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SALVADOR

Blitze da Transalvador estão suspensas nos finais de semana

Até que o órgão quite dívida de R$ 200 mil referente ao pagamento de operações especiais, as fiscalizações não voltarão, segundo presidente de sindicato

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23/07/2012 às 16:05 • Atualizada em 30/08/2022 às 9:37 - há XX semanas
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Nem os recursos próprios que a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) afirma ter para realizar as blitze de alcoolemia parecem suficientes. Sábado e ontem, inclusive durante a madrugada, o CORREIO percorreu as ruas da cidade e não encontrou uma operação sequer de fiscalização da Lei Seca. O caminho: Vale dos Barris, Dique do Tororó, avenidas Bonocô, Luís Eduardo Magalhães, Tancredo Neves, Magalhães Neto, Juracy Magalhães, ACM, Paralela, São Rafael, Otávio Mangabeira e Oceânica. Nada de Transalvador fazendo blitz. Entre meia-noite e 2h30 de ontem, a reportagem avistou apenas um carro do órgão de trânsito, na avenida Otávio Mangabeira, perto do Aeroclube. Os agentes faziam ronda. Eles confirmaram que não havia blitz, mas não souberam informar porque a fiscalização foi suspensa. A única blitz identificada pelo CORREIO foi na sexta-feira, no Dique do Tororó.
Mesmo sem blitze em Salvador, Zuleide (de copo vazio) não bebeu para levar os amigos depois da farra
De acordo com o presidente da Associação dos Servidores da Transalvador (Astran), Adenilton Júnior, as blitze nos sábados e domingos estão suspensas por tempo indeterminado, até que o órgão quite uma dívida de R$ 200 mil referente ao pagamento de operações especiais. “Há dois meses, a Transalvador não paga o valor de R$ 12 por hora para os servidores de plantão. Além disso, o efetivo da Getran (gerência de trânsito) foi reduzido de 104 no final de semana para 44. Desse total, só 29 vão pras ruas. Não temos como atender a demanda da cidade. Enquanto o pagamento das operações não for regularizado, não faremos operações especiais nem durante a semana”,diz ele. CortesO presidente da Astran lembrou que as blitze em dias úteis são feitas por um grupo fixo. “O pessoal do plantão ordinário é que faz a fiscalização. Esse grupo é fixo. Nos finais de semana, a escala é extra e os servidores estão mobilizados a não trabalhar”. “Essa redução de pessoal, por exemplo, tem a ver com o corte nas despesas determinado pela prefeitura. Só que isso deveria ter sido analisado antes. Os agentes estão sobrecarregados. Não sei de onde vêm os recursos para a Lei Seca que o superintendente mencionou”, criticou Adenilton. O CORREIO tentou contactar o superintendente Renato Araújo, mas ele não atendeu às ligações. Contrariando o presidente da Astran, o gerente de trânsito Janivaldo Rosário garantiu que as blitze continuarão sendo realizadas. “Só não ocorreu nesse final de semana por falta de pessoal. Amanhã (hoje) e terça-feira, a fiscalização vai acontecer. São questões administrativas e não tem a ver com o corte nas despesas”, assegurou. Menos carros Há 15 dias, a Transalvador devolveu 62 viaturas à locadora Tradekar Transporte e Serviço Ltda., na tentativa de quitar uma dívida de mais de R$ 2,6 milhões. Em meio a cortes de gastos em todas as secretarias municipais, semana passada, o secretário de Planejamento Oscimar Torres anunciou que as blitze de alcoolemia sofreriam ajustes. Porém, o superintendente afirmou que o órgão de trânsito tem recursos próprios e, além de não reduzir a fiscalização, poderia ampliá-la. Antes dos ajustes nas contas, afirmaram agentes de trânsito, eram realizadas três blitze simultâneas. No Dique, na sexta-feira, a estrutura da operação conjunta da Transalvador com a Polícia Militar e o Detran contou com quatro viaturas (uma a menos que o habitual), 11 agentes de trânsito, dois prepostos do Detran, quatro policiais militares do Esquadrão Águia e seis da 2º Companhia Independente da Polícia Militar (Nazaré) e um guincho. “Geralmente são três guinchos, mas por causa desses problemas, houve a redução. Só que não atrapalha”, garantiu um agente. Em quatro horas de operação foram abordados 87 veículos, removidos 7 carros, 5 carteiras de habilitação recolhidas e quatro condutores autuados por alcoolemia, entre recusas e testes do bafômetro. Entretanto, quem soprou no aparelho ficou abaixo do limite máximo permitido que é de 0,3 miligramas de álcool por litro de sangue (equivalente à ingestão de uma lata de cerveja). Por esse motivo, o representante comercial Raimundo da Silva Filho, 37, se recusou a fazer o teste. “Só recusei porque não vou produzir provas contra mim. Tomei cerveja após o almoço e sei que ficamos sob o efeito. Estava levando minha filha ao médico”, admitiu. Ele acionou um amigo para que viesse buscar o carro. Despreocupados Nos bares, há quem não se importe coma fiscalização. “Nunca tive problemas nem sofri um acidente. Bebo, mas consigo manter todos os reflexos. Qualquer coisa, se me pararem, jogo meu charme. Já dei marcha a ré na Paralela”, reconheceu a administradora Marília Antunes, 33 anos. No entanto, há também quem se preocupe com a sua própria integridade física e dos outros. As amigas Flávia Moura, 27, Verônica Prazeres, 34, e Adriana Abreu, 38, escolheram a amiga Zuleide Teixeira, 31, para levar o grupo para casa após a comemoração do Dia do Amigo. “É horrível! Nunca mais quero brincar desse jeito”, divertia-se Zuleide. “Vou levar todo mundo depois. Hoje fico à base de água. O mais importante é que a gente chegue bem em casa e não coloque em risco a vida de ninguém”, avaliou Zuleide. “Enquanto isso, vamos beber. Somos todas solteiras, sozinhas e infelizes”, convidou Verônica, aos risos, acompanhada pelo amigo Rafael Alves, 22 anos. Última blitz na sexta à noiteDia do Amigo, hora de comemorar. Apesar da data, o servente da Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop) Francisco da Conceição não teve nenhuma prova de amizade dos seus “colegas” da Transalvador, ao ser parado na blitz realizada na sexta-feira à noite, antes da suspensão das operações de fiscalização no fim de semana. O Gol branco NTL-8693, da empresa Tradekar e locado à Sucop para uso exclusivo em serviço, foi apreendido pelo órgão de trânsito porque, segundo agentes, Francisco dirigia alcoolizado. Segundo o servente, ele havia prestado socorro à uma amiga, quando foi abordado. “Deixei uma amiga grávida na clínica, no Pau Miúdo, e tava indo pra casa, na Mata Escura, com a minha companheira”, descreveu o roteiro. O funcionário da Sucop confessou ter bebido, mas não quis fazer o teste do bafômetro. “Acho importante (a blitz). Só queria que o agente falasse: ‘seu Francisco, vá embora sem correr risco’. Só é perigoso quando a gente bebe muita, muita, muita, muita bebida”, repetiu. “Quando é pouca, mistura com água e fica bem”, complementou. Durante uma hora, Francisco e a mulher, a cozinheira Janete Ramos, 45, tentaram, sem sucesso, convencer os agentes a liberar o carro. Houve confusão e agressões verbais. “Colega, porra!. Tenho 30 anos na prefeitura e o carro é locado”, exaltou-se Francisco.

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