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Ginecologista é investigado por denúncia de assédio durante consulta

Pelo menos 3 mulheres já relataram situações com o profissional. Polícia e Cremeb investigam

Redação iBahia • 20/07/2023 às 19:19 - há XX semanas

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					Ginecologista é investigado por denúncia de assédio durante consulta
Foto: Reprodução/TV Bahia

Um ginecologista está sendo investigado por denúncia de assédio contra uma paciente durante atendimento em Salvador. Além desse caso, outras duas mulheres afirmam terem sido vítimas do profissional no passado, depois que a situação foi exibida na TV Bahia. O caso é apurado pela Polícia Civil e Conselho Regional de Medicina (Cremeb).

O médico foi identificado como Elziro Gonçalves de Oliveira, de 71 anos. Ele nega que tenha cometido o crime. O profissional atuava no centro médico da Caixa Assistência dos Empregados do Baneb (Casseb), porém foi afastado dos atendimento do plano durante apuração do caso.

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As vítimas do homem preferiram não divulgar as identidades. Uma delas teria sido assediada há cerca de um mês e procurou os órgãos responsáveis em seguida. Já as outras duas foram atendidas há mais de dez anos. No entanto, na época, elas não denunciaram o caso por medo.

O caso em apuração é de uma administradora de 43 anos queria marcar uma consulta com um urologista, mas não conseguiu, e acabou indo ver o ginecologista, sob orientação de uma recepcionista. Foi a primeira vez dela com o profissional.

Ela diz que já tinha um laudo que constatava a infecção e precisava que um profissional passasse um medicamento. Durante a consulta, o ginecologista sugeriu um preventivo. "Eu não consigo dormir direito. Eu acordo lembrando disso. Eu me pego lembrando disso, quando eu vou para o banho, eu lembro disso. A roupa que eu usei naquele dia joguei fora", desabafou.

Além de ter os mamilos apertados por muito tempo, a administradora denunciou ainda que o médico não usou luvas, máscaras e retirou o lençol que cobria as pernas durante o preventivo. O ginecologista também teria feito movimentos no clitóris da paciente.

"Você se masturba? Ele me perguntou dessa forma e eu me calei. Aí insistiu, perguntou que tipo de aparelho eu usava para me masturbar e ainda chegou a falar assim: 'É... Você está muito tensa, muito nervosa, precisa relaxar'", relatou.

Em seguida, o profissional ainda teria levantado, e começado uma massagem nos ombros da paciente e perguntado qual era o signo dela.

Outros casos

Uma outra mulher fez duas cirurgias de histerectomia e uma plástica vaginal com o médico, mas não teve problemas. Os abusos teriam começado durante as consultas de revisão. O homem teria dito para ela não se preocupar porque não tinha o que "esconder" após os procedimentos.

“Ele pediu que eu me despisse para poder fazer o curativo e disse que não era necessário usar o roupão. E eu disse para ele: ‘Mas por que não usar o roupão? Eu vou sair despida?”, relatou.

O ginecologista teria ainda feito exames que deixaram a vítima assustada. “Fez um toque anal, senti dor e perguntei o porquê de estar fazendo esse toque, desde quando a cirurgia foi histerectomia e abdômen. Ele disse que tinha que fazer o exame para que pudesse verificar se estava tudo normal".

Para a TV Bahia, a mulher relatou que saiu do consultório triste, envergonhada e com sentimento de que teve a privacidade invadida. Uma semana depois, voltou para outra revisão e o médico teria feito mais um pedido para que ela não usasse o roupão.

"Ele disse que era desnecessário. Mais uma vez, ele fez outro toque retal, mas quando ele fez novamente o toque retal eu questionei: ‘Doutor, de novo?’", relatou a mulher.

A vítima disse que o ginecologista justificou que estava verificando se "estava tudo normal". “Eu disse: ‘É, mas o senhor está me machucando e eu não estou gostando”.

Quando não voltou mais para as revisões, o médico teria entrado em contato com a mulher para saber o motivo e ela abriu o jogo. "E eu disse para ele: ‘Não volto para revisão porque o senhor não teve um comportamento correto comigo”.

Para completar, a ex-paciente afirmou ainda que conversou com o companheiro sobre a situação, e, para a surpresa dela, ele não acreditou no assédio. "Ele disse para mim que se aconteceu pela segunda vez é porque eu tinha dado liberdade pra isso”.

Uma outra vítima, que é corretora de imóveis e tem 41 anos, conta que o ginecologista a examinou sem luvas com a justificativa de que estava com uma "pequena alergia" ao material do item.

"O procedimento do toque nos seios foi bem mais delicado do que o normal. Mais no formato de carinho do que de toque, apalpar. Quando ele foi fazer o exame mesmo, fez perguntas como se eu fazia sexo anal, se me masturbava", afirmou.

A ex-paciente afirmou ainda que o médico alisou uma das pernas dela enquanto perguntava se ela estava tensa, e que, ao sair do consultório, registrou uma denúncia em uma urna, no Casseb, mas nunca recebeu resposta. A mulher disse que chegou a se identificar e colocar telefone para contato, mas não adiantou.

Ao assistir a reportagem na TV Bahia, na quarta-feira (19), ela reconheceu o médico, começou a chorar e procurou a emissora. "Quando falou o nome, comecei a chorar, me tremer. Doeu em mim e veio a sensação de que realmente aconteceu e passei por aquilo. Durante 10 anos isso me perturba", lembrou.

Posicionamento

Em conversa por telefone, o ginecologista de 71 anos, que tem 45 anos de exercício profissional e trabalha no local há 30 anos, negou o assédio.

O profissional disse que foi ouvido pela coordenadora da unidade, afastado e viajou para outro estado. Disse ainda que explicou que abaixaria o lençol para explicar o preventivo para a paciente e negou que não usou luvas no procedimento.

"Eu fiz a minha defesa. É... Não houve nada do que a paciente está alegando. Não estou entendendo o porquê. Nunca tive um queixa, nunca tive um problema", afirmou.

Em nota, a direção do Casseb confirmou que averigua o caso, convidou a denunciante para ser ouvida três vezes, mas teve os pedidos negados. Disse ainda que precisa ouvir a paciente para continuar com as investigações. A direção do plano afirmou também que desmarcou todas as consultas previstas para o ginecologista pelo prazo de 30 dias.

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