Uma praça em Vila Laura virou motivo de uma quebra de braço entre os moradores e a igreja. Tudo começou quando o padre resolveu retirar os brinquedos e os bancos da praça da Manteiguinha, que fica envolta da igreja Matriz da Paróquia Jesus de Nazaré, e autorizar a derrubada de 13 árvores. Na manhã deste domingo (15), homens, mulheres e crianças fizeram uma manifestação pedindo que o espaço seja devolvido para a comunidade. Segundo os moradores, a celeuma começou depois do Natal. Com o propósito de construir um presépio para celebrar a data, padre Cícero mandou que os bancos que ficam na praça entorno da igreja, na Rua Dr. Mário Rego dos Santos, fossem colocados em um terreno baldio, no outro lado da via. A gangorra e o balanço que as crianças usavam também foram retirados.
Moradores durante concentração para o início da caminhada na manhã deste domingo |
“Depois que a festa passou, ele não permitiu que os brinquedos e os bancos voltassem para os lugares em que estavam antes e fez pior: colocou uns tapumes e pneus no meio da praça. As crianças não têm mais onde brincar e a gente não tem mais onde fazer atividade física”, contou a estudante de direito Renata Massa, que mora há 32 anos no bairro e foi uma das organizadoras do protesto. Vestidos de branco, com faixas e cartazes, os moradores saíram em caminhada pelas ruas do bairro. A rua da igreja foi enfeitada com bandeirolas e balões. Os vizinhos contaram que padre Cícero está à frente da igreja há cerca de seis meses e que tomou as decisões sem consultar a comunidade. Neste domingo, ele não celebrou a missa. Moradores contaram que a praça era usada também para prática de ginástica, caminhadas e como área educativa. “Tem uma escola aqui perto e a professora trazia os alunos para plantar árvores no Dia da Árvore ou fazer atividades relacionadas a natureza. O terreno era gramado e arrumadinho. Ele (padre) mandou derrubar 13 árvores e não quer mais atividade com as crianças por aqui”, contou o economiário Luiz Henrique Barreto.
Imagem da praça antes das intervenções realizadas pelo padre em Vila Laura |
JustificativaA assessoria da Arquidiocese informou em nota que o terreno onde a praça está pertence a igreja e que as ações do padre são para garantir a segurança na região. “Todas as providências necessárias estão sendo tomadas para a garantia da preservação e da segurança da Paróquia e da comunidade local”, diz a nota.
Moradores acusam padre de mandar cortar 13 árvores |
Quem mora no bairro discorda. “Antes a praça era aberta. Os tapumes que ele mandou colocar dificultou a visibilidade da polícia e facilitou a ação de usuários de drogas. Agora, eles estão vindo dormir aqui. Tenho duas netas de 5 e 1 ano que brincavam na praça e que perderam esse espaço”, afirmou o comerciante Hamilton Amorim, 59 anos.
Os moradores rebateram o argumento de que o terreno pertence a Arquidiocese. Segundo eles, o espaço onde a igreja e a praça foram construídas foi cedido por uma antiga moradora do bairro e foi com a ajuda da comunidade que a Paróquia de Jesus de Nazaré foi erguida. “A gente fez quermesse e outros eventos para levantar fundos. Um vizinho emprestou o trator dele, um outro, que é dono de construtora, doou o material. Todo mundo ajudou”, afirmou Massa.
Eles contatam que procuraram a Arquidiocese, mas não foram recebidos. O subprefeito de Vila Laura, Ian Mariani, disse que solicitou à Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) um parecer sobre a propriedade do terreno e aguarda o resultado na pesquisa. “A Arquidiocese diz que o terreno é da igreja e os moradores contam que o espaço foi doado. Estou aguardando o parecer. Vou procurar a Sucom também porque, independentemente do resultado do parecer, aquele é um espaço usado pelo público e existem obrigações a cumprir”, afirmou.
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Redação iBahia
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