O reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), João Carlos Salles, foi o convidado que abriu a temporada soteropolitana do festival Pint of Science, no bar Barravento, que acontece até esta quarta (17) em 22 cidades brasileiras e em outros dois espaços de Salvador (confira programação no final da matéria). Este ano, o evento que nasceu na Inglaterra, em 2013, será realizado em mais de 100 cidades de 11 países, sempre em locais que fogem ao tradicionalismo acadêmico.
Primeira vez em Salvador
O Pint of Science busca debater ciência sem a etiqueta da Academia. Este ano, graças ao professor e vice-diretor da Faculdade de Farmácia da Ufba, Denis Soares, o evento desembarcou pela primeira vez em Salvador. Para Soares, a grande sacada do festival é transportar o conhecimento desenvolvido nos centros de pesquisa até ambientes de que favoreçam a troca de ideias, e nada melhor do que uma mesa de bar para dar vazão ao debate.
"A população é carente do conhecimento científico e essa é uma oportunidade que temos de mostrar o trabalho do pesquisador, desmistificar essa figura que muitos imaginam apenas como sendo uma pessoa com cara de maluco que fica trancado dentro de um laboratório", disse ao CORREIO.
Eclética, a programação abraça temas de diversas áreas. "A pluralidade é outra característica do evento. Isso é bom para as pessoas entenderem que pesquisa científica não é apenas o trabalho que resulta em descoberta da cura de uma doença. Temos ciência nas artes, filosofia, comunicação, tecnologia", completou Soares.
Para o reitor João Salles, o conhecimento deve extravasar os muros da universidade e ocupar todos os espaços possíveis. "O ambiente lúdido pode favorecer uma troca de ideas até melhor do que acontece nas salas convencionais. Além disso, com este evento, Salvador se coloca em sintonia com ações de grande valor praticadas pelo mundo", disse ao CORREIO.
Entre uma mordida no petisco e um gole no copo de chopp, a plateia pôde viajar nas ideias trazidas por Salles a respeito da construção do conhecimento na sociedade. Com exemplos literalmente palpáveis, o palestrante esmiuçou o tratado do filósofo Ludwig Wittgenstein*, considerado um dos principais atores da virada linguística na filosofia do século XX.
"Poderia trazer um exemplo de Física Quântica para ilustrar o que estou dizendo, mas isso é assunto para amanhã", disse Salles, á antecipando o assunto da palestra de hoje, enquanto segurava duas garrafinhas de água.
Ao longo da apresentação, que em alguns momentos ganhou ares de stand-up acadêmico e arrancou risos da plateia, o público foi se multiplicando e o apresentador sendo observado com cada vez mais atenção, apesar do trânsito frenético dos garçons por entre as mesas.
Voluntária na organização do evento, a estudante e pesquisadora do curso de Farmácia Camila Bonfim, 22 anos, acredita que além da democratização do conhecimento, o festival abre as portas de diferentes áreas do saber para quem já está envolvido no mundo acadêmico. "Podemos ver outros campos e até mesmo levar esse conhecimento para as nossas pesquisas", afirmou.
Já a estudante do BI de Humanidades da Ufba, Bruna Freire, 19 anos, acredita que o clima de descontração proporcionado pelo ambiente é um atrativo para as pessoas pouco identificadas com a ciência e pode ajudar àqueles estudantes que estão em busca de um foco. "Nesses encontros vamos ter contato com diferentes áreas e de um jeito igualmente diferente".
*Ludwig Wittgenstein foi um dos principais nomes da virada linguística do século XX, fazendo contribuições sobre a lógica, filosofia da linguagem, filosofia da matemática e filosofia da mente. Sua filosofia foi dividida em dois períodos: Wittgenstein I, que corresponde ao “Tratado Lógico-Filosófico” no período anterior a 1929. E Wittgenstein II, período após 1930, que corresponde às “Investigações Filosóficas”. A segunda fase exerceu grande influência sobre a filosofia analítica em geral, e sobre as escolas de Cambridge e de Oxford.
Programação
Red Burger N Bar, Rua Alexandre Herculano, Pituba
16 de maio, 19h30 às 21h: Cervejas Artesanais e o Álcool: malvado favorito?
Debatedores: Celso Duarte C. Filho, engenheiro agrônomo; Rodrigo Moloni Leão, farmacêutico-bioquímico.
17 de maio, 19h30 às 21h: Jornalismo em redes digitais Debatedora: Suzana Oliveira Barbosa, professora adjunta da Facom/Ufba.
Caranguejo do Porto, Av. Oceânica, Barra
16 de maio, 19h30 às 21h: Política e democracia em meios e ambientes digitais
Debatedores: Othon Jambeiro, professor titular da Ufba; Wilson Gomes, professor titular da Ufba.
17 de maio, 19h30 às 21h: Pesquisa em artes: desafios e perspectivas
Debatedor: Paulo Costa Lima, compositor e educador (pleonasmo, de acordo com Ernst Widmer).
BarraVento, Av. Oceânica, Barra
16 de maio, 19h30 às 21h: Universo dos Quanta
Debatedor: Olival Freire Junior, professor titular da Ufba.
17 de maio, 19h30 às 21h: Epidemiologia dos virus
Debatedora: Maria da Glória Lima Cruz Teixeira, médica doutora em Saúde Pública/Área de Concentração em Epidemiologia no Instituto de Saúde Coletiva pela Ufba.
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Redação iBahia
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