Quando a safra de cana de açúcar está em alta, aumenta a quantidade de álcool na mistura da gasolina. Se estiver na entressafra, diminui a quantidade de etanol. No Brasil, a legislação prevê que a mistura pode variar entre 20% e 25%, mas, essas oscilações acarretam em prejuízos para os motoristas. Segundo Roberto Vieira, mecânico, essa variação afeta os carros que não têm a tecnologia flex-fuel. Em alguns casos, eles aumentam o consumo de combustível por quilometro. “Os veículos, muitas vezes, ficam interrompendo e perdem o rendimento. Maior teor de etanol na gasolina pode, também, prejudicar o trabalho dos mecânicos”, completa. Em portaria assinada, em janeiro, os ministérios da Agricultura e Fazenda, Minas e Energia e Desenvolvimento Industrial e Comércio Exterior entraram em acordo para diminuir o teor do etanol na combustível, devido à queda na produção de cana de açúcar, no Centro-Sul do país - responsável por 90% da produção nacional. Essa norma tem prazo de 90 dias e terminará no dia 1º de maio. “Houve a decisão de reduzir a mistura, para evitar os riscos de falta do etanol. A medida foi tomada para vigorar por 90 dias (entre fevereiro e abril), devendo o percentual voltar para os 25% a partir do início de maio, quando diversas unidades do Centro-Sul do país já estarão colhendo a nova safra”, explica José Nilton de Souza, assessor do Departamento de Cana de Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ainda segundo José Nilton, o aumento do preço do álcool não tem nenhuma ligação com a quantidade do mesmo na gasolina. “Nos meses de fevereiro e março, houve uma inesperada redução nos preços do etanol chegando a comprometer o abastecimento na primeira quinzena de abril, uma vez que muitas usinas ainda não haviam iniciado o processamento da safra 2010/2011”. O resultado foi um novo movimento de alta, verificado nas últimas duas semanas. Os preços do etanol anidro saltaram de R$ 0,88/por litro para R$ 0,93/por litro. Logo, como o etanol está mais barato, o aumento da mistura deverá permitir a redução dos preços ao consumidor, ainda que num percentual pequeno. “De janeiro até a metade de fevereiro, o preço caiu um pouco, mas, depois aumentou. Nunca tive problemas com meu carro, procuro sempre abastecer no mesmo local para não correr riscos”, conta a relações públicas Adriana Oliveira. Quanto ao desgaste, o assessor José Nilton de Souza afirma que os carros flex-fuel foram desenvolvidos para funcionar bem com qualquer nível de mistura de etanol à gasolina. Os carros com esta tecnologia podem rodar com, no mínimo, 20% de álcool na gasolina, ou os 100% de etanol hidratado. “Antes de disponibilizar essa tecnologia, todas as montadoras fizeram muitos testes para se assegurarem de que não haveria problemas. A comprovação disso pode ser feita ao se observar que os carros flex-fuel foram lançados em 2003 e, sete anos depois, não há registros de problemas mecânicos associados às variações de mistura efetuadas pelos consumidores”, encerra Nilton.
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