Internautas apoiam homem que atirou contra motorista de ônibus

O ônibus passa sobre uma poça d’água e termina sujando um carro, cena que deve acontecer centena de vezes por dia numa cidade como Salvador. Mas, ontem, o carona do carro molhado resolveu a situação com tiros. E muita gente apoia sua atitude. No site do CORREIO, até as 21h, a notícia sobre o caso teve quase 12 mil visualizações. Nos comentários da reportagem, um leitor identificado como ‘Bem Feito’ expôs sua visão sobre o assunto: “Deveria ter atirado na cara, eles acham que são os donos da rua porque é grande (sic)...”. Outro leitor, sob o apelido de Cabeça, concordou: “Parabéns, alguém para dar um final a esse motorista de ônibus de prenome Paulo”. Walter seguiu a mesma linha: “Acho é pouco! Infelizmente esses motoristas de ônibus merecem essas retaliações, pois, em sua grande maioria, são marginais armados atrás de um volante”.

No coletivo alvejado na Avenida Paralela havia quatro cápsulas de pistola 380. Atirador é procurado

Dos 17 comentários registrados no site até a noite da sexta-feira (31), apenas três desaprovavam a atitude do atirador e, no embalo, criticavam as pessoas que apoiaram a tentativa de assassinato. Um internauta identificado como ‘Ridículo Isso’, deixou sua opinião: “É por isso que o Brasil está essa miséria, por causa de pessoas como vocês que acham certo e apoiam a violência. Seja qual for o motivo, NINGUÉM tem o direito (se é que alguém mais sabe o que é isso) de tirar a vida de outra pessoa”. Entenda o casoNa manhã da sexta-feira (31), o rodoviário Walter Nascimento, 45 anos, motorista da empresa Costa Verde, foi baleado na perna e no braço dentro do veículo, após ter sido perseguido desde a região da Sete Portas por dois homens ainda não identificados, que estavam em um Gol prata. A perrseguição durou cerca de 10 quilômetros e só foi encerrada com seis tiros na Avenida Paralela, em um ponto de ônibus na entrada do Imbuí. De acordo com a delegada titular da 9ª Delegacia Territorial (9ª DT/Boca do Rio), Maria Fernanda Porfírio, ainda na Sete Portas, Walter passou sobre a tal poça, cuja água atingiu o Gol. Antes disso, diz a delegada, o condutor do carro “deu uma fechada” no ônibus, que fazia a linha Terminal da França – Portão. Ali começou a perseguição, encerrada por volta das 11h, quando Walter, ao parar no ponto, foi alvejado pelo homem que estava no carona do Gol. O rodoviário foi socorrido por uma equipe da 39ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) para o Hospital Geral Roberto Santos, onde foi ouvido no fim da tarde pela delegada. O irmão da vítima, José Nascimento, mostrou-se assustado com a banalidade do que motivou o crime. “Tem que ter amor no coração, chamar por Deus e parar com isso”, afirmou.

Ônibus da empresa Costa Verde fica com marcas de sangue do motorista, baleado no braço e na perna

De acordo com informações da unidade hospitalar, o motorista não precisou passar por procedimento cirúrgico, foi avaliado e já recebeu alta. No entanto, dos dois projéteis que o atingiram, um ainda está alojado no braço, porque a retirada poderia comprometer o movimento do membro. Investigação A delegada Fernanda Porfírio contou que, além de Walter, já prestaram depoimento o cobrador do ônibus, dois passageiros e a esposa do motorista baleado. Apesar do conflito inicial, os passageiros relataram à delegada que durante o trajeto, Walter não dirigiu a palavra ao condutor do Gol nem uma única vez. Quem estava próximo ao local onde os tiros foram disparados conta que o momento foi de pânico. “Foi um alvoroço, as pessoas que estavam dentro do ônibus queriam sair. Foi muito rápido. Eu só ouvi os tiros, não vi nem o carro. As pessoas que estavam no ponto começaram a correr, eu mesmo larguei tudo aqui ligado e saí correndo”, conta Raimundo Rodrigues, 46 anos, que vende caldo de cana perto do ponto de ônibus. Outras testemunhas contaram que os disparos chegaram a ser ouvidos longe do ponto, como na Faculdade Bahiana de Engenharia (FBE), alertando dois policiais que faziam ronda na região. Dentro do ônibus, foram encontradas quatro cápsulas de pistola 380. Desde o momento do crime até as 21h de ontem (31), o CORREIO tentou contato com membros do Sindicato dos Rodoviários, que não atenderam as ligações. Matéria original do CorreioInternautas dão apoio a atitude de homem que atirou contra motorista de ônibus no Imbuí