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SALVADOR

Jovem rico trocou boa vida pelo crime e acabou preso

José Rafael Bahia Forte, 20 anos, cresceu no condomínio de luxo Encontro das Águas e estudou nos melhores colégios. Quadrilha roubava casas avaliadas em até R$ 10 milhões

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26/07/2012 às 10:29 • Atualizada em 27/08/2022 às 22:18 - há XX semanas
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Ele gosta da noite, de boates e de festas caras. Encontrava os amigos para ostentar a boa vida patrocinada pelos pais. Porém, apesar de ter o mundo nas mãos, o jovem José Rafael Bahia Forte, 20 anos, queria viver uma aventura.O rapaz cresceu no condomínio de luxo Encontro das Águas, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, e estudou nos melhores colégios, mas trocou a estrutura familiar pelo mundo do crime. E para bancar seus luxos, facilitava o acesso de seus companheiros de aventuras ao condomínio residencial, onde eles assaltavam residências, inclusive, segundo a polícia, com a tortura psicólogica de moradores.
Nesta quarta (25) de manhã, José Rafael e os comparsas, os universitários Igor Lobo, 20, e Marcos Felipe de Jesus, o Lacerda, 20, e o auxiliar de entregas Rafael Brandão dos Santos, o Rafaelzinho, foram apresentados pela Polícia Civil, acusados da autoria de ao menos sete assaltos no condomínio, desde outubro de 2011. Segundo o delegado Cláudio Meirelles, titular da 34ª Delegacia (Portão), o grupo liderado por José Rafael também tem envolvimento em roubo de carros. “Os veículos eram usados para entrar no condomínio. José Rafael conhece a estrutura e as falhas do condomínio. Ele levantava as informações e articulava com os comparsas quando encontrava uma oportunidade”, salientou. O quarteto, preso durante a Operação Encontro das Águas, chegava a gastar R$ 15 mil em apenas uma noite de balada, segundo o delegado. “Ele (José Rafael) diz que roubava para ostentar as farras, embora não tenha a necessidade financeira de cometer delitos”, disse o delegado. AventuraCom olhar firme e aparência tranquila, José Rafael admitiu ter praticado assaltos no condomínio, mas faz questão de corrigir o valor gasto em festas em apenas uma noite. “Sabe como é: mente vazia é oficina do cão. Fiz tudo por aventura, mas nunca gastei R$ 15 mil em uma noite. Não chega a tudo isso. No máximo, R$ 5 mil”, contou ao CORREIO, na delegacia. Ele e Igor foram presos na Ribeira, Cidade Baixa, na terça-feira. Já Lacerda e Rafaelzinho, em Itapuã, no mesmo dia. “Estava morando com minha tia, na Boa Viagem, e fazendo curso preparatório para o concurso que rolar”, alegou José Rafael. De sete assaltos atribuídos à quadrilha pela polícia, eles afirmaram ter praticado, no máximo, dois. “Eu mesmo só participei de um, mas nem levei nada”, defendeu-se Igor, que estuda Administração. Os objetos de desejo, segundo eles, eram sempre as bebidas. “Tudo que era Label (uísque), a gente botou pra dentro. Era pra fazer festinha, tudo para as menininhas”, emendou Lacerda, que cursa Direito.
InvestigaçãoSegundo o delegado Meirelles, além de bebidas caras, com eles foram apreendidos quadros, relógios, bolsas e roupas de marca, perfumes, joias, televisores LCD, aparelho de DVD, som de carro, iPad e dois distintivos da Marinha do Brasil. “Não temos como avaliar o valor de todos objetos, mas só os uísques somam R$ 10 mil”, atribuiu o titular da 34ª DT. Apesar de nenhuma arma ter sido apreendida, a polícia afirma quer nos assaltos eles usavam revólveres calibre 38 e um pistola Glock, de uso restrito das Forças Armadas. Porém, o delegado disse não saber onde as armas estão. “Essas ações vêm acontecendo há algum tempo e a polícia tem empregado medidas para identificar os envolvidos”, comentou o delegado- geral, Hélio Jorge. O Departamento de Polícia Metropolitana (Depom) também integra as investigações. A delegada adjunta, Danielle Monteiro, lembrou que eles preferiam agir às sextas-feiras. “A quadrilha aguardava a troca de