Cursos, aulas, apostilas, alimentação balanceada e atividade física. Esses são apenas alguns dos ingredientes que, com uma pitada de disciplina e persistência, compõem o cardápio de investimentos dos concurseiros. Com o salário médio relativamente maior do que o da iniciativa privada, o emprego público garante a tão sonhada estabilidade financeira, mas, para isso, é preciso preparar o bolso.
Formado em Marketing, Daniel Maia, de 29 anos, sempre quis alcançar a estabilidade financeira. Dono da academia de dança Cabrueira, criada há 9 anos, ele largou o trabalho como professor na escola, que lhe rendia em torno de R$ 1,5 mil de renda mensal, para estudar mirando o concurso da Polícia Federal.
“Infelizmente, nunca tive força para sentar e estudar. Hoje, quero estabilidade e, por isto, tenho que dar um tempo das minhas aventuras e garantir uma renda fixa”, explica. “Hoje, dedico todo meu tempo aos estudos. Estudo sete horas, cronometradas, por dia. Sempre que vou ao banheiro, beber água e comer, paro o relógio. Nessa história, estudo de 10 a 11 horas por dia”, complementa.
Diferente dos amigos, que segundo ele gastam muito, Maia consegue planejar seu orçamento. “Não gasto muito. Tenho amigos que pagam mais de R$ 2,8 mil só em cursos preparatórios. Investi R$ 480 em um curso online que tem os mesmos materiais. Com a internet, tiro todas as minhas dúvidas. Se somar todos meus gastos, nestes 6 meses devo ter gastado, no máximo, R$ 800, incluindo impressões”. Além disso, ele também consegue seguir uma rotina saudável de atividades físicas, malhando e nadando no seu próprio prédio. Quando consegue dar conta da meta diária de estudos, vai à academia de dança.
Daniel Maia parou de dar aulas de dança só para estudar para a Polícia Federal. São 7 horas por dia (Foto: Evandro Veiga) |
Internet
Segundo o advogado da União e secretário-geral da OAB Waldir Santos, especialista em concursos, Daniel segue uma ferramenta de estudos cada vez mais comum: a internet. “Quem não tem condições ou não quer arcar com os gastos para tentar passar em um concurso pode conseguir diversos materiais de maneira muito fácil. Existe muita coisa gratuita disponível, sobretudo na internet: programas, vídeos e outros”.
Para Waldir, se o candidato não souber se planejar, o investimento não tem limites. “Gastar dinheiro com concurso é uma condição, na maioria dos casos, para quem tem dinheiro disponível. Quem tem condições de arcar com os custos, pelo curso e apostilas, gasta em torno de R$ 500 a R$ 1.500 por mês, incluindo passagens aéreas para provas em outros estados, hospedagem”, afirma ele, que também é advogado da União. “Eu já vi pessoas, no entanto, que viviam no extremo e gastavam R$ 50 mil por mês: indo e vindo de cidades, ostentando sua posição”.
Investimentos
Formada em Direito há dois anos e meio, a concurseira Eliza Spinelli, 27, estuda para concurso há um ano e meio e já gastou mais de R$ 3 mil, sem contar com os custos com água, luz e alimentação. A sorte dela é que mora com os pais, que a sustentam. Apesar de não fazer cursinho, Eliza já fez três cursos específicos e diz que não gasta tanto quanto alguns colegas que fazem cursos extensivos.
“Passei um ano sem comprar material de estudo. Tento, ao máximo, achar material na internet”, diz a candidata, que pretende prestar concursos para o Tribunal do Trabalho (TRT), seu maior foco, e também para o Tribunal de Justiça (TJ) e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Nesse tempo ela também fez uma viagem, na qual gastou R$ 600 com passagens, adquiriu cinco livros, que somam cerca de R$ 400. E, de tanto ficar sentada, teve que entrar no pilates. Nos dois meses de uso gastou R$ 200. Já nos cursos específicos, Eliza investiu R$ 450.
Além disso, a advogada já comprou 12 cadernos, que somam mais de R$ 120, uma assinatura em um site de questões, por R$ 100, que assinou por seis meses, e investiu R$ 150 em um site de conteúdo, que ela assina há três meses. Outro investimento foi o iPad, no qual ela gastou, aproximadamente R$1 mil.
“Fiz Direito para fazer concurso. Queria fazer isso desde pequena para ter uma estabilidade financeira e uma qualidade de vida. Não suporto advogar. O salário para o TRT, por exemplo, é por volta de R$ 8 mil, o do INSS (nível superior) quase chega a R$ 10 mil”, exemplifica.
Tipos
O supervisor do Curso Ímpar Wendel Barreto ressalta que existem vários tipos de concurseiros. “Alguns são bancados pelos pais, já outros trabalham e se bancam sozinhos. Esses normalmente economizam mais. Quem é bancado por alguém, muitas vezes investe muito mais em material, cursos, etc. Os que gastam mais são, sem dúvida, os que pagam para cursos. Mas, claro, isso tem seus benefícios: contato, interação com os professores e colegas. As dúvidas são tiradas logo de cara”.
Para quem não tem condições, ele recomenda que a pessoa estude em casa e procure o máximo de material de qualidade possível. “Tem muita coisa na internet. Mesmo assim, um curso em casa não substitui um cursinho. Para essas pessoas, a dica é identificar as principais dificuldades e tentar juntar dinheiro para fazer um curso de matérias isoladas”, recomenda.
De acordo com Wendel, uma pessoa que estuda para o concurso de auditor fiscal, em um período de dois anos, chega a gastar R$ 6 mil. “Depende muito. Um pacote com curso presencial extensivo chega a custar de R$ 2.800 a R$ 4 mil”, explica. “Recomendo que as pessoas façam o máximo de provas que puderem. Criem uma rotina de estudos, pesquisem na internet, façam outros concursos de áreas parecidas e, mesmo que tenham passado em algum concurso, continuem estudando e fazendo outros”, acrescenta. Matéria original: Correio 24h Candidatos investem até R$ 3 mil para passar em concursos públicos
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