Entre os prejuízos que a Embasa tem causado no município de Salvador, a prefeitura destaca os buracos. Segundo ACM Neto, do ano passado para cá, foram pelo menos 200 buracos abertos em vias que já tinham sido recapeadas.
“Quando cheguei à prefeitura, havia em curso uma tentativa de entendimento entre município e Embasa para a renovação do contrato de concessão. O objeto principal desse entendimento era uma contrapartida no valor de R$ 60 milhões para o asfaltamento de vias”, contou.
“Quando cheguei, solicitei que fosse feito um estudo completo da situação da empresa, para retomar as negociações com o governo do estado. E esse estudo foi feito”, explicou, referindo-se aos números apresentados pela Fipe.
Ao longo desses 17 meses, no entanto, prefeitura e Embasa têm se estranhado por conta das vias danificadas pelas obras da empresa. E o secretário municipal de Infraestrutura, Habitação e Defesa Civil, Paulo Fontana, conhece os buracos, nominalmente. “Esse da Marques de Leão (Barra), eles abriram e deixaram nessas condições para que nós pavimentássemos”, disse, apontando para a foto do buraco no slide.
Buraco em Paripe é um dos apontados pela prefeitura como sendo de responsabilidade da Embasa |
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Outro, na Almirante Tamandaré, em Paripe, foi aberto há cerca de um mês após o recapeamento. “O metro quadrado de asfalto custa, no mínimo, R$ 50. Se a gente tem que fazer duas vezes, é gastar ‘dois dinheiros’ com o mesmo serviço”, explicou.
Para ele, até o deslizamento da Avenida Contorno ocorreu por conta de um vazamento em uma tubulação. Segundo o superintendente da Sucom, Sílvio Pinheiro, nos últimos cinco meses, a Embasa nem tem se dado ao trabalho de pedir autorização para quebrar as ruas.
“Muitas vezes eles começam a fazer as intervenções sem a licença, e depois, às vezes no dia seguinte, enviam um fax dizendo que era uma situação emergencial”, denuncia. A Embasa nega as acusações.
Disputa pela Embasa adquire viés político em ano de eleições | Por Jairo Costa Júnior
O prefeito ACM Neto (DEM) até que tentou descartar o viés político da disputa envolvendo a Embasa, mas ela tem como pano de fundo o acirramento de ânimos entre oposição e base governista em torno da sucessão estadual. O combustível eleitoral ficou evidente quando o democrata disse ter tornado público o confronto, como resposta à operação montada pelo Palácio de Ondina para impedir que a prefeitura retomasse o poder de fiscalizar a Embasa na capital.
A arma do governo foi o envio do projeto de lei à Assembleia que blinda a estatal de qualquer controle do Palácio Thomé de Souza. Devido à alta probabilidade de vitória da base aliada, ACM Neto subiu o tom. Disse que vai colocar na vitrine política o nome dos deputados que votarem a favor da proposta e tratá-los, publicamente, como “inimigos de Salvador”.
“É preciso que as pessoas saibam que esse projeto é prejudicial à nossa cidade. E caso ele seja aprovado, nós vamos ao Supremo Tribunal Federal. Não se trata de política, que fique claro”, afirmou. Contudo, o componente de disputa eleitoral já havia dominado os dois lados.
Antes do contra-ataque de Neto, o governador Jaques Wagner (PT) disse, em entrevista à Tudo FM, que a intenção do democrata é privatizar a Embasa. Discurso repetido à exaustão por integrantes da base aliada. “Excluir e privatizar são parte do DNA do DEM e PSDB”, postou o deputado Marcelino Galo (PT), em sua conta no Twitter.
Em nota, o deputado Bruno Reis (PMDB) rebateu os rivais na Assembleia. “A Embasa agiu para prejudicar a administração de ACM Neto e a cidade como um todo, realizou serviços de água e esgoto depois das obras de pavimentação, quando poderia ter feito antes”, destacou.
Neto afirmou que só agiu após esgotar as negociações com a Embasa e o governo petista, negou que a medida tenha qualquer interesse em retomar a concessão dos serviços de águas e esgoto na cidade e disse que as declarações de Wagner foram feitas para “desviar o foco”.Matéria original: Jornal Correio Cerca de 200 buracos foram abertos pela Embasa em vias recapeadas, diz prefeitura
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