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Fãs criam mais de 600 comunidades na internet para homenagear Kelly Cyclone

Dentre mensagens de apoio, há críticas à conduta da jovem

• 20/07/2011 às 8:29 • Atualizada em 29/08/2022 às 15:10

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Como no mundo virtual a morte depende de um clique, os fãs de Kelly Cyclone darão ‘vida loka’ eterna à musa do crime. Desde seu assassinato, na madrugada de segunda-feira, admiradores já criaram mais de 600 comunidades no orkut com mais de 8,5 mil membros. No site Youtube, os 20 vídeos publicados desde a manhã de segunda somam 34 mil visualizações. No Twitter, seu perfil tem 1,4 mil seguidores. A polêmica Kelly Sales Silva, morta aos 23 anos, mesmo após o assassinato, desfruta entre os internautas baianos de prestígio saboreado por poucas celebridades, como a cantora Amy Winehouse. Se em 2008 a britânica virou heroina de um jogo na internet, em que precisa dar seringadas para fugir de uma clínica de reabilitação, Kelly se tornou personagem virtual em três vídeos publicados no Youtube em 18 de maio deste ano. Vídeos - Até as 19h30 de ontem, o material criado pelo internauta DidoCKone, 23 anos, e fã declarado da Kelly, foi visto por 48.334 pessoas. O CORREIO entrou em contato com o criador, mas ele não quis se identificar e apenas afirmou que quis homenagear a ídola e que não tem envolvimento com o crime. Um dos vídeos é o “Kelly Cyclone dançando a Bronkka - Cyclone - Second Life”. O autor reproduziu até as tatuagens da homenageada. No clipe, a personagem, vestida com minissaia, top e boné da marca Cyclone, aparece quebrando tudo, com closes especiais no rebolado, ao som da música que leva o nome da marca de roupa. No outro, “Kelly Cyclone Dançando Funk na Favela!!! V!d4 L0k4 (vida loka)”, a musa aparece com roupa da Cyclone rosa e preta e uma cópia do batidão prateado, com pingente redondo, que costumava usar sempre. A música é o funk Novinha, de Mc Martinho, e tem letra violenta: “Suja o meu nome perante a favela / Que eu te deixo esticada no chão/  Dou tiro na sua mão e quebro suas pernas/ Eu vou te levar pro micro-ondas, mas antes eu rasgo seu corpo na bala / Pra familia te reconhecer, só mesmo no exame da arcada dentária”. Na gíria do tráfico, micro-ondas é colocar alguém dentro de pneus e tocar fogo na pessoa.
No vídeo acima, Kelly esclarece que é patroa da Cyclone e não do tráfico
ManifestaçõesA maior parte das manifestações nas redes sociais era em homenagem a Kelly. Um dos fãs, que não se identificou escreveu em um dos perfis, no tópico “Kelly Cyclone essa vai fica pra sempre”: “Ela esta bem, afinal, ela esta com o Pai. Deus... Eu me tornei fã dela. Só q infelizmente um pouco tarde. Descanse em paz”. Na comunidade, entre as 16h e 17h, ganhou 59 novos membros, passando de 3.176 para 3.235.
Fãs criam mais de 600 comunidades, e vídeos no Youtube  foram vistos por 34 mil
Em um vídeo postado no dia de seu assassinato, pela internauta Biggarotinha, Kelly aparece seminua tomando banho com uma amiga. Revoltado, o internauta csilvabarbara7863 escreveu: “uma mulher sem o menor valor, e uma afronta as mulheres baianas da periferia, somos pobres porem com classe e valor que a mulher tem”.   Internet Antes mesmo de ficar famosa ao ser detida na festa do pó, em fevereiro do ano passado, na Boca do Rio, Kelly já era conhecida nas redes sociais. Além dos nove perfis no orkut e um no Facebook, ela criou em 20 de junho de 2011, um perfil em uma rede social pouco conhecida, a Spun - www.spun.com.br/@cyclone. O site de relacionamento tem apenas 2.453 perfis registrados. Na página de Kelly, cujo perfil registrou 219 acessos, ela exibe parte de suas 20 tatuagens.  A musa descreve que seu interesse é por homens e há 20 mensagens de teor sexual e homens aparecem nus e casais fazendo sexo. Mãe e irmã voltam ao ‘cantinho’ de Kelly (Anderson Sotero e Adriana Planzo)“O mundo não está ameaçado pelas pessoas, mas por aqueles que permitem a maldade”. A frase, escrita a caneta no guarda-roupa de Kelly Sales Silva, 23 anos, a Kelly Cyclone, dividia o espaço com outras que mostravam uma garota apaixonada e parecia prever o destino trágico da menina tímida que virou dançarina de pagode, namorou um traficante do Garcia e gostava de se exibir. “Tony, eu te amo de uma forma que não sei explicar”, foi um dos últimos registros feitos por Kelly, no guarda-roupa da casa de apenas dois vãos em que vivia sozinha há dois anos, em Vila de Abrantes, antes de ser assassinada a tiros e facadas, no domingo, no centro de Lauro de Freitas.
Tony foi, segundo a família, “o último amor da vida de Kelly”. Até a geladeira, colocada ao lado do fogão e do sofá da pequena sala, era espaço para Kelly rabiscar o que sentia. “Keu e Tony, se é amor que seja eterno”. Tony é o traficante Toni Rogério, que está preso em Lauro de Freitas. Entrar na casa em que a filha vivia e apelidava de “cantinho” foi para a mãe de Kelly, a comerciante Maria Aparecida Sales, 50 anos, como reviver toda a dor que sentiu quando soube que a filha foi assassinada. Na manhã de ontem, um dia após ter enterrado a filha, a mãe e a irmã de Kelly Doçura, como também era conhecida, foram até o local. Elas tinham sido informadas por uma vizinha  que moradores do local, após saberem do assassinato, planejavam arrombar a casa para roubar os pertences.“Dói muito retornar aqui. Não quero nem mais ficar aqui dentro. Sei que a morte é o caminho de todos nós, mas não assim. Antecipar desse jeito”, lamentou a mãe enquanto chorava, arrumando os ursos que a filha colecionava. Coleção  Além dos ursinhos Pooh, Bob Esponja, Pica-Pau e corações de pelúcia que colecionava, Kelly era também fã  da marca de roupas Cyclone. “Quando terminava a muvuca, ela sabia para onde iria. O cantinho dela que era importante”, diz a mãe.Ainda no quarto, pendurado na parede, um coração feito com cartolina pelo filho de 7 anos, escrito “Amo a mamãe” e uma bíblia aberta no Salmo 91 complementavam a decoração. Perto da cama de solteiro, um computador onde Kelly  postava fotos em redes sociais como o orkut.
Ao sair do quarto, a comerciante levou alguns eletrodomésticos e roupas. Mas foi as sandálias da filha que ela colocou na sacola. “Oh, a sandalinha da minha gostosa. Está suja, mas eu não vou lavar não, vou guardá-la assim mesmo para, nos momentos de saudades, sentir o cheiro do suor da minha menina”. Dos cinco filhos que teve num casamento de 30 anos com o comerciante Antonio Silva, 55, ela já perdeu três para a violência. “O coração não vai cicatrizar nunca. Ver minha filha na balada alegre e no mesmo dia aparecer morta. Ela me ligava o tempo todo só para dizer eu te amo”, lamentou.

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