turno dos seguranças do condomínio no final da tarde e início da noite, principalmente às sextas. Os veículos também eram roubados em dias anteriores quando chegavam em boates. Além das falhas na segurança, eles tinham acesso pelos rios”, disse. Os rios são o Joanes e o Ipitanga, que se encontram nos arredores do condomínio. A polícia busca, ainda, identificar quem são os receptadores dos objetos roubados. Nenhum dos jovens tinha passagem pela polícia, mas eles tiveram a prisão temporária decretada e estão detidos na carceragem da 34ª DT. “Vamos solicitar a prisão preventiva dos acusados”, ressaltou Cláudio Meirelles. ConfiançaEles, porém, acham que vão ficar pouco tempo no xadrez. “O alvará (de soltura) uma hora vai cantar. Depois, quero ir embora pra outro estado começar uma vida nova. Minha namorada está grávida”, revelou José Rafael, confiante. “A gente fez coisa errada, mas cada um tava tentando se resolver. Não me pegaram com nada”, insistiu Igor. Rafaelzinho também afirmou que quer deixar a vida do crime. “A gente tá se redimindo, levando vida normal. Tenho minha filhinha para criar”, afirmou. Já Lacerda manifestou preocupação com a profissão de advogado. “Essa prisão ferrou com minha carreira”, desabafou. Eles relembraram como foi a primeira noite no xadrez. “Horrível! A gente dormiu em cima do jornal, numa salinha, um fedor danado”, descreveu Lacerda. Sobre as famílias de cada um deles, José Rafael lamentou a decepção. “Eles estão arrasados, com certeza. Agora é sair daqui e nossos pais darem dinheiro pra gente ir embora”, concluiu. Falta de ideias leva a crimeo CORREIO entrou no Encontro das Águas e lá permaneceu por 45 minutos. Na portaria, é preciso que os visitantes apresentem documento de identificação. Em caso de acesso de carro, os dados do veículo também são anotados por vigilantes. No condomínio, as mansões custam entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões. A área mínima para cada proprietário é de 4 mil m². São 516 lotes e 400 residências. Os seguranças atuam a pé, em motos ou carros. Segundo um empresário que teve a casa invadida por dois bandidos e mudou-se de lá para Salvador, o condomínio apresenta diversas falhas na segurança. “Há vários pontos vulneráveis, desde a entrada pela portaria ao acesso pelos rios. Em certos trechos não há muros”, ressaltou. Ele estima que, na ação de criminosos, teve um prejuízo de R$ 400 mil, em fevereiro do ano passado. Segundo ele, a dupla abordou sua filha perto de um restaurante na orla da capital e entrou com ela no condomínio. “A segurança não percebeu e eles levaram tudo o que podiam. O primeiro objeto que pegaram foi uma TV LCD de 50 polegadas. Em seguida, desligaram os alarmes. Já sabiam o que fazer”, comentou o empresário. Ele foi à sede da Polícia Civil, na Piedade, com a esperança de reconhecer integrantes da quadrilha como os que assaltaram sua casa. “Não é nenhum deles. Lembro bem da fisionomia porque agiram de cara limpa. Levaram de tênis a joias caras e antigas”, lamentou. Além de roubar objetos, os criminosos obrigaram a filha do empresário, ele e a mulher a levá-los no carro para fora do condomínio. “Depois, nos largaram no Caji, em Portão, e levaram um dos nossos carros”, contou. No final do ano passado, um executivo dos Estados Unidos alugou uma casa no condomínio para passar férias com a mulher, mas só ficou por um dia. Bandidos invadiram e saquearam o imóvel. Um morador afirmou na época que o condomínio programava investir R$ 1 milhão em segurança, entre câmeras e contratação de vigilantes. Ele, porém, não soube dizer se isso foi realizado. A síndica, Carla Borges, foi procurada para comentar o assunto, mas segundo moradores está viajando e não pôde atender as ligações. Outra moradora comentou que a segurança melhorou, principalmente na entrada. “Agora temos a atuação externa dos vigilantes”. Matéria original Correio 24h Quadrilha de mauricinhos roubava casas avaliadas entre R$ 1 mi e R$ 10 milhões

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