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Em entrevista, jornalista lança livro e fala sobre superação

Profissional criou o blog 'A Vida Sem Crachá', que originou, posteriormente, o site e livro homônimos

• 09/09/2015 às 13:41 • Atualizada em 01/09/2022 às 9:19 - há XX semanas

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Salvador Prime
Cláudia Giudice é jornalista há 30 anos e por boa parte da vida profissional teve ligada ao mundo coorporativo, trabalhando em uma grande editora. Após 23 anos em ação, a crise bateu à porta do mercado da comunicação e Cláudia entrou para as extensas listas de funcionários demitidos para corte de custos.
Como forma de superar a perda do emprego, a jornalista criou o blog 'A Vida Sem Crachá', que originou, posteriormente, o site e livro homônimos. A publicação foi lançada em dois momentos: o primeiro, em São Paulo, no dia 25 de Agosto, e, na Bahia, em 3 de Setembro.
Saiba mais sobre o trabalho da escritora e da transição de estilos de vida em tão pouco tempo.
Bahia Prime - Como era sua rotina de executiva? Como ela é agora, enquanto escritora e dona de pousada?
Cláudia Giudice: Eu tinha uma rotina movimentada. De segunda a sexta trabalhava das 9h30 até o horário que eu fosse dormir. Quando chegava a sexta-feira, no final do expediente, eu vinha à Bahia para cuidar da pousada [Cláudia é dona da pousada A Capela, em Arembepe, cidade ao norte do estado]. Viajava na sexta de madrugada e voltava na segunda de manhã. Eu tinha uma vida dupla, muito conectada com a questão corporativa, com as preocupações e obrigações de quem está trabalhando em uma empresa grande. Hoje, a minha rotina é parecida, mas também muito diferente. Continuo indo e vindo, trabalho em São Paulo até quinta-feira e de quinta a segunda, venho para cá. Enquanto eu estou em São Paulo, fico escrevendo, vendendo diárias para a minha pousada e administrando minhas coisas - faço freelas e mais alguns jobs. No final de semana, fico na pousada porque é quando mais movimenta. Lá, faço de tudo um pouco, até cafézinho. A mudança de crachá é constante! (risos)
BP - A demissão foi uma surpresa?
CG: Dessa vez eu não esperava, de verdade. Eu tinha alguns receios, mas eu esperava o corte mesmo em 2013, do qual acabei escapando. E aí foi um susto, mas acho que se eu estivesse esperando a sensação ia ser a mesma. Porque na verdade, a parte complicada em perder um emprego que você gosta é a dor dessa separação mesmo, esse luto.
BP - O trabalho, em algum momento, interferiu muito na sua vida pessoal?
CG: Hoje eu percebo, mais do que nunca, que eu sempre confundi pessoa física e pessoa jurídica. Eu trabalhava e vivia muto intensamente o meu trabalho. Meus amigos, com exceção dos da infância, a maior parte deles eu conheci trabalhando ou fazendo algo relativo ao trabalho, não construí na praia, não encontrei no bar, nem na piscina... Eu os conheci naquele ambiente e a relação extrapolou. O trabalho sempre foi muito presente na minha vida e acho que nessa fase sem crachá, ele continua. Eu ganho menos agora, claro, mas continuo trabalhando muito e isso é uma característica minha!
BP - Você acha que inverteu valores ao dar tanta importância à carreira?
CG: Eu diria que as coisas mais importantes da minha vida são meu filho, minha família e meus amigos. Só que o trabalho tá no meio disso tudo. Meu filho mesmo sempre viveu muito perto de mim, chamavam ele até de Jovem Aprendiz lá na editora (risos). Então eu acho difícil separar, as pessoas misturam mesmo, principalmente quando a gente gosta muito do que faz. Se você faz um trabalho que você odeia, você sai dalí e fala "Ok, agora posso fazer o que eu queria", mas quando você faz algo que você ama, isso tá tudo junto, misturado. É difícil dividir, né?
BP - Talvez isso tenha feito com que o 'rompimento' fosse mais doloroso do que o normal...
CG: Ah, não. Eu acho que se eu tivesse dado menos importância a trabalho, minha vida teria sido uma droga (risos)! Apesar de que eu acho que essa dor é similar à de um pé na bunda. Você se sente desprezada, não-querida. É uma dor de perda. E acho que mesmo quem não gosta do que faz, quando se é demitido, fica muito mal. E se eu não tivesse me dedicado tanto, eu não teria sido tão feliz. Valeu enquanto durou.
BP - Como foi o momento, afinal, que te veio a ideia do blog?
