|
---|
Morador de Narandiba, bairro onde falta água, abastece galões em fonte na Avenida Luis Eduardo Magalhães (Foto: Almiro Lopes) |
Muitos pratos sujos de dendê vão amanhecer nas pias das casas em vários bairros de Salvador. Isso porque ainda falta água em muitos pontos da cidade, que tem 60% do seu fornecimento prejudicado por conta do rompimento de uma tubulação, dentro das obras do metrô, em frente à Estação Pirajá, na quarta-feira. O acidente obrigou a Embasa a interromper o fornecimento da estação de tratamento principal, com sede em Candeias (na Região Metropolitana), que leva água ao Centro de Reservação (armazenamento), no Cabula. É de lá que sai a maior parte da água que abastece as quatro regiões da cidade, dentro do sistema integrado formado por três adutoras. A companhia também anunciou o reforço da produção de água da estação de tratamento da Bolandeira, responsável pelo abastecimento de 40% do município, a fim de minimizar os transtornos e atender as áreas afetadas. Após 34 bairros registrarem desabastecimento, a Embasa estendeu o alerta de falta d’água para mais 120 bairros. Ainda ontem, cerca de 150 técnicos da Embasa e da CCR Metrô Bahia (concessionária que implanta e administra o metrô) seguiam trabalhando na recuperação do cano danificado. Os técnicos já identificaram o ponto de ruptura na tubulação, a 11 metros de profundidade, e começou a implantação de uma estrutura que irá permitir o acesso dos funcionários com segurança ao local. Outra frente de trabalho está executando a implantação de uma nova rede, com 350 metros de extensão e 1,2 m de diâmetro. Até que o reparo seja concluído, a companhia orienta que a população economize água, já que ainda não há previsão de quando as intervenções serão finalizadas e o serviço voltará ao normal.
Transtornos A dona de casa Selma Souza, 42, desistiu de passar o feriado da Sexta Santa em família, na casa da irmã, na Ribeira. “A gente sabe o inconveniente de não ter água e ter que sair ou receber visita”, disse, ontem, desanimada. Já o padeiro Joilson Paixão, 37, foi para o mercado em Pirajá com a lista de compras feita pela mulher com o que faltava para o almoço. Entre os itens, uma intrusa: água mineral. “O jeito é sair do mercado e procurar um local pra comprar um ou dois galões. Lá em casa somos quatro e é difícil se organizar sem água”, afirmou. Na principal rua do bairro do Uruguai, próxima ao final de linha, moradores interditaram a pista com dois contêineres de lixo, que foram virados, em protesto contra a falta de água.
Postos de saúde A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que, por conta da falta de água, os postos 24h de Itapuã, Pau Miúdo e San Martin tiveram que restringir os atendimentos apenas aos casos graves (vermelhos). No caso da San Martin, segundo comunicado da SMS, “a situação foi agravada com a invasão de populares em busca de água no tanque do prédio” e a polícia teve que ser chamada. À noite, o atendimento foi normalizado com o abastecimento por carros pipa. Apenas o 16º Centro (Pau Miúdo), continua com restrições no atendimento. Nas demais unidades a situação encontra-se normalizada.