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SALVADOR

Após descarrilamento de metrô, usuários ficam apreensivos

Cinco meses após começar a operar, metrô descarrilou com 40 pessoas a bordo. Metrô voltou a operar normalmente na manhã desta quarta

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05/11/2014 às 9:57 • Atualizada em 28/08/2022 às 7:28 - há XX semanas
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Foram 14 anos de espera para que o metrô começasse a rodar. E apenas cinco meses para que os trens sofressem o primeiro acidente. Na manhã da terça-feira (5), por volta das 10h30, um dos vagões de uma composição do metrô que vinha da Estação Retiro saiu dos trilhos quando chegava à Estação Acesso Norte. “Ele saiu um pouco embalado, saiu dos trilhos, mas os outros vagões não acompanharam”, contou um funcionário que trabalha na obra de ligação das linhas 1 e 2, que fica ao lado do local do acidente. O vagão ficou atravessado nos trilhos e o funcionamento até a Estação Retiro foi interrompido. Cerca de 40 passageiros estavam no trem no momento do acidente, mas, de acordo com a assessoria da CCR Metrô Bahia, concessionária responsável pelo modal, ninguém se feriu. Eles foram retirados por equipes de segurança da concessionária e saíram da composição caminhando pelos trilhos. As causas do descarrilamento ainda estão sendo apuradas pela CCR, que não informou a velocidade em que o trem circulava no momento do acidente. Durante o período de operação assistida, que começou em junho, a velocidade máxima seria de 40 km/h. Em nota, a CCR informou apenas que o trem “passou por um problema técnico fazendo com que o do último carro da composição mudasse de via, interrompendo a operação do sistema nesse trecho”. O carro envolvido no descarrilamento foi retirado da via por volta das 23h30, e o metrô voltou a operar normalmente às 8h em todas as estações.
Vagões ficam desalinhados após composição sair dos trilhos no trecho entre o Retiro e o Acesso Norte. Havia cerca de 40 passageiros a bordo
Hipóteses Segundo a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos, já houve descarrilamentos em outros metrôs no país, mas este é o primeiro registro de um incidente desse tipo com o trem cheio de passageiros. Um funcionário que trabalha nas obras do metrô disse que o descarrilamento pode ter sido provocado por um desnível nos trilhos. “A brita sai do lugar e, se você observar, de um lado o trilho está mais alto do que o outro”, afirmou. Especialistas ouvidos pelo CORREIO apontaram que a origem do problema também pode estar no mecanismo que direciona os trens. “Pelo que eu vi nas fotos (o incidente) foi onde se localiza o aparelho de mudança de via, o AMV (Aparelho de Mudança de Via)”, comentou a professora do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da Ufba, Denise Ribeiro. É possível que uma falha nesse aparelho tenha sido determinante. “Se o AMV for manual, a falha é humana. Se for eletrônico, pode ser pane”, explica. Na sua visão, é preciso que a CCR esclareça qual fator ocasionou o descarrilamento para que não haja insegurança por parte dos usuários em relação ao transporte, considerado seguro. Já o engenheiro ferroviário Rafael Vasconcelos ressaltou que entre as causas de acidentes desse tipo também estão: desalinhamento dos trilhos (como apontou o funcionário das obras), água embaixo do lastro, recalque (afundamento da via), entre outros. “Mas, se foi o último vagão que descarrilou, não foi desalinhamento, foi defeito no AMV mesmo. É uma imperícia”, ressaltou. Ainda de acordo com o engenheiro, o aparelho pode estar assentado de forma errada. O coordenador da Salvador Sobre Trilhos, Antonio Luis, também acredita em um problema no mecanismo que direciona as composições. “Provavelmente, a agulha da linha de manobra fechou antes que o último truque (conjunto de rodas) passasse. Os condutores não têm acesso a esse comando. Pode ter sido uma falha no sistema ATC (Automatic Train Control)”, comentou. Operação Os engenheiros passaram o dia tentando resolver a situação e retirar o vagão atravessado. Por volta do meio-dia, outro trem foi levado para o local para tentar rebocar o vagão, que foi amarrado com faixas. Depois de algumas tentativas frustradas, as faixas foram desamarradas pelos técnicos e o trem extra foi retirado. Depois, um caminhão chegou até o local para tentar retirar o vagão. Os técnicos utilizaram blocos de madeira para apoiar o vagão descarrilado e tentar fazer a remoção. Até a noite de ontem, no entanto, o vagão não havia sido reparado.
Técnicos da CCR trabalham para recolocar trem nos trilhos. Concessionária não informou causa do acidente
Depois do acidente, a concessionária disponibilizou micro-ônibus para transportar os passageiros no trecho interditado. Os veículos saíam de dez em dez minutos. Segundo a CCR, o metrô está funcionando normalmente nas estações Acesso Norte, Brotas, Campo da Pólvora e Lapa. Inaugurado no dia 11 de junho, o metrô vem funcionando, de graça, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos sábados, das 8h às 13h. Na estação Acesso Norte, o movimento era de tranquilidade no início da tarde e poucos passageiros sabiam do que havia acontecido no fim da manhã. Usuários ficam apreensivos com o sistema depois de acidente O descarrilamento deixou alguns usuários do metrô apreensivos. “Foram 14 anos para construir e agora acontece isso? Quem é que vai ter coragem de andar nesse metrô agora?”, questionou o auxiliar de depósito Uelton de Oliveira, que passava pela Via Expressa. O auxiliar ficou ainda mais revoltado ao lembrar que o bairro onde mora, o Cabula, ficou sem água na segunda-feira por causa da construção do pilar da nova linha do modal. Passageiras do metrô, a operadora de telemarketing Dafne Vasconcelos, 20, e a professora Andreza Figueiredo, 18, disseram ficar com medo de usar o transporte novamente. “Demora um século para ficar pronto e quando faz, faz errado”, reclamou Dafne. “A gente fica assustada”, disse Andreza. A vendedora Josineide Freitas, 48, também ficou receosa com o sistema, mas ponderou: “Ainda é melhor do que pegar ônibus”. Já a comerciária Nanci Rita Queiroz, 55, usou o metrô pela primeira vez ontem e minimizou o problema. Ela foi da Lapa até o Acesso Norte, onde foi informada que teria que saltar do vagão para pegar o micro-ônibus da CCR Metrô para seguir viagem até a última estação. “Dei zebra. Mas gostei do metrô, não acredito que vá acontecer outras vezes”. Enquanto isso... Assembleia adia votação de empréstimo para ampliação do sistema Foi adiado para esta quarta-feira (5) o primeiro turno da votação na Assembleia Legislativa da Bahia de um empréstimo de R$ 800 milhões na Caixa Econômica Federal (CEF) para uma futura ampliação da Linha 1 do metrô, da Estação Pirajá até a nova estação rodoviária, que o governo do estado pretende construir no bairro de Águas Claras. A sessão em que o financiamento do projeto de infraestrutura seria votado, ontem, foi encerrada precocemente, depois do fim de um acordo entre deputados da base de apoio ao governo e da oposição na Assembleia Legislativa em relação à votação de outro projeto de lei, tratando das reestruturações da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros. Matéria original: Correio 24h Após descarrilamento de metrô, usuários ficam apreensivos: "quem vai ter coragem agora?"

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