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SALVADOR

Dono do Caranguejo do Porto diz que sua prisão foi ilegal

O empresário foi preso após a polícia encontrar os animais em um depósito com precárias condições de higiene na Boca do Rio

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18/11/2014 às 8:21 • Atualizada em 30/08/2022 às 7:11 - há XX semanas
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Da lama ao caos. A ideia da música do pernambucano Chico Science se materializou, no final de semana, com uma operação da Polícia Civil que identificou o percurso de caranguejos que abasteciam redes de restaurantes de Salvador: os animais eram trazidos do interior e levados para um depósito com precárias condições de higiene no bairro da Boca do Rio, orla da capital.
Caranguejo do Porto, na Barra, interditado pela Vigilância Sanitária (Foto: Almiro Lopes/ Correio)
Na sexta-feira, uma operação da Delegacia do Consumidor (Decon), em parceria com a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e a Vigilância Sanitária de Salvador (Visa), resultou na prisão do empresário Abson Silva Ché, 43 anos, que já foi conhecido como O Rei do Caranguejo. A investida terminou também com a autuação e interdição do galpão que funcionava nos números 10 e 12 da Rua Pituaçu, usado por Abson para armazenar os frutos do mar.
Polícia foi até casa depois de reclamação por conta do mau cheiro (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
“Se trata de um local inapropriado, insalubre e que funcionava sem licenças. Os animais ficavam em uma câmara frigorífica improvisada, com fiação exposta e sem aferição de temperatura, além de não haver indicação de sua origem”, destacou a delegada responsável pela operação, Idalina Moreira, da Decon. “Encontramos no local fezes, veículo abandonado, um cachorro e um papagaio e nos preocupa a possibilidade de transmissão de doenças por conta da presença de ratos”, completou a delegada. Denúncias A equipe de investigação chegou até o local após denúncias de vizinhos que relataram o mau cheiro, embora, de acordo com a delegada, essa não tenha sido a primeira vez que a Visa identifica irregularidades em comercializações realizadas por Abson. Ele próprio relata que o Ministério Público Estadual (MP-BA) já esteve em sua cola, por conta do que para ele é uma implicância de vizinhos que não querem atividades comerciais na rua. O local tem perfil mais residencial. O CORREIO esteve, ontem pela manhã, na Rua Pituaçu, mas ninguém quis comentar a situação. De acordo com o empresário, que já foi responsável pelo fornecimento de frutos do mar de grande parte dos principais restaurantes da cidade dessa especialidade, atualmente ele comercializa cerca de dois mil crustáceos por semana. Metade vai para feiras, como as de Itapuã e de São Joaquim, e mil são usados no preparo do cardápio dos restaurantes Caranguejo do Porto, na Barra, e de sua nova filial no Costa Azul (que até meses atrás era chamado de Meu Chapa). Abson lamentou o ocorrido e negou ser comerciante de caranguejos. “Eu tinha lá um depósito que era para mim e para o restaurante, que é de minha esposa, que é sócia (do Caranguejo do Porto)”, contou. Prisão A legislação brasileira considera crime “vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo”. Segundo a Decon, foram essas prerrogativas que sustentaram a prisão de Abson, que passou o final de semana na carceragem da Polinter, no Complexo dos Barris. O empresário foi preso em flagrante. Empresário diz que prisão é ilegal: ‘É o administrativo que tem que me questionar’ Em entrevista ao CORREIO, Abson Silva considerou sua prisão ilegal e diz que deveria ser apenas punido no âmbito administrativo. “A casa está abandonada. Eu fiz um depositozinho para botar caranguejo no fundo. Guardar caranguejo não tem milagre. Caranguejo já se diz, é um mangue, é vivo. O produto é meu, eu guardo onde quiser. É o administrativo (Adab e Visa) que tem que me questionar”, afirmou. Ele contou que precisou pagar mais de R$ 7 mil para ser solto, no domingo. As equipes da Vigilância, da Adab e da polícia tiveram acesso ao local através de um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça baiana. Lá, a delegada dalina Moreira contou que houve uma tentativa de um funcionário de despistar a existência do cômodo onde foi improvisado uma câmara refrigerada. “Havia um muro, onde ficava uma espécie de canil. Depois de acessarmos o galpão, que parecia abandonado, o funcionário disse que nada mais havia após esse muro alto, onde ficava o cachorro. Ordenarmos a abertura. Foi aí que tivemos a surpresa”, disse Idalina. Além de caranguejos, no local havia em menor quantidade polvos e outros mariscos. Parte da mercadoria que estava lá na sexta-feira sumiu, o que pode causar a prisão preventiva do empresário. Notas fiscais em nome da Abson Pescados, nome da empresa, expedidas este ano, foram achadas no galpão. “São notas emitidas para outros estabelecimentos de nome em Salvador. Vamos nos certificar da autenticidade antes de buscar os envolvidos, já que o proprietário diz que essas notas são de uma empresa dele que faliu. Vamos apurar se há indícios de sonegação fiscal”, detalhou. A Adab vai apurar ainda a responsabilização do empresário pela falta da licença específica para transitar com os animais. Segundo a delegada, parte da mercadoria encontrada nos galpões e nos estabelecimentos foi destruída ontem mesmo. Abson diz que deixou de fornecer o crustáceo para restaurantes Em 2010, ao CORREIO, Abson revelou que era o responsável pelo fornecimento de quase todo o mercado de caranguejo em Salvador. Na época,contou que vendia 50 mil caranguejos por semana e na cartela de clientes estava a Cabana da Cely, Cabanas do João, Caranguejo do Farol, Boteco do Caranguejo, Meu Chapa, Porto Brasil, o Caranga, Sentolas e o Caranguejo de Sergipe, além de barracas de praia. Hoje, Abson garante que não fornece mais para esses locais, desde que teve problemas com o depósito. O CORREIO tentou contato com a Cabana do João, mas não obteve êxito. As unidades do Cabana da Cely do Rio Vermelho, Pituaçu e Pituba informaram que só hoje, quando o restaurante funciona, os respectivos gerentes dariam os esclarecimentos. Já o gerente do Sentollas, Carlos Roberto Santos, informou que a há dois meses desde que assumiu, nenhum Abson fornece mariscos. Matéria Original Correio 24 Horas: Dono do Caranguejo do Porto diz que sua prisão foi ilegal e rebate: "o produto é meu, eu guardo onde quiser"

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