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SALVADOR

Chefe de flanelinhas em Pituaçu é soldado da Polícia Militar

"Bezerra", policial há dez anos, vira alvo de apuração interna já iniciada. Saiba todos os detalhes sobre o esquema de estacionamento

• 29/11/2012 às 9:08 • Atualizada em 30/08/2022 às 10:42 - há XX semanas

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Soldado Marcelo Bezerra atua em Pituaçu com cassetete
O que era apenas suspeita já está provado. Pelo menos um dos dois homens flagrados pelo Correio* comandando um esquema de flanelinhas irregulares no entorno do estádio de Pituaçu faz parte dos quadros da Polícia Militar. A reportagem, publicada no dia 18 deste mês, mostrou que “Bezerra” e “Marcelo” se apresentam aos motoristas como policiais. Até quarta-feira, a PM insistia que não havia feito a identificação oficial. “Eles ainda não foram reconhecidos como policiais”, assegura, há dez dias, o assessor de comunicação da corporação, capitão Marcelo Pita. Mas, quem o setor de inteligência da PM ainda procura, o Correio* já encontrou. Trata-se do soldado Marcelo Bezerra, lotado no Comando de Policiamento Baía de Todos os Santos (BTS). O outro Marcelo não foi identificado. O flagrante, feito com uma microcâmera, mostra que Bezerra e Marcelo loteiam um quilômetro de pista e cobram R$ 10 dos motoristas. Juntos, eles dão ordens a um batalhão formado por dezenas de flanelinhas. Procurado pela reportagem, o comandante do BTS, coronel Sosthenes José Campos, confirmou que Marcelo Bezerra é um dos seus subordinados. O coronel disse, inclusive, que já abriu sindicância para apurar o caso. “Acabei de assinar a portaria para iniciar a investigação. Se for confirmada a participação de Bezerra, poderá ser aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD)”, afirmou Campos na terça-feira. “Não podemos dar qualquer parecer antes de concluir a sindicância”, completou o oficial. O prazo é de 30 dias. Licença - Marcelo Bezerra está na corporação há dez anos. Natural do Sítio do Conde, ele atua na guarda da administração do BTS, na rua Carlos Gomes, Centro. Segundo o coronel Campos, o soldado estava de licença médica no período em que foi flagrado e continua afastado. De licença, Bezerra não só atuava em Pituaçu em dias de jogo, como foi visto fazendo o mesmo na sexta-feira passada, na porta da casa de shows Bahia Café Hall, também na Paralela. “Até onde sei, ele sofreu um acidente de moto”, afirmou o coronel. O soldado não foi localizado pelo Correio*. “Ele não pode dar declarações”, avisou Campos. Para o coronel, Bezerra é um subordinado que não dá problemas. “Por aqui é tido como um bom policial”. O comandante do BTS garante que não há outros registros no batalhão ou na Corregedoria da PM contra o soldado. Entretanto, fontes ligadas ao Sindicato dos Guardadores de Veículos da Bahia (Sindiguarda) afirmam que Bezerra é conhecido por agir com truculência e, comandando flanelinhas, já chegou a brigar com colegas de corporação. Nas gravações feitas pelo Correio*, guardadores clandestinos padronizados alertam os motoristas para a necessidade do pagamento antecipado da taxa de R$ 10. “A gente trabalha com dois policiais que guarnecem a área. De cada carro que a gente bota só ganha R$ 3 e R$ 7 é deles”, entregou um dos flanelinhas. Passando-se por torcedor do Bahia, o repórter tenta um desconto na hora de estacionar. “Aí você tem que falar com o major ali, ó”. O ‘major’, como os flanelinhas chamam Bezerra, não só dá ordens no local como circula portando um cassetete e um radiotransmissor para se comunicar com os ‘seguranças’, os fiscais dos flanelinhas.
Para estacionar em área controlada, é preciso desembolsar R$ 10
Mas é o outro Marcelo quem entrega tudo. “O canal aqui é meu e de Bezerra. Eu sou polícia, irmão”, diz. As imagens foram registradas antes dos jogos Bahia x Palmeiras e Bahia x Grêmio, dias 17 e 27 de outubro. A área da dupla é uma via alternativa da avenida Paralela, da altura do estádio até depois da loja Ferreira Costa. Considerando que cada carro ocupe, em média, 5 metros, pode-se calcular cerca de 200 carros no trecho. Como param carros dos dois lados da via, a média é de 400 veículos por jogo. Há ainda pelo menos duas dezenas de carros na Avenida Paralela. O total estimado é de 420 veículos. Calculando-se R$ 10 por veículo, o esquema faturaria R$ 4,2 mil a cada jogo de bom público. O grupo comandado pelo soldado Bezerra e por Marcelo tem até tíquetes. O bilhete é da Associação dos Seguranças para Estacionamento em Geral (Aseg), organização que o Sindiguarda desconhece. “Nunca ouvi falar. Com certeza é clandestina”, afirma o presidente do sindicato, Melquisedeque de Souza. Procurada, a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública afirmou que não se pronunciaria sobre o assunto. Ministério Público do Estado vai acompanhar sindicânciaAtravés da assessoria de comunicação, o coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal (Caocrim) do Ministério Público Estadual (MP), Nivaldo Aquino, informou que já tomou ciência dos fatos e está mantendo contatos e acompanhando o trabalho da polícia na apuração. Ele informa que o MP deve adotar medidas não só relacionadas a praças esportivas, mas também a outros locais de grande afluência na cidade. O promotor optou por não dar entrevista, justificando que a apuração policial ainda está no início. Já Renato Araújo, superintendente da Transalvador, disse que os agentes do órgão só podem fiscalizar os estacionamentos regulares. “A polícia é quem pode apurar isso, não são os agentes. Eles têm que garantir é a fluidez e o ir e vir das pessoas ao estádio”, argumentou. Matéria original: Jornal Correio* Chefe de flanelinhas em Pituaçu é soldado da Polícia Militar

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