Construído sobre uma área de 55 mil m2 entre os bairros Costa Azul, Pituba, Caminho das Árvores e Stiep, o Parque Costa Azul foi aos poucos deixando de ser opção de lazer para moradores e frequentadores da região. A situação é motivada por uma série de fatores, sendo o medo da violência o principal apontado por moradores da região e antigos frequentadores.
O mau cheiro, resultado da degradação do Rio Camarajipe, visivelmente tomado pelo esgoto e acúmulo de lixo, e a presença de pessoas em situação de rua e recicladores no local incrementam a lista de reclamações.
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Propriedade do Governo da Bahia, o Parque Costa Azul é administrado pela Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder).
Em 2022, a área dos antigos restaurantes foi cedida à Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), que prometeu construir no local um complexo integrado por unidades das polícias Civil e Militar. De acordo com o prazo inicial de oito meses, as obras deveriam ter sido finalizadas em outubro de 2022. Um ano após o fim do prazo inicial, a população do entorno segue convivendo com a sensação de insegurança.
Morador há mais de 40 anos do bairro do Costa Azul, o administrador Bruno Cardoso, 42 anos, acompanha de perto a transformação que o Parque Costa Azul enfrenta nos últimos anos.
“O parque era usado diuturnamente pelos moradores. Hoje não enxergamos uma pessoa utilizando esse equipamento para entretenimento, passeio com pets ou até filhos. O que a gente mais sente aqui é a falta de segurança”, relata Cardoso, que preside o Conselho Comunitário de Segurança, formado em 2019 como espaço de diálogo direto entre a comunidade e a SSP.
“A gente precisa que o órgão público responsável se atenha a essa situação. Tem essa obra, que tinha oito meses como proposta de conclusão, e está há uma ano e mais alguns meses sem ser concluída. A gente pede ao governo que intervenha para trazer segurança aos moradores do bairro e uso da ferramenta pública”, apela o administrador.
Os problemas também são relatados por outra moradora do bairro, a servidora pública Mariana Lima, 40 anos, que reside no entorno do Parque Costa Azul desde 2019.
“São muitos problemas. As pessoas evitam o anoitecer. Tem alguns vigilantes, mas há dificuldade de manutenção. Até tem parquinho e equipamentos, mas algumas partes são utilizadas por moradores de rua para suas necessidades fisiológicas, uso de drogas…. Tem o mau cheiro. Os catadores também criam animais. Todo mundo sabe da situação, mas ninguém faz nada. ”
Ao iBahia, a assessoria da SSP-BA informou que as obras seguem em andamento, e que 61% da previsão de intervenção já foi concluída. “As novas estruturas têm previsão de entrega para o primeiro semestre de 2024”, diz a pasta.
Procurada pela reportagem, a prefeitura de Salvador informou que está em curso um estudo com o objetivo de encontrar soluções para a condição do rio que margeia o parque Costa Azul. Sobre as pessoas em situação de rua que vivem no local, a Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer de Salvador (Sempre) não respondeu aos pedidos de posicionamento.
Conder não tem plano de requalificação do Parque Costa Azul
Procurada pela reportagem, a Conder informou que atua na manutenção física do parque, o que inclui jardinagem, pintura geral, pista de cooper, equipamentos de ginástica, brinquedos infantis, corrimão do anfiteatro e obras de arte. O órgão também é responsável pela liberação de uso do espaço para eventos.
Não existe, no entanto, nenhum plano de requalificação ou uso estratégico do espaço.
Inaugurado em 1995, o Parque Costa Azul substituiu as antigas ruínas do Clube Costa Azul. Como expresso no site oficial da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder), responsável pela administração e manutenção do equipamento, o parque nasceu equipado com dois playgrounds, campo de futebol, ciclovias, pistas de cooper e de patinação, anfiteatro e estacionamento com 150 vagas, além de abrigar importantes restaurantes da cidade. No apogeu, o local também foi palco de um vasto calendário de ações culturais, incluindo shows musicais.