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SALVADOR

Homicídios e arrastões marcaram as 43 horas de greve da PM

A greve começou na noite da última terça-feira e só acabou no início da tarde de quinta. Levou momentos de terror e medo aos soteropolitanos

• 17/04/2014 às 17:55 • Atualizada em 02/09/2022 às 2:54 - há XX semanas

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A greve da Polícia Militar da Bahia foi deflagrada na noite da última terça-feira (15), durante assembleia que teve o intuito de discutir as propostas apresentadas pelo Governo da Bahia de reestruturação e modernização da Polícia Militar. A categoria, que reúne pelo menos 34 mil homens na ativa no estado, reivindicou melhoria salarial, mudanças na política remunerativa, plano de carreira, acesso único ao quadro de oficiais, um Código de Ética, aposentadoria com 25 anos de serviço para a Polícia Feminina, aumento do efetivo, bacharelado em Direito para os oficiais, além de elevação de toda a tropa para o nível superior entre 2014 e 2018.
A decisão foi tomada em assembleia realizada na terça-feira (15). Foto: Guto Guimarães/Assessoria de Imprensa do gabinete do vereador Prisco
Em entrevista ao iBahia, o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar do Estado da Bahia (APPM-BA), Agnaldo Pinto disse que a categoria não aceitou as propostas feitas pelo Governo e que a tropa entendeu que foi oferecido era insuficiente. Segundo Pinto, já havia um indicativo de greve. "E agora é pedir para o Governo negociar o mais rápido possível", concluiu.
Logo após a confirmação da greve dos policiais militares, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários da Bahia decidiu orientar os rodoviários a recolherem os ônibus da capital baiana, alegando falta de segurança e medo de vandalismos. Daniel Mota, diretor de comunicação do Sindicato, decidiu juntamente com a categoria, que os ônibus só iriam rodar pela cidade a partir das 5h até as 18h.Algumas faculdades também cancelaram suas atividades na noite de terça-feira, pouco antes do comunicado oficial da Polícia Militar. As faculdades 2 de Julho, Unifac, Ruy Barbosa, Área 1, Universidade Católica do Salvador (UCSAL), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Social da Bahia (Isba), e a Jorge Amado. Em nota, as faculdades alegaram suspender as aulas, devido ao sentimento generalizado de insegurança por parte da população soteropolitana.Logo após o anúncio da greve dos policiais militares, o prefeito ACM Neto convocou uma reunião com os secretários para definir um plano emergencial de funcionamento da Prefeitura durante a paralisação. "Vamos fazer todo esforço para que os serviços públicos continuem funcionando", disse o prefeito. "Esperamos que governo do estado e a Polícia Militar cheguem logo a um consenso e a um entendimento pelo bem da cidade e de todos", completou ACM Neto.A greve dos Policiais Militares também afetou os jogos da dupla Bahia e Vitória pelo campeonato. O jogo entre Vitória e J. Malucelli, que seria realizado às 19h30 desta quarta-feira (16), foi adiado por conta da greve. Já o jogo entre Bahia e Villa Nova-MG, agendado para acontecer às 21h desta quinta-feira (17), na Arena Fonte Nova, também foi adiado e acontecerá na próxima semana.Com o aumento do índice de vandalismo pela cidade, o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, informou que o Governo do Estado tomaria todas as providências para manter a segurança da população, com a solicitação da garantia da lei e da ordem e a convocação das tropas federais.
Maurício Barbosa, informou que o Governo do Estado tomaria todas as providências para manter a segurança da população. Foto: Carla Ornelas/GOVBA
Já no Wet'n Wild os policiais continuaram acampados no local para acompanhar o andamento da negociação. "Estamos preparando pautas para levar ao governo. Nosso interesse é terminar isso agora à noite", afirmou Prisco, em entrevista à TV Record.A greve também intimidou os agentes da Superintendência de Trânsito e Transportes de Salvador (Transalvador). Os números nas ruas foram reduzidas na manhã desta quarta-feira (16). Segundo informações da assessoria da autarquia, o atendimento à população está restrito por conta da greve da Polícia Militar, anunciada na noite desta terça-feira (16). Ainda de acordo com a Transalvador, o recolhimento de parte das equipes é para garantir a segurança dos agentes e dos veículos. Apenas acidentes envolvendo vítimas feridas ou fatais serão atendidas.Em meio ao conflito na cidade, os soteropolitanos levaram a situação de forma irônica. No Twitter, no Facebook, no Instagram e até no Whatsapp, usuários usam do bom humor para falar sobre a situação na cidade. Nem o Coelho da Páscoa ficou fora das gracinhas. Veja algumas das imagens que estão sendo compartilhadas nas redes.
Os internautas colocarem a criatividade em ação e criarem piadas sobre o assunto, que assusta parte da população desde a noite da terça-feira (15). Foto: Instagram
Durante a paralisação, a cidade perdeu o reforço da Guarda Municipal de Salvador, que resolveu paralisar as atividades por tempo indeterminado. Em entrevista ao iBahia, o coordenador geral do Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps), Bruno Carianha, revelou que por causa do clima de insegurança, os guardas estão recolhidos na sede da corporação, na Fazenda Grande do Retiro. Segundo ele, como a categoria não tem nada a reivindicar, não há greve, mas até que seja reestabelecida a ordem na capital baiana, os guardas municipais não irão se arriscar.Com o aumento dos índices de assaltos, homicídios e arrastões, a presidente Dilma Rousseff assinou um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) autorizando o emprego das Forças Armadas na segurança pública na Bahia. As operações de GLO conferem aos militares condições de patrulha, vistoria e prisão em flagrante.
Com a greve entrando no segundo dia, o desembargador plantonista do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-BA), Roberto Maynard Frank, concedeu liminarmente, na quarta-feira (16), um decreto que classifica como ilegal a greve da Polícia Militar da Bahia (PM-BA). Segundo nota enviada pelo MP à imprensa, uma ação cautelar foi ajuizada pelo procurador-geral de Justiça Márcio José Cordeiro Fahel contra o governador da Bahia, Jaques Wagner e seis associações representativas dos policiais militares em greve e determina que todo o efetivo da PM deve voltar às atividades de forma imediata.Durantes as primeiras 24 horas da greve, registros de assaltos, homicídios e arrastões foram registrados pelos Polícias Militares que estavam em serviços, e pelos Policiais Civis. Por volta das 11h50 desta quarta-feira (16). Oito homens foram presos enquanto praticavam um arrastão na altura do Jardim de Alah, na Orla de Salvador.
O acusado que possivelmente tentou fuga pelo mar, dispensou a arma branca utilizada para ameaçar as vítimas, que tiveram pertences recuperados, como celulares, relógios, dinheiro, correntes e documentos. Foto: Divulgação PM
Segundo a Polícia Militar, ao avistar a viatura, os homens correram e um deles se jogou ao mar, mas também foi detido. O acusado que possivelmente tentou fuga pelo mar dispensou a arma branca utilizada para ameaçar as vítimas, que tiveram pertences recuperados, como celulares, relógios, dinheiro, correntes e documentos.Houve registro de diversas lojas fechadas, shoppings fechando mais cedo e saques de estabelecimentos, como o que aconteceu com a Ricardo Eletro do bairro de São Caetano e na Cesta do Povo do Ogunjá. Em entrevista ao iBahia, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, falou sobre as consequências da greve da PM no comércio. "Os prejuizos são imensuráveis, porque no instante que falta segurança na cidade, o consumidor se retrai, não vai para as áreas comerciais", analisa Motta. Segundo ele, o maior prejuízo é a falta de segurança para os consumidores.
A loja Cesta do Povo, em Cajazeiras, foi saqueada e incendiada na madrigada desta quinta-feira (17)
"O comércio passa por um momento dificílimo, em que a falta de segurança nos traz grandes preocupações para manter as nossas atividades em funcionamento", afirmou o presidente do Sindilojas, acrescentando também a preocupação quanto à questão patrimonial (instalações, risco de arrastões e perda de mercadorias).Em coletiva na tarde de quarta-feira (16), o governador Jaques Wagner falou da falta de compromisso das associações da Polícia Militar. Segundo ele, um acordo foi assinado pela categoria e logo após eles decretaram a greve. "Associações da PM romperam com acordo feito com Governo, adotando uma posição unilateral. Introduzi uma mudança para os Praças de 7% na CET, eles assinaram concordando. Cinco minutos depois decretaram a greve. Não há negociação salarial dessa forma, fazendo assembleia e decretando greve de imediato", afirmou.
Wagner se reuniu nesta quarta-feira (16) na Governadoria, no CAB, para avaliar e tomar decisões sobre a greve da PM. Foto: Manu Dias/GOVBA
No interior da Bahia, a situação não foi diferente. Feira de Santana contabilizou mais de 16 homicídios durante greve, sendo que a média da cidade por dia, é de um homicídio. Em Brumado, a 537 km de Salvador, o comércio fechou mais cedo, incluindo as agências bancárias. Segundo o Major Arthur Mascarenhas Fernandes, comandante da 34ª CIPM, houve quatro assaltos no comércio, mas que foram casos isolados. "A marginalidade se sente encorajada, mas nosso efetivo está de serviço, fazendo policiamento e atendendo às ocorrências. A cidade está relativamente tranquila, sem arrastões e com ocorrências isoladas", explicou.
E depois de quarenta e três horas de insegurança na capital baiana e uma série de negociações entre os policiais militares grevistas e o governo do estado, a greve da Polícia Militar da Bahia chegou ao fim na tarde desta quinta-feira (17). Saques, assaltos, paralisações, prisões e até mortes assombraram Salvador da noite da última terça-feira (15) até o início da tarde desta quinta-feira, quando as duas partes chegaram a um acordo e o movimento chegou ao fim.
Partes chegam a acordo e greve da Polícia Militar chega ao fim. Foto: Lorena Dias/CBN
Uma assembleia no início da tarde desta quinta-feira (17) decretou o final do movimento. Lá no Wet'n Wild, líderes da greve explanaram para os oficiais as condições propostas pelo governo do estado. Durante sua fala, Marcos Prisco, coordenador-geral da Aspra, comemorou o fim das negociações e o saldo positivo: "Vamos fazer um churrasco em comemoração a nossa vitória". A maioria levantou as mãos, em sinal de que aprovava o fim da paralisação, gritando em coro "ô, ô, a PM voltou".

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