CG: Essa história é engraçada, costumo dizer que o blog nasceu de uma voz de anjo. Eu estava indo resolver vários problemas, burocracias do trabalho, pois tinha acabado de sair. Estava de bike na Faria Lima, passando por um trecho um pouco perigoso... Nessa hora, passaram alguns flashes pela minha cabeça, e me veio "Por que não um blog? A vida sem crachá, Cláudia Giúdice", isso muito do nada. Por isso digo que foi uma voz de anjo. Veio tudo pronto na minha cabeça e esse nome virou o do site, do livro, enfim. Virou uma marca minha.
BP - Escrever no blog e receber o feedback dos internautas foi importante?
CG: Total! A gente que é jornalista escreve pra ser lido. Foi muito bom receber elogios, pessoas dizendo que adoravam os textos. Então, obviamente, a escrita que me salvou e a escrita que me alimenta. Porque toda vez que eu publico um texto e as pessoas dizem que ajudou elas, eu gosto muito e cada vez escrevo mais. Jornalista é um bicho esquisito, que vive ou pra ser muito odiado ou pra ser muito amado. Foi bem importante, até pelas questões de auto estima.
BP - Ter uma pousada deixou mais fácil esse 'término'?
CG: Sim! A pousada era meu plano B, tinha feito um cálculo de me dedicar a ela só em 2020, que, pelos meus cálculos, era quando eu iria me aposentar. Nisso meu filho ia estar mais velho, na faculdade, e eu estaria bem mais tranquila. Mas tudo isso foi antecipado. No início, eu demorei para entender que essa ocupação era mais do que sufiicente. Como eu estava acostumada à vida de maratonista, eu achava que só administrar a pousada era pouco, que era um grande equívoco eu ficar 'só' com aquilo para fazer. Hoje ela é meu plano A, o que eu ganho na pousada é fundamental para minha sobrevivência, junto com outros freelas aqui e alí.
BP - O que mudou na sua vida? Como você está hoje?
CG: A minha vida, hoje, está mais leve. Inclusive já escrevi sobre isso. Quando eu perdi o emprego, no dia, apesar da dor e da sensação de tristeza, eu senti um grande alivio também. Porque na minha posição, eu respondia por muitos milhões, era uma responsabilidade altíssima, a indústria da comunicação estava no meio de uma crise e eu sabia que aquelas metas que eu tinha a cumprir eram praticamente impossíveis. E aquilo era um sofrimento! No dia que eu saí, eu senti sim um profundo alívio. Hoje, que eu acho que já está tudo encaminhado, sim, eu to muito feliz. Sinto saudades dos amigos, daquela vida, mas não é mais aquela saudade 'quero voltar', é só uma nostalgia. Hoje sinto falta só do salário, porque era bom e dava uma baita tranquilidade! (risos) Mas hoje mando no meu tempo, na minha agenda, posso decidir tudo o que eu vou fazer e isso é bacana. Então, a rigor, eu olho pro horizonte e não vejo mais nenhuma montanha que eu precise subir, sabe? Parece que já cheguei em um local de estabilidade para me manter ali.
BP - Qual mensagem você deixaria para jovens executivos, que planejam seguir essa carreira e podem passar pela mesma situação?
CG: A mensagem que eu procuro passar é: tenha um plano B em mente. Primeiro, pela questão de poder perder seu emprego, mas também porque hoje nós vivemos muito, nossa vida é muito longa. Sendo assim, você tem o direito de ter uma, duas, três encarnações no quesito profissional. Você pode começar como jornalista e acabar como dona de pousada, como foi o meu caso, e agora ainda estou estudando fotografia, quero ser fotógrafa. Então, eu acho que essa é uma grande novidade que temos hoje, é você poder se desdobrar em diferentes profissionais. E o outro ponto é que as carreiras são muito importantes, mas nesse processo pude perceber uma coisa, os amigos foram as melhores coisas que eu consegui durante todo esse tempo. Não foram os prêmios que eu ganhei, os bônus, ou as coisas que eu realizei, mas os amigos que eu fiz. Todos ficaram comigo, isso eu não perdi. Acho que essa é a parte mais bacana de toda trajetória.
BP - O que é possível esperar do seu livro, o 'Vida Sem Crachá'?
O livro é um livro de auto-ajuda, mas não é o 'classico', além de ser escrito em uma linguagem jornalistica, ele conta muitas histórias. Então, procuro miutrar dicas, conselhos e uma coisas meio didática, com histórias de vida, de pessoas, empreendedores, gente criativa, com mão na massa, que criou coisas, negócios, oportunidades para si mesmo. Eu acho que as pessoas podem esperar algo com utilidade, de fato.

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