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SALVADOR

Ataques a bancos na Bahia crescem no final e no começo do ano

Das 160 ocorrências de assaltos, arrombamentos, explosões de caixas eletrônicos e tentativas na Bahia este ano, quase 40% (62) aconteceram nos três primeiros meses do ano

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06/12/2012 às 11:21 • Atualizada em 02/09/2022 às 4:49 - há XX semanas
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O Verão, o Natal, o 13º entrando... Todas as alternativas acima contribuem para que neste período as quadrilhas intensifiquem os ataques a bancos. Das 160 ocorrências de assaltos, arrombamentos, explosões de caixas eletrônicos e tentativas na Bahia este ano, quase 40% (62) aconteceram nos três primeiros meses do ano. Depois de um período de baixa no meio do ano, os bandidos voltaram com tudo e fazem neste último trimestre os números crescerem num ritmo parecido com o do início do ano. Só em novembro foram 22 ocorrências. Dezembro também caminha a passos largos: sete ocorrências em cinco dias. Os números são do Sindicato dos Bancários da Bahia (Sindbancários). Este mês está só começando e já tem o mesmo número de registros que maio e agosto. Na terça-feira, três agências foram alvos de quadrilhas em Mundo Novo e Iramaia, ambas na Chapada Diamantina, e em Encruzilhada, a 645 km de Salvador. Até quarta (5), o Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras (Garcif) mobilizava mais de 50 pessoas nas investigações. Sem resultado. No caso de Mundo Novo, a aposentada Meire Lino relata ter ouvido pelo menos 30 tiros. “A impressão é que eram fogos de São João. Fui para o fundo da casa de uma amiga e consegui ver um homem encapuzado segurando uma pistola e uma mulher deitada no chão”, descreve. Na fuga, o grupo, com dez bandidos, levou sete funcionários do Banco do Brasil como reféns, segundo a polícia, que foram liberados sem ferimentos. O banco não divulgou o valor roubado. Comparando os dados de 2012 com o do ano passado constata-se já crescimento de 44,5%. Em 2011, foram contabilizadas 110 ocorrências. No topo, está o mês de fevereiro com 24 ocorrências e média de 0,8 assalto/dia. Na sequência, aparecem março (23) e novembro (22).
O presidente do Sindbancários, Euclides Fagundes, aponta a maior movimentação de dinheiro no final de ano como fator de aumento do número de ataques. “Há maior circulação de dinheiro, o comércio está mais aquecido e a movimentação é bem maior. Parece que o espírito natalino bate na bandidagem”, avalia. RankingCom maior número de agências, Salvador e Feira de Santana lideram o ranking de ataques no ano, com 30 e 6 respectivamente. Em seguida vem Ituberá, no Baixo Sul, que, com três agências, teve 5 ataques no ano. Confira abaixo as cidades atacadas. No início de junho, duas agências (Banco do Brasil e Bradesco) foram assaltadas por um grupo de 20 homens armados, que chegaram a Ituberá em três carros. Nem a polícia foi poupada. O bando seguiu para a delegacia e manteve três policiais – delegado, escrivão e agente – encurralados. Na fuga, fizeram reféns, que foram liberados depois.
O dia ainda não saiu da memória dos moradores. O vendedor Leonardo Monteiro, 20, lembra do pânico que tomou conta da cidade. “Nunca aconteceu algo assim. Já ouve boatos, inclusive, de que o Banco do Brasil vai fechar porque os funcionários ficaram traumatizados. Foi um dia terrível”, disse. PoliciamentoCoordenador do Garcif, Daniel Pinheiro usa o mesmo argumento de Fagundes para justificar a sazonalidade. “Tanto no início quanto no final do ano há um aumento na movimentação bancária”, pondera ele, que também citou a greve da polícia, em fevereiro, como fator de aumento desses números. Sobre a vulnerabilidade das pequenas cidades, ele explica que, quanto menor a cidade, menor é seu efetivo de policiais. Em um lugar com uma população de 5 mil habitantes, por exemplo, o delegado Daniel Vieira diz que o policiamento costuma ser feito por dois ou três policiais por dia. Em contrapartida, as quadrilhas contam com até 20 homens armados com fuzis e armamentos de grosso calibre”. O delegado explica ainda que os bandidos escolhem como alvos cidades onde tenham rotas de fuga facilitada. “Os ladrões levam em conta se tem estradas vicinais, se há locais para esconderijo com matas”, explica. “Agora, sempre costuma ter um integrante da região na quadrilha para informar as rotas de fuga e a rotina dos gerentes”, explica. Segundo ele, as quadrilhas têm integrantes de vários estados. “Há migração. A pessoa que age no tráfico também rouba carro e assalta banco”. Pinheiro informa que, este ano, o grupo que coordena desarticulou 15 quadrilhas de assalto a banco e realizou mais de 100 prisões. Além disso, foram apreendidas mais de 80 armas e 300 quilos de explosivos. Medo faz bancários criarem estratégias de segurançaOs bancários têm criado medidas autoprotetivas para evitar assaltos, de acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia (Sindbancários), Euclides Fagundes. Ele conta que em Irará, município localizado a 128 quilômetros de Salvador, um gerente de banco tem por prática retirar o dinheiro dos caixas eletrônicos na tentativa de que os equipamentos não sejam assaltados. “Há algum tempo vem acontecendo isso. Os bancários têm tido a necessidade de se precaver. Em Andaraí, na Chapada Diamantina, tem funcionário que não dorme dois dias seguidos na mesma casa, para evitar ações de sequestro. É para se ter ideia da paranoia que se estabeleceu”, comenta. Fagundes ressalta que, em diversos casos, os bancários pedem para ser transferidos. “A gente entra em contato com a direção das instituições e, às vezes, conseguimos transferências”, diz. Ele critica as determinações de algumas agências na Bahia para que funcionários transportem dinheiro de uma unidade para outra. “Limitam o valor a R$ 10 mil, R$ 20 mil, mas o bancário dá cinco viagens por semana, por exemplo. Quem tem que fazer esse transporte é a empresa de segurança e não o funcionário”, destaca. Ele cita ainda o caso do gerente do Banco do Brasil de Caetité, a 757 km de Salvador, que ficou com explosivos amarrados ao corpo por dez horas, no final do mês passado. “É uma situação muito preocupante. Tem gente que não quer ir para o interior por causa do alto risco. Quando acontecem situações como essas, muitas vezes ficam sequelas pro resto da vida”, pontua. Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou, em nota, que a segurança dos funcionários “é uma preocupação central dos bancos associados” e que tem investido cada vez mais em segurança física. Além disso, a nota destaca que os assaltos diminuíram 83% entre 2000 e 2012 no Brasil, caindo de 1.903 para 322 e que, por meio da Comissão de Segurança Bancária, “várias iniciativas de caráter preventivo são e foram adotadas”. Matéria original Correio 24h Ataques a bancos na Bahia crescem no final e nos primeiros meses do ano

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