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SALVADOR

Estudo aponta que metade de crimes na capital não é denunciada

52,3% dos moradores de salvador que sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses preferiram não comunicar o fato à polícia

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06/08/2012 às 9:17 • Atualizada em 03/09/2022 às 17:48 - há XX semanas
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Ao entrar em um ônibus cheio, a estudante de Direito Alexandra Barboza, 22 anos, foi obrigada a sentar na parte traseira. Atendeu um telefonema do namorado e guardou o celular. Nesse momento, sentiu que o rapaz ao seu lado encostou algo em seu corpo. “Ele mandou eu passar o celular, dizendo que estava armado”, conta. Antes de descer tranquilamente pela porta da frente, o assaltante ainda roubou outras pessoas no ônibus.
Esse celular de Alexandra é novo. O antigo foi roubado dentro de um ônibus, mas ela não prestou queixa
“Faltavam uns três pontos para eu descer. Não fui registrar boletim de ocorrência, porque não dá em nada”, afirmou a estudante, que sofreu o assalto há 20 dias. Ela não é a única vítima da criminalidade em Salvador que desiste de registrar a ocorrência. De acordo com pesquisa do Instituto Futura, parceiro do CORREIO, 52,3% dos moradores da cidade que disseram ter sofrido algum tipo de violência ou tiveram algum parente como vítima nos últimos 12 meses preferiram não comunicar o fato à polícia. “Acho que as pessoas preferem nem prestar queixa porque é a realidade. Quando eles são presos, acabam liberados”, diz Alexandra. Dos 398 entrevistados, 27,9% afirmam já ter sido vítimas da violência em Salvador ou ter parentes na mesma situação. De acordo com o levantamento, 48,6% das pessoas foram assaltadas, enquanto 43,2% sofreram algumas agressão física. A pesquisa mostra que 9% tinham um familiar que foi vítima de homicídio. Os dados mostram ainda que, entre os que registram as ocorrências na polícia, 57,1% têm formação em nível superior e 69,6% pertencem às classes A ou B. Entre os que admitem não procurar as delegacias, 71% são da classe C e 66,% só estudaram até o ensino fundamental. EstruturaSaindo dos números para as ruas, há também os casos em que a vítima até quer prestar queixa, mas esbarra na burocracia e na falta de policiais. A jornalista Mariele Pinto, 24, foi assaltada em frente à Faculdade de Medicina da Ufba, no Canela. “Ele mostrou uma faca e levou R$ 100. Comecei a chorar e um policial à paisana que passava na hora perguntou o que tinha acontecido. Ele prendeu o ladrão e fomos para a delegacia”, conta. Ela relata o que ocorreu. “Cheguei por volta das 10h30 e fui informada que a delegada tinha ido almoçar. Deu 12h40 e ela não tinha voltado. Eu desisti de dar queixa, porque o próprio pessoal da delegacia disse que não daria em nada”, lembra Mariele, afirmando que, se for roubada novamente, não vai procurar a polícia. As pessoas que mais procuraram a polícia para registrar a queixa moram na Região 5, que engloba bairros como Cabula, Pernambués, Saboeiro, Mata Escura e Tancredo Neves. Quem menos registrou ocorrências foram os moradores da Região 6 (Águas Claras, Cajazeiras, Fazenda Grande e bairros do Subúrbio Ferroviário). Questionados sobre fatores que contribuem muito para a violência, 95,5% dos entrevistados citaram as drogas, 86,4% lembraram da impunidade e 85,7% apontaram o desemprego. A pesquisa Futura também mostra que pessoas de diferentes classes sociais costumam ser vítimas de diferentes crimes. Enquanto 65,2% dos entrevistados das classes A e B dizem ter sofrido mais com assaltos, 49,1% dos integrantes das classes D e E afirmam que sofrem mais com agressões físicas. Nesse grupo, 36,8% das pessoas foram assaltadas nos últimos 12 meses. A pesquisa foi realizada em bairros de todas as regiões de Salvador, de 14 a 19 de junho. A margem de erro é de 4,9%, para mais ou para menos.
Delegada diz que omissão dificulta políciaPara a diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), delegada Heloísa Brito, o fato de as pessoas não registrarem ocorrência prejudica o trabalho da polícia. “É preocupante, porque deixamos de ter o registro da realidade. Se a vítima não registra a ocorrência, a polícia deixa de fazer o mapeamento para saber onde está acontecendo o crime, em qual horário, e deixa de passar informações para a PM, que é responsável pelo policiamento ostensivo”, destaca a delegada. “No âmbito da investigação, é importante para mapear as quadrilhas que agem naquele local”, complementa. O titular da 2ª Delegacia (Lapinha), delegado Antônio Fernando Simões, também acredita que a falta de registro dificulta a criação de estratégias. “Fica subnotificado e as ocorrências não são registradas”, enfatiza. “A sensação de impunidade do cidadão também influencia. O cara pratica um crime grave e, meses depois, é liberado”, diz. Sobre as queixas de atendimentos nas delegacias, a diretora do Depom garante que todas as unidades funcionam 24 horas e que os delegados se ausentam apenas em casos específicos. Heloísa Brito destaca ainda que 500 policiais civis já foram treinados para prestar atendimento com qualidade. Matéria original Correio 24h Estudo aponta que metade de crimes na capital não é denunciada

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