O prefeito João Henrique (PP) reuniu 24 vereadores de sua base para um café, na manhã de ontem. O evento, segundo a versão oficial, seria uma confraternização, já que o prefeito não teve tempo no fim do ano passado para se reunir com a bancada, como faz todos os anos. No salão fechado à imprensa no Hotel Fiesta, no Rio Vermelho, entretanto, o tom da conversa foi sério. Às vésperas da disputa eleitoral, falou de pé durante 40 minutos para a plateia de aliados sobre como resguardar-se de escândalos. “Todos somos inocentes até que se prove o contrário”, disse o prefeito, ao ponderar, entretanto, que a imagem dos políticos pode ser maculada com manchetes negativas, sem que a inocência na Justiça consiga reparar os danos na reputação. Para ilustrar, ele citou os casos do ex-deputado federal Colbert Martins (PMDB), que quando ocupou a Secretaria Nacional de Programas de Desenvolvimento do Ministério do Turismo, ficou por uma semana preso em decorrência da Operação Voucher, da Polícia Federal, que desarticulou um esquema de corrupção através de convênios ilegais. Mesmo sem condenação, Colbert segue sem cargos na política.
Outro exemplo citado por João foi o do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), preso em 2007 na Operação Navalha. Já inocentado pela Justiça, o petista até hoje vê o fato ser explorado pela oposição em sua cidade. O conselho vem em um momento em que 31 vereadores foram denunciados pelo Ministério Público à Justiça por improbidade administrativa e crime de descumprimento de ordem judicial, devido à provação na Lei de Uso e Ordenamento do Solo (Lous) de emendas da reforma do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). O prefeito levou consigo ao encontro os secretários da Educação, João Carlos Bacelar (PTN), da Saúde, Gilberto José (PDT), de Serviços Públicos, Oscimar Torres, e o superintendente da Sucom, Cláudio Silva. Essas pastas seriam as mais acionadas pelos vereadores, que reclamam nos bastidores da dificuldade de ter as solicitações atendidas. “O tom foi mais de desabafo, de mágoa com tudo que acontece, tudo que ele tenta fazer e não consegue”, salientou um dos participantes. O prefeito reclamou que benfeitorias de sua gestão ficaram no esquecimento, como o fim das longas filas nos postos de saúde. “Ele disse ter avisado aos secretários que são esses os vereadores que precisam renovar o mandato, porque ali estavam as pessoas que conhecem a história de tudo que ele fez e vão saber lembrar no futuro”, afirmou a fonte. Em outro momento, João ainda falou sobre o desgaste que vem sofrendo com campanhas “difamatórias” nas redes sociais na internet. Disse que sabe identificar as pessoas que promovem uma “rotina” de “situações negativas”, e pediu a ajuda dos vereadores. Contas Na reunião, falou também o líder governista Téo Senna (PTC). Pediu que seus colegas ajudassem o prefeito no ano que não será de facilidades, já que o acirramento da disputa eleitoral tende a diminuir ainda mais a bancada, que já sofreu uma grande baixa com a postura do PMDB em votar contra a Lous. Entre os projetos que a bancada da situação deverá encontrar dificuldades para aprovar está o parecer prévio das contas da prefeitura no exercício de 2010, que já foi enviado pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) à Câmara com a recomendação de reprovação. O TCM verificou que a prefeitura não cumpriu com o piso de investimentos em saúde (15%) e educação (25%). Para reverter o parecer do TCM é necessária a maioria qualificada –28 votos dos 41 vereadores. Senna reconheceu as dificuldades da votação das contas em ano eleitoral. “Desde que eu assumi, em fevereiro do ano passado, que já há um desgaste na base, mas estamos conseguindo votar os projetos”, frisou. Vereadores querem mais transparênciaA reportagem publicada pelo CORREIO na edição de ontem, com a lista de presença dos vereadores em plenário nas 61 sessões realizadas em 2011, surpreendeu os próprios membros da Câmara. “Nenhum parlamentar sabe dizer quantas faltas tem, porque não existe este controle”, reconhece a vereadora Tia Eron (PRB), a mais faltosa conforme consta nas atas. Ela dizque boa parte dessas faltas foi justificada com atestados médicos. “Em todas as sessões em que foram votados projetos importantes eu estava”, ponderou. Tia Eron defendeu que a Câmara melhore seu portal de transparência. “Há uma caixa preta. Se houvesse acesso à informação, não haveria tanta repercussão negativa”, atestou. O vereador Téo Senna usa a Assembleia Legislativa como parâmetro. “Deveríamos fazer como acontece lá, inclusive instituindo o prêmio de destaque parlamentar”. Orlando Palhinha (PSB) prepara um pedido formal à Mesa Diretora por mais transparência. Já Aladilce Souza (PCdoB) ressaltou que as sessões especiais que realizou para comemorar o dia de profissionais como médico e o do radialista foram oportunidades de discutir problemas das categorias.
João Henrique saiu do encontro fechado sem querer falar com a imprensa |
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