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SALVADOR

Gil é homenageado em missa na Igreja do Rosário dos Pretos

Gil ainda cantou Se Eu Quiser Falar com Deus e deu o clima de introspecção e reverência à cerimônia lotada de fãs, turistas, autoridades e artistas

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Redação iBahia

03/03/2017 às 15:53 • Atualizada em 31/08/2022 às 23:59 - há XX semanas
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Por onde passou nesse Carnaval, Gilberto Gil esbanjou vitalidade e emoção. Foi assim no último ensaio de verão do Cortejo Afro e no desfile do bloco afro, que este ano o homenageou com o Cortegil - Um Canto de Afoxé para Gilberto Gil; na abertura da programação do Carnaval no Pelô, onde chegou a cantar ao lado de Caetano Veloso; na varanda do camarote Expresso 2222, de onde acenava com disposição para os fãs que tentavam chamar sua atenção do chão; ou de cima do trio, cantando ao lado da filha, Preta Gil, ou vestido com o branco paz dos Filhos de Gandhy.
Nesta sexta-feira (3), também de branco, como manda a tradição, o cantor emocionou e se deixou emocionar durante uma missa em agradecimento à sua saúde e vitalidade, realizada na Igreja do Rosário dos Pretos, no Pelourinho.
A ideia de realizar o que Gil chamou de uma "reunião", bem ao modo simples e sem pompas com que encara a vida, foi do produtor cultural Geraldo Badá. “Como todos torci e pedi muito pela recuperação de Gil no ano passado. E ele está aqui, recuperado, forte, participativo e recebendo essas homenagens mais do que merecidas", comentou Badá, que se disse muito feliz pelo fato de Gil e a família terem aceitado o convite e terem se feito presentes na ocasião.
Como não poderia deixar de ser, o ritual de fé ganhou tons festivos e começou ao som dos instrumentos de sopro do Filhos de Gandhy. Logo em seguida, foi a vez de o forrozeiro Targino Gondim cantar Senhor Jesus ao som da sanfona.
Foto: Mauro Akin Nassor/Correio
Celebrada pelo padre Lázaro Muniz, a missa que integrou a liturgia da Quaresma, lembrou o fato de cada ser humano ter a tarefa de construir um mundo melhor. "O jejum pregado pela Igreja Católica durante a Quaresma não é somente privação do alimento por um dia, mas é o desejo de que possamos, cada um de nós, fazer justiça e fazer um mundo melhor respeitando cada um dentro de sua dignidade", afirmou o padre, lembrando da missão cumprida a contento por Gilberto Gil.
O padre também ressaltou a importância da celebração da graça da vida, mesmo não sendo aniversário de Gil, que só completa 75 anos em junho. "Todos nós sentimos, acompanhamos seu momento de dor, vimos sua recuperação e comemoramos a graça de sua vida e saúde, dizendo a Deus muito obrigado por ter permitido chegar aqui e, com certeza, aos 75", continuou. Gil faz tratamento para insuficiência renal no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e desde fevereiro do ano passado tem sido internado com regularidade para a realização de procedimentos e exames.
Durante a cerimônia, Gil ainda cantou Se Eu Quiser Falar com Deus e deu o clima de introspecção e reverência à cerimônia lotada de fãs, turistas, autoridades, jornalistas e artistas - os últimos também cantaram diversas músicas do homenageado a exemplo de Andar com Fé, Estrela e Baião da Penha.
Foto: Mauro Akin Nassor/Correio
"Minhas palavras são de agradecimento a todos vocês: Badá, que promoveu a reunião, e a vocês, que aceitaram o convite, vieram e estão aqui. Prova dos laços que nos unem por toda Terra. Significa tudo que a fé nos deu, a fé, mas também a esperança e a caridade. Três palavras muito simples que podem nos dar a possibilidade de uma vida plena, de serviço, de sacrifício, de júbilo. [Pode nos dar] Tudo que está vinculado ao lado mais solar e lavar da vida humana. Vamos seguindo década por década, geração por geração, juntando nossos povos e aprendendo a usar nossos poderes de uma forma mais interessante. Agradeço a vocês!", agradeceu Gil antes de encerrar sua participação na cerimônia cantando ao lado de Armandinho o hino do Senhor do Bonfim.
Responsável por homenagear Gil através de um texto, o jornalista Valber Carvalho, da TV Bahia, ressaltou o caráter universal e local do artista, que sintetizou muitos sentidos espirituais. "É simbólico esta iniciativa belíssima estar acontecendo na igreja da Bahia onde os negros da Bahia plantaram sua semente de fé, ignorando dogmas que separaram todos aqueles que confiam em Deus", afirmou. "Gil representa a Bahia em todo o mundo, e nunca deixou de ser baiano. No palco do Festival de Montreaux, na Suíça, fez do palco a Praça Castro Alves", comentou, ao lembrar que de todas as viagens, ele voltou "ainda mais humilde, mais risonho, mais tranquilo, mais sábio".
Para o filho, Bem Gil, todas as homenagens ao pai são sinônimo de alegria. "Compartilho do sentimento de todos em relação a ele, ao bem querer dele. Tem o lado do afeto familiar e tem também esse desejo coletivo de que ele esteja presente, alegre, eu sinto as duas coisas. Qualquer demonstração de carinho é super emocionante", comentou.
Neste sábado (4), Gil se apresenta ao lado da Orquestra Sinfônica da Bahia na Concha Acústica, dentro do evento comemorativo dos 50 anos do TCA. Além dele, Baby do Brasil, Saulo, Filhos de Gandhy e Neojiba integram a programação. Os ingressos, que custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), já estão esgotados.

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