As alianças de casamento, os relógios e os celulares ficaram guardados no cofre do hotel. Dinheiro, só o essencial para o lanche. Carteira e bolsa, nem pensar. Os cuidados do casal de Florianópolis Fernando Sobrinho, 45 anos, e Carline Fuhr, 32, não são à toa. Hospedados em Itapuã, chegaram a Salvador na terça-feira e a primeira informação que tiveram foi a de que um turista morreu e outro ficou ferido em um assalto no bairro. “Vamos sair mais durante o dia, como era nosso objetivo. À noite, a gente vai ficar no hotel”, declarou Fernando, que é bancário. “O medo é necessário, nesse momento”, completou Carline, funcionária pública. No entanto, o casal fez ressalvas. “O que aconteceu não é um mal exclusivo de Salvador. É no país inteiro, devido à má distribuição de renda”, opinou Fernando. “É um problema de toda cidade grande, como Florianópolis”, completou Carline. Há 15 dias em Itapuã e hospedado na casa da namorada, o italiano Romeo Ri, 65, não se mostrou surpreso com o crime contra os espanhóis. Lembrou que, há quatro dias, viu um rapaz sendo perseguido a tiros por outro jovem, de dia, no bairro. “E, há um mês, um amigo italiano teve a arma apontada, depois de sacar R$ 3 mil numa agência daqui de Itapuã”, contou. Segundo ele, a imagem que os italianos têm de Salvador não é das melhores. “Com tudo isso, tenho amigos na Itália que deixaram de vir”, comentou. O português Carlos Saraiva, 57, também não alimenta boa impressão. “Viajo pelo mundo todo e aqui no Brasil a situação é caótica. Se mata por R$ 10, ou menos”, avaliou. Para evitar ser vítima de assalto no bairro, novamente, a turista potiguar Ana Rogéria de Oliveira, 34, que já foi roubada em Itapuã, em 2009 (teve uma corrente arrancada do pescoço), diz ter adotado precauções. “Aqui, só ando com pessoas conhecidas. Vou em locais com muita gente, pego táxi no lugar de ônibus e ando bem simples”, detalhou. Na Bahia para um congresso, Ana, que é técnica em Geologia, considera que os incidentes trazem prejuízos a toda a região. “Nordeste é turismo. O impacto é muito maior na economia”, avaliou.
Espanha: cidade natal de vítima se mobiliza em ato contra crime Cerca de 500 pessoas participaram, ontem, de um ato público de repúdio ao incidente envolvendo os espanhóis Hugo Calavia, vítima de latrocínio, e Alberto Aroz, baleado e internado no Hospital Português, em Salvador. O protesto ocorreu no horário do almoço, na praça principal de Ágreda, na província de Soria, na Espanha, terra natal das vítimas. Apenas três mil pessoas vivem no lugar, mas, segundo o site Soria Noticias, pessoas de localidades vizinhas se juntaram ao manifesto e houve grande presença de outros veículos de imprensa. O prefeito de Ágreda, Jesús Manuel Alonso, pediu a todos serenidade e conclamou a todos a consolar os familiares das vítimas.“Temos que ser fortes, condenar a voz das armas e transmitir às famílias o calor do seu povo”, disse, em pronunciamento. Ainda conforme o prefeito, a comunidade se encontra “com o coração partido pela falta de razão da violência”. Ao final do discurso, ele pediu um basta à violência e exigiu justiça.
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