Dando continuidade à série de artigos em comemoração ao Aniversário de Salvador, o assunto desta terça-feira (27) é a situação da saúde na capital baiana. Quem traça esse Raio X é o médico Raymundo Paraná. Confira. Salvador é uma Cidade reconhecidamente carente de serviços e com sérios problemas urbanos e sociais. A sua estagnação econômica perdurou por séculos após o ciclo da cana-de-açúcar, condenando a nossa cidade a uma série de problemas de difícil resolução. Dentro deste contexto, a saúde não poderia escapar ilesa. Os nossos problemas de saúde são longevos e ainda carentes de propostas para resolvê-lo. Temos um sistema de saúde desorganizado com atuação ainda tímida dos gestores municipais de saúde no complexo tripartite do SUS.
Ao longo de muitos anos e muitas gestões, o sistema de saúde de Salvador não foi considerado com a devida prioridade. Não se tem conhecimento de grandes projetos de saúde para a cidade, assim como um programa sustentável de acesso a saúde por parte da população mais necessitada que é majoritária nesta cidade. Por isso, os nossos problemas de saúde se acumularam ao longo do tempo, turbinados também por algumas gestões municipais infelizes para este setor. Veja o Raio-X da Segurança Pública em Salvador Ao longo de muitas gestões municipais, a saúde de Salvador foi praticamente terceirizada para o Estado. Este aspecto gerou problema para ambos os lados, pois o Estado não consegue organizar o sistema de saúde de referência e contra-referência em Salvador, como também o Município se desestimula na consolidação do seu sistema. Salvador é uma das poucas Capitais do País que não possui um Hospital Municipal. Os atendimentos de média e alta complexidade são realizados na rede estadual de saúde já superlotada pelo atendimento de pacientes que nos chegam de diversas cidades do Interior do Estado cuja situação da saúde ainda é mais caótica do que a da Capital. Salvador tem uma cobertura ainda pífia do nosso programa de saúde da família, como também não conseguiu ainda organizar seus sistemas de referência e contra-referência em saúde. Soluções Seguramente os recursos destinados à saúde pública em Salvador são parcos em relação as nossas necessidades, todavia o cenário é o mesmo para muitas outras cidades do País que possuem uma situação de saúde pública melhor do que a nossa. Por isso, acredito que a saída para melhorar a saúde de Salvador seja um projeto suprapartidário de saúde que envolva não só uma gestão mas toda uma geração de gestores com o apoio do Poder Legislativo. Sei que a realidade atual da política brasileira não comporta sonhar com atitudes como esta, todavia o eleitor deve exigir esta postura de qualquer político que postule um cargo no Executivo ou Legislativo da nossa Capital. Em adição, sugiro estabelecermos claramente um plano de carreira para o programa de saúde da família. Assim, teríamos maior incentivo para os profissionais e menor volatilidade das equipes. Este é um aspecto que precisa ser enfrentado imediatamente. A criação dos programas de saúde itinerante para promoção e atenção à saúde nas periferias é também uma saída para minimizar as nossas carências em saúde. Outros estados brasileiros, com condições geográficas e econômicas piores do que a nossa, já conseguiram realizar projetos desse tipo com absoluto sucesso. Deste modo, o que precisamos para Salvador são políticos no nosso Poder Executivo e Legislativo que compreendam que a saúde é um bem social suprapartidário, sem qualquer possibilidade de participação no mesquinho jogo político. Precisam eles entender que saúde deve ter um projeto com garantida continuidade nas diversas gestões públicas na nossa Cidade. Veja tambémSoteropolitanos que moram fora prestam homenagem à Salvador
Por Raymundo Paraná Médico Hepatologista Professor Livre-Docente de Hepatologia Clinica da Universidade Federal da Bahia Chefe do serviço de Gastro-Hepatologia do HUPES-UFBA |
---|
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade