O Coordenador do Observatório Interdisciplinar de Segurança Pública do Território (Observatório de Segurança Pública da Bahia), Professor e Doutor Carlos da Costa Gomes, participou na tarde desta quinta-feira (21) do programa CBN Salvador 2ª Edição e falou do caso Geovane Mascarenhas de Santana, 22, que desapareceu no último dia 2 após a abordagem de três policiais militares. De acordo com o coordenador, a situação é uma amostra de como a segurança pública do estado Bahia está sendo conduzida e afirma que o caso não foi uma abordagem e sim um sequestro. "Aquilo foi uma captura, um sequestro. Porque eles estavam usando uma viatura policial, estava fardados. Ou seja, aquele Geovane, que não me interessa se ele tenha ou não cometido algum caso na vida, ali, naquele momento, ele era um ser humano. Se ele fugisse, seria alvejado. Como ele parou, foi capturado. Esse situação foi um crime de estado. Porque ali é uma força pública do estado, devidamente uniformizada, vestida, fardada e identificada como polícia que cometeu o crime", afirmou.
Durante a entrevista, o coordenador lembrou o caso do estudante Joel da Conceição Castro, 10 anos, que morreu em 2010 atingido no rosto por uma bala perdida quando dormia em casa, no bairro de Nordeste de Amaralina. De acordo com o laudo do Departamento de Perícia Técnica (DPT), os disparos que atingiram o menino foram feitos por um dos soldados que há 14 anos integra a corporação. Carlos afirmou que naquela ocasião o que mais o chocou foi a ordem de não prestar socorro. "Eles (os policiais) me falaram o seguinte: Professor, nós não podemos socorrer,foi ordem.Quando entramos na favela não podemos socorrer ninguém. Eu acredito que quem deu essa ordem, vocês me desculpem, é um animal. Deixou de ser um ser humano. A polícia tem o dever de socorrer, não importa se é bandido ou não. É segurança pública. Eu quis relacionar isso por um agravante muito maior. O silêncio do Comandante da Polícia Militar, do delegado chefe da Polícia Civil e do Chefe da Secretaria de Segurança Pública, durante 13 dias seguidos", concluiu. Ainda de acordo com o professor, o fato dos policiais terem desligado o GPS da viatura induziu uma atitude no minímo duvidosa e já seria motivo para a expulsão dos acusados. "Eles já têm uma prova de que já poderiam ser desligados apenas pela abordagem. Um policial pode fazer aquilo? Dar um tapa na cara de alguém? Chutar alguém? Independente de ser bandido ou não? Aquilo ali já seria suficiente, é um comportamento completamente inadequado. Longe de mim pensar na possibilidade de alguém não ter o direito na defesa. Eles devem ser julgados com direito a ampla defesa. Mas as provas de uma penalidade maior do que essa já estão aí. Mas a fraqueza da gestão pública em tomar essa medida pode terminar incentivando aos companheiros dessas pessoas (policias) de que podem intimidar outras pessoas. A medida que foi tomada me parece um tanto fraca para um caso como esse", afirmou.Por fim,o professou lamentou que casos como esses ainda existam em Salvador. "Infelizmente, nós temos uma grande quantidade de mortes em confronto com a polícia. Isso não pode acontecer.A polícia não está autorizada a atirar ou matar alguém que passe por um bloqueio. Ele não pode bater em alguém que está prendendo. Nós temos que retomar a credibilidade em nossos policiais", finalizou.Representantes da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública (SSP), não foram encontrados para participar da entrevista na CBN. Entenda o caso
Desde o desaparecimento de Geovane, o pai vem atuando como um “P2”, que no jargão policial se refere a PMs que atuam, sem farda, em investigações. Na investigação por conta própria, foi Jurandy que conseguiu as imagens em que o filho é abordado por policiais militares. Foi a última vez em que Geovane foi visto.Os PMs envolvidos são das Rondas Especiais (Rondesp) Baía de Todos os Santos, localizada na 14ª Companhia Independente (Lobato), mas a corporação se nega a identificá-los.Em, nota, a PM diz que está preservando a identidade dos policiais por uma questão técnica do inquérito policial, “pois as provas colhidas até o presente momento são contraditórias e os indícios de culpabilidade só irão se apresentar com a conclusão do inquérito (Policial Militar)”.Há dois inquéritos abertos sobre o caso: um Inquérito Policial Militar (IPM), que corre na Corregedoria da PM e investiga a atuação dos policiais; e um inquérito civil, aberto no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o desaparecimento do rapaz. Na quarta-feira, a PM havia informado que o prazo para conclusão do IPM era de 30 dias.
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Geovane desapareceu no dia 2 de agosto após uma abordagem violenta de três policiais militares na Calçada |
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