Após dois anos longe dos palcos, o Balé Folclórico da Bahia afastou a má fase que quase fez a companhia de dança fechar as portas e lançou na última quarta-feira (6), a programação 2022. Criado em 1988, o balé representa o resgate das manifestações, além da divulgação das raízes baianas para todo o mundo, já que os espetáculos da companhia são conhecidos mundialmente.
Em um bate-papo exclusivo para o iBahia, Vavá Botelho, diretor geral e fundador do Balé, falou sobre os planos para o futuro e relembrou momentos cruciais para o grupo.
“A nossa missão, o nosso objetivo maior é a pesquisa, a manutenção e a divulgação e promoção dos nossos maiores valores culturais populares bem como do folclore baiano. Então quando o balé foi criado em 1988 e posteriormente quando nós transformamos o balé em uma fundação, a gente firmou mais ainda essa necessidade que a gente tem de valorizar a nossa cultura, tão rica, tão importante pra todos nós na Bahia, no Brasil e no mundo inteiro”, explicou.
"Então o balé continua com essa missão, com esse propósito, com esse objetivo de trazer essas manifestações, resgatar essas manifestações e mostrar ao mundo inteiro a riqueza que nós temos aqui na nossa terra”, completou.
Má fase durante a pandemia
Durante o pico da pandemia de coronavírus, ainda sem o acesso à vacinação, o balé se viu fechado, longe dos palcos e cheio de dívidas acumuladas. Durante o difícil período, foi necessário se reinventar e procurar novas saídas.
“Ficamos dois anos e um mês fechados, passamos por uma situação muito complicada, financeiramente em especial, e a gente chegou inclusive a achar que iríamos fechar definitivamente", contou Vavá.
Como uma forma de reerguer a companhia, o balé iniciou uma vaquinha online, que foi impulsionada através de uma live de Caetano Veloso, em 2020.
"A gente teve uma grande ajuda de Caetano Veloso, que durante a live de aniversário dele prestou uma homenagem muito bonita ao balé e a gente conseguiu a partir dessa vaquinha virtual que a gente tinha iniciado um mês antes do aniversário dele, conseguimos arrecadar na noite R$220 mil. Em um mês antes a gente havia arrecadado R$25 mil. Com isso a gente conseguiu pagar 80% das dívidas que a gente tinha”, explicou.
“O mais importante de tudo não foi nem a ajuda financeira que nós recebemos, foi o incentivo dos amigos, da imprensa, de que o Balé Folclórico da Bahia não poderia fechar jamais. Que o balé não era mais um sonho somente meu, era o sonho coletivo. Por ser considerado um patrimônio da Bahia, do Brasil, eu não tinha mais o direito de simplesmente fechar o balé. Então esse incentivo foi muito importante, foi extremamente fundamental para que eu criasse coragem. Busquei a prefeitura, algumas empresas como a Usina, Galo da Manhã, a Hurb, que cada uma foi fazendo um pedacinho e a gente terminou fechando esse projeto que é a volta do balé folclórico”, completou.
Volta aos palcos
A partir de abril, o Balé voltará aos palcos da capital baiana com uma programação diversificada e que incluirá um projeto criado em 2018, mas que não conseguiu ser realizado na época.
“O Festival foi um projeto criado em 2018 e que não pôde acontecer porque não conseguimos o patrocínio na época, agora a gente conseguiu mesmo com a pandemia e ele vai acontecer de abril até novembro. É um festival que inclui inúmeras ações como oficinas de dança, de percussão, oficinas técnicas de figurino, de cenário, de adereços, uma exposição com a história dos 34 anos do balé e vamos fechar com uma apresentação de um espetáculo inédito, formado por três coreografias que foram criadas por integrantes do balé que foram formados por nós e hoje possuem uma projeção internacional”, disse o fundador.
Nesse espetáculo, os alunos de escolas públicas e estaduais terão a oportunidade de assistir gratuitamente ao show da companhia, como parte dos valores do balé em atingir cada vez mais públicos que possam conhecer a cultura local.Confira a programação completa do Balé Folclórico da Bahia para 2022.
— iBahia (@iBahia) April 6, 2022
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