitanos. Quando a velocidade superar os 20% e ficar até 50%, a multa será de
R$ 195,23 mais cinco pontos. Caso exceda em mais de 50%, a infração é considerada gravíssima, com multa de R$ 880,41 e penalidade de sete pontos.
Em quarto lugar no ranking das multas, ficou a Av. Oceânica, na região do Centro Espanhol, em Ondina, sentido Farol da Barra, com 11.351 registros. A Av. Sete de Setembro ficou em quinto com 10.010 multas no trecho do almoxarifado do Hospital Espanhol, sentido Farol da Barra. A que aparece em sexto é a Manoel Dias da Silva, na altura da Rua Balneário, na Pituba, sentido Rio Vermelho, com 9.096 infrações. Em sétimo, a Rua João Gomes com a Rua Vieira Lopes, sentido Ondina, com 7.440.
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No ano passado, o TOP 10 das multas por excesso de velocidade incluiu quatro lugares diferentes, como a Paulo VI, que ocupou a segunda e terceira posições com os locais: Rua Rubem Berta (29.053) e a Rua das Camélias (21.620), ambas sentido orla. O trecho do 2º Distrito Naval, na Av. Sete de Setembro, sentido Ondina, foi outro, com 12.947 multas, ficando em sétimo lugar. Em último, com 7.747, apareceu a Rua Silveira Martins, na Chácara do Cabula, sentido Pernambués.
O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet-BA), o médico Antônio Meira, ressalta que o excesso de velocidade é considerado um dos principais fatores que contribuem para os acidentes fatais no trânsito e que, por isso, a redução dos limites de velocidade tem se tornado uma tendência em países mais desenvolvidos. “O que recomendamos é uma conscientização e uma fiscalização eficiente, dando fim a impunidade”.
Segundo o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, o elevado número dessas multas tem relação com a quantidade de radares que foram implantados na cidade, bem como a fiscalização por parte dos agentes de trânsito e do sistema de videomonitoramento. Atualmente, a cidade possui 183 radares espalhados em diversas partes do município. “Eles foram colocados em locais previamente escolhidos após estudos que constataram a incidência de acidentes, levando em conta a proximidade com escolas e outras instituições”, explica o superintendente da Transalvador.
Piso Compartilhado
Ainda segundo ele, poucas vias do município tiveram redução do limite de velocidade. Entre elas, as orlas revitalizadas da Barra e do Rio Vermelho, por causa dos pisos compartilhados. Na Barra, o limite baixou de 60 km/h para 30 km/h. Já no Rio Vermelho, de 60 km/h para 40 km/h. “Estes locais são compartilhados entre pessoas e veículos e a redução tem como objetivo garantir a segurança do pedestre”, justifica.
Para o médico, a mudança no trânsito da Barra foi positiva e interessante por permitir o trânsito seguro de carros, pedestres e bicicletas. “As chances de acidentes são praticamente nulas ali”. O superintende confirma que, após a medida, não houve nenhum acidente fatal nestes trechos da orla dos dois bairros.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) das Nações Unidas, ao ser atropelado, o risco de morte de pedestre é de 20% se o veículo estiver transitando a 50km/h e pode subir para 60% se o carro estiver a 80km/h.
Em Salvador, o número de mortes em decorrência da violência no trânsito caiu 45% entre 2012 e 2016, segundo dados de um levantamento realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran), Transalvador e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O mesmo levantamento mostra que a Avenida Paralela inclusive foi a que mais registrou acidentes, totalizando 1.126 ocorrências, sendo que em 233 delas houve feridos e seis mortes.
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Redação iBahia
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