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SALVADOR

Governador diz que busca terrenos para construir casas de projeto

ACM Neto e governador Rui Costa, que visitaram, ontem, a região onde ocorreu um deslizamento de terra que provocou a morte de quatro pessoas

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13/05/2015 às 12:01 • Atualizada em 01/09/2022 às 21:28 - há XX semanas
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Do alto da encosta da Baixa do Fiscal, só se ouviu o grito da moradora. “Estamos contando com vocês!”, anunciou a mulher, numa mistura de esperança e de aviso. O recado – só mais um, entre tantos pedidos – era dirigido ao prefeito ACM Neto e ao governador Rui Costa, que visitaram, na terça-feira (12), a região onde ocorreu um deslizamento de terra que provocou a morte de quatro pessoas no domingo (10).

Juntos, os dois percorreram as ruas Major Cunha Matos, São Domingos de Gusmão e São José, além da própria via onde aconteceu o acidente, a Rua Coronel Pedro Ferrão. Enquanto faziam um apelo aos moradores para que deixassem os imóveis por segurança, os dois avaliaram os estragos feitos pela chuva, tranquilizaram a população e anunciaram investimentos e obras realizadas em parceria. “O nosso desejo é que os esforços da prefeitura e do governo possam se somar, para que a gente tenha condições de demandar recursos do governo federal, para ampliar o volume de contenção de encostas para a cidade”, explicou o prefeito ACM Neto. Segundo ele, a prefeitura já começou a identificar terrenos que podem ser desapropriados, tanto pelo município quanto pelo estado, para a construção de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida destinadas às vítimas da chuva. Ainda esta semana, os dois gestores devem se reunir com o ministro da Integração, Gilberto Occhi, para discutir o repasse dos recursos federais. “O objetivo é identificar terrenos próximos daqui, porque facilita a vida da família. Não é justo criar uma expectativa de prazo, mas ampliamos de seis meses para um ano o período do aluguel social. Nosso desejo é que, ao fim disso, a vida das famílias já esteja absolutamente resolvida”, disse Neto. Já o governador Rui Costa informou que o governo está colocando equipes para auxiliar os trabalhos da prefeitura e destacou que, para conseguir os terrenos, também é possível fazer permutas com a iniciativa privada. “Salvador é uma cidade que não tem muito espaço, então, vamos em busca de espaços vazios, a exemplo de garagens de ônibus, para encontrar essas áreas para o Minha Casa, Minha Vida”. Demolições Na tarde de terça-feira (12), cinco imóveis que corriam risco de desabar foram demolidos na Baixa do Fiscal e na Liberdade: três (um residencial, um comercial e outro misto) na Rua Coronel Pedro Ferrão e dois (ambos comerciais), na Rua Major Cunha Matos. Até sexta-feira, ainda deve ser concluído o levantamento do número de famílias que não poderão voltar para casa – e, consequentemente, quantas unidades do programa Minha Casa, Minha Vida a cidade poderá receber. Em toda a capital, 943 famílias já receberam o aluguel social, de R$ 300 (35 só na Baixa do Fiscal), enquanto 149 foram cadastradas para auxílio emergência (R$ 2.364). Outras 18 receberam auxílio-funeral. Além disso, Neto e Rui esperam conseguir a liberação de uma verba de pelo menos R$ 400 milhões do governo federal para reformar 200 encostas na cidade. Só na Baixa do Fiscal, o investimento deve ser de R$ 25 milhões. A maior parte das intervenções em encostas será na Avenida San Martin e nos bairros de São Caetano, Lobato, Liberdade e Pau da Lima. Enquanto as obras não começam, as encostas do local receberão lona, segundo o secretário municipal de Infraestrutura, Paulo Fontana. Esperança Para os moradores, a visita do prefeito e do governador foi o vislumbre de um recomeço – com um baita voto de confiança. Apesar de nem ter conversado com os dois diretamente, a doméstica Rosênia Alves, 47 anos, gostou do que viu. “Foi a primeira vez, desde que me conheço por gente, que veio alguma autoridade nesse bairro. Agora, tenho esperança”, dizia. Para Neto e Rui, além do peso da responsabilidade, a vistoria também levou a uma grande lista de afazeres, pedidos, demandas... Um deles foi da costureira Aldaci dos Santos, 42, que correu para alcançar o prefeito, enquanto a comitiva subia em direção ao alto da encosta. “Falei com ele (Neto) que a gente não podia esperar outra tragédia, que precisava tirar esses matos daqui, essas bananeiras da encosta”, contou. E a resposta? “Ah, ele garantiu que ia tirar, que vão botar um remédio para não crescer mais bananeiras ali e que vão limpar tudo”. Quando os dois entraram na casa de nº 50 da Rua Coronel Pedro Ferrão, onde a auxiliar de escritório Débora Oliveira, 32, mora com quatro parentes, alertaram que a família precisava sair. “Sentimos muita sinceridade. Nunca tinha falado com o prefeito, mas percebi que ele estava falando com firmeza. Vamos sair o quanto antes”. Já o mecânico Carlos Magno, 49, mostrou a Neto e a Rui o muro de alvenaria que cedeu com a chuva, no fundo de sua oficina. “Eles disseram que vão fazer a contenção, vamos só ver”. Na Rua São Domingos, onde o governador cresceu, uma conhecida o abraçou. “Ah, só pedi para eles olharem para a gente. Vi ele menino. Ele disse que eles vão fazer”, contou a costureira Maria Celeste Bispo, 79. Procuradoria vai entrar na Justiça para obrigar saída de moradores Apesar do risco e diante da morte de 19 pessoas em decorrência das chuvas que atingiram Salvador, ainda há quem se recuse a sair das áreas de risco. Por conta disso, a prefeitura decidiu entrar com uma ação para garantir a saída das famílias. Na terça-feira, a procuradora geral do município, Luciana Rodrigues Lopes, disse que aguardava somente a relação de imóveis feita pela Defesa Civil de Salvador (Codesal) para ingressar com a ação. “A gente está reunindo documentação, porque precisa do laudo da Codesal informando que a casa está condenada, quem são as pessoas possuidoras, além da demonstração de que foram notificadas e se recusaram a sair. Assim que chegar a documentação, a gente vai ajuizar a ação”, disse. Ela não soube precisar quantos imóveis serão alvo da ação, mas explicou que a prefeitura entrará com um pedido de liminar para obrigar que os imóveis em áreas de risco sejam desocupados. “Daí a gente tem que aguardar um pronunciamento do juiz. Nós vamos entrar com a ação o quanto antes, porque essas pessoas estão em local de risco e a gente teme que volte a chover”, afirmou. Procurada, a Codesal disse, por meio de assessoria, que ainda não tinha números precisos. Ontem, durante visita à Baixa do Fiscal, o prefeito ACM Neto não precisou quantos imóveis serão alvo de ação judicial, mas disse que “em cada uma das áreas existe uma dezena de famílias que estão resistindo”. Ele disse que o objetivo é garantir a segurança: “A gente primeiro trabalha no convencimento, conversando com a família, mostrando o apoio que a prefeitura pode dar, o suporte que ela vai ter ao longo desse período fora de casa. Depois, nos casos extremos, onde a família não aceita de maneira alguma, já autorizei a Procuradoria a ingressar com ações na Justiça”, disse. Por Clarissa Pacheco. Corpo de idoso cadeirante é sepultado; ele estava só em casaO corpo do idoso Delcik Barreto Venas, 64 anos, foi sepultado ontem, ao meio-dia, no Cemitério do Campo Santo. Antes do enterro, o agente de limpeza e pastor Itailson de Jesus Santos, amigo e vizinho da família, fez uma pequena celebração na capela do cemitério. Bastante emocionados, os filhos pediram que a imprensa não acompanhasse os últimos momentos. Delcik foi um dos quatro mortos no deslizamento de terra que aconteceu no último domingo, 10, na Baixa do Fiscal. Ele era cadeirante e começou a usar a cadeira de rodas depois de sofrer um derrame, segundo familiares. O idoso tinha oito filhos, mas morava com um deles, Messias de Jesus Venas, com a nora, Jaciene Carvalho, e com uma neta de 7 anos. No momento do deslizamento, Delcik estava sozinho em casa. O filho Messias contou que havia acabado de sair para comprar um presente para a mãe. Mas a nora do idoso, Jaciene, presenciou tudo. “Eu tinha acabado de sair de casa para ir no quintal onde tinha outra casa. O barranco atropelou a casa dele, que era na frente da rua. A gente nunca imaginou que ia chegar ali, mas a casa dele foi logo atingida”, disse Jaciene. O sepultamento do idoso, marcado para as 11h, acabou atrasando, já que a guia de sepultamento aguardava na fila do cartório para ser autenticada. Os familiares também esperavam pela chegada de outros parentes, amigos e vizinhos. Os familiares alugaram uma Kombi para chegar ao cemitério. Além de Delcik, morreram no deslizamento de domingo Sandra Silva Santana, 36, e o irmão dela, Sival Silva Santana, 33. O filho de Sandra, Lucas Silva Santana, 12, foi resgatado após oito horas, mas acabou morrendo na segunda-feira, no Hospital do Subúrbio.
Correio24horas

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