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Lugar onde crime ocorreu, na Rua Calazans Neto. Assaltos são comuns no local, segundo moradores da área (Foto: Mauro Akin Nassor) |
Menos de 12 horas após desembarcar no aeroporto de Salvador, o turista espanhol Hugo Calavia Blanco, 36 anos, foi morto, com um tiro, no bairro de Itapuã. Ele fazia um tour pela América Latina e veio à capital baiana, onde chegou às 9h30 de segunda-feira, a convite do conterrâneo Alberto Aroz Calvo, 36. Infelizmente, sua passagem na cidade foi curta e marcada pela tragédia que tirou sua vida e feriu o seu amigo: Hugo foi baleado na cabeça durante um assalto na Rua Calazans Neto, pouco depois das 21h; Alberto foi atingido duas vezes, mas está fora de perigo. Engenheiros, os amigos tinham acabado de sair do restaurante Villa Bahiana, no Largo de Itapuã, e iam buscar o carro em um estacionamento público na rua detrás, quando foram surpreendidos por dois homens armados. Em circunstância ainda não esclarecida pela polícia, Hugo foi alvejado na cabeça próximo ao carro, junto com Alberto. Este foi atingido no tórax e no pé direito e, até o final da tarde de ontem, estava internado no Hospital Geral Menandro de Farias, em Lauro de Freitas, onde passou por cirurgia ainda na segunda. Ontem, foi transferido para o Hospital Português, onde segue internado. Ele estava consciente e conversava com os médicos.
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Duas unidades da Polícia Civil estão envolvidas para elucidar o crime: a 12ª Delegacia (Itapuã) e a Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur). De acordo com a assessoria da Polícia Civil, os autores seriam dois jovens negros, que aparentavam estar nervosos e fugiram do local levando o Eco Sport Ford preto, com placa de Belo Horizonte (PUI-5355). O veículo foi alugado da Localiza do Aeroporto e, até a noite de ontem, ainda não havia sido encontrado. Os crimes são apurados como latrocínio (roubo seguido de morte) e tentativa de homicídio.
Chaves Em depoimento à delegada Cristiane Inocêncio, da Deltur, Alberto disse que não entendeu por que os rapazes atiraram, pois entregou as chaves e supõe que a confusão tenha sido provocada pela diferença do idioma ou pelo fato de os jovens terem ficado nervosos. Ontem, a polícia esteve no local para buscar imagens de câmeras do entorno, a fim de tentar identificar os suspeitos. Pela manhã, ainda havia marcas de sangue no chão. Por telefone, a gerente do Villa Bahiana, Isis Santos, informou que ainda não era possível afirmar se os turistas estiveram no local antes do crime e negou que a área onde os carros estavam parados era de responsabilidade do bar. “O estacionamento onde o fato aconteceu é uma área pública”, explicou ela, que disse ter cedido o aparelho com as imagens da noite do crime ao delegado Antonio Carlos Magalhães Santos, da 12ª DT. Uma funcionária, no entanto, confirmou a presença dos turistas na casa. “Eles consumiram e foram embora”, disse, sem revelar o nome ou detalhes da presença dos dois. Até a noite de ontem, a família do turista morto ainda não tinha entrado em contato com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). A pasta, no entanto, sugeriu que buscássemos informações com o Consulado da Espanha, em Salvador, o qual disse não estar autorizado a falar sobre o assunto.
Investigação O delegado ACM Santos, que já ouviu funcionários do restaurante, acredita em duas possiblidades para o crime. “Eles não entenderam direito o que os caras estavam falando e, por isso, foram baleados ou, normalmente, o pessoal que vem de fora tem a reação de contestar a situação”, deduziu. Os disparos teriam sido feitos quando as vítimas se preparavam para entrar no carro. “Por conta da grande quantidade de marcas de sangue no chão, subentende-se que as vítimas estavam fora do carro”, comentou o delegado, que disse estar em busca do máximo de imagens de câmeras na região.
Amigos Ainda ontem pela manhã, a namorada de Alberto tentou visitá-lo no Hospital Menandro de Farias. No entanto, não foi possível por conta do horário de visitação. Salete Aguiar confirmou que Hugo veio à Bahia a convite de Alberto, com quem ela se relaciona há três meses. Hugo embarcou de São Paulo para Salvador às 7h25 de segunda-feira. Ele e Alberto são amigos de infância, de Zaragoza, na Espanha. Alberto mora em Salvador há sete meses, no Hotel Catussaba, e trabalha no Polo, em Camaçari, na empresa espanhola Gamesa, que atua no mercado de aerogeradores e teve uma unidade inaugurada no ano passado, na Bahia.
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Hugo Calavia Blanco foi morto em assalto.
(Foto:Reprodução) |
Apesar de a Polícia Civil informar que Hugo estava também hospedado no Catussaba, a gerente de operação do hotel, Marines Hanel, negou. “Hugo não era hóspede, apenas Alberto”. Ela disse não estar autorizada a dar mais detalhes sobre o assunto. Hugo tinha chegado à Bahia vindo do Equador, um dos lugares onde ele passou no tour pela América Latina. No dia 12 de março, ele postou no Facebook uma foto no Peru.
Repercussão O ataque aos espanhóis repercutiu não só no Brasil, mas também na Espanha. No site espanhol Soria Noticias (sorianoticias.com), da província de Soria, onde fica a cidade natal dos dois, Ágreda, a morte de Hugo foi o destaque entre as publicações de ontem. “O falecido tinha ido visitar seu amigo, que é empregado em uma fábrica da Gamesa. Na saída de um restaurante, depois de terem jantado, estavam se preparando para entrar no carro quando os assassinos dispararam e ele recebeu um tiro fatal na cabeça”, diz a reportagem. Ainda segundo o site, a vítima“gostava muito de natureza, servindo como guarda florestal comunitário de La Rioja (Espanha), e como passatempo gostava de viajar”. Ainda conforme a matéria, Hugo morava em Logroño, era solteiro e tinha três irmãos. O incidente em Salvador também foi destaque nos sites El Mundo, Antena 3, além da edição internacional do jornal El País, um dos mais importantes do país ibérico.
Protesto Nas redes sociais, o assunto também foi comentado. No Facebook, foi publicado um comunicado do prefeito da cidade de Ágreda, lamentando a morte de Hugo. “O prefeito de Ágreda, Jesus Manuel Alonso, lamentou hoje (ontem) a morte de Hugo Calavia Blanco, morto de madrugada na cidade brasileira de Salvador”. Segundo a publicação serão decretados “vários dias de luto”. Em uma notícia publicada no site da Europa Press, o prefeito afirmou que foi informado que “assaltantes menores de idade tentaram roubar o carro (dos turistas) e dispararam”. Por conta do crime, os moradores de Ágrega foram convocados para um ato público, silencioso, hoje, na praça principal da cidade. Colaborou Diogo Costa